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Varejo aumenta estoques de carne

Comércio aposta na venda de carnes especiais no final do ano para reverter queda nas vendas.

Da Redação 01/12/2003 – 04h35 – A venda de carnes especiais neste final de ano poderá salvar o faturamento da cadeia da carne, após um ano inteiro de queda nas vendas de alimentos. A expectativa do comércio varejista é que o consumidor vai se permitir uma mesa mais farta, durante as festas natalinas, já que continua sem renda para investir em projetos maiores como viagens, compras de veículos ou reformas de casas.

De acordo com o consultor em varejo, Moacir Moura, os supermercados elevaram as compras de carnes especiais em 10% a 12% em relação ao ano passado. As compras foram fechadas entre agosto e setembro e as lojas já estão em fase de preparação para atrair e disputar o consumidor, disse o consultor.

Normalmente, em ano de queda nas vendas de alimentos como foi 2003, o consumidor costuma investir pelo menos numa boa ceia de Natal e Ano Novo, até porque quem não viaja costuma comer mais em casa, lembrou Moura. Segundo ele, os supermercados estão interpretando o comportamento do consumidor dessa forma e vêm se preparando para isso. Eles apostam que as vendas de alimentos em dezembro serão 50% maiores em relação ao faturamento de novembro. E o setor de açougue costuma representar entre 12% a 15% desse faturamento, afirmou.

Estoque de suínos – O reflexo da expectativa dos supermercados ficou evidente no aumento da compra de suínos entre agosto e setembro, meses em que fecharam as compras de produtos natalinos. “Assim como as carnes de aves especiais (peru e chester) são as grandes vedetes de vendas no Natal, a carne suína é a grande vedete de vendas no Reveillon”, observou Moura.

O vice-presidente da Associação Paranaense de Suinocultores, Romeu Carlos Royer, confirma a ocorrência de uma bolha de consumo junto ao produtor nesses meses. Segundo ele, entre setembro e outubro o preço do suíno chegou a subir 35% no mercado livre, passando de uma média de R$ 1,90 o quilo do suíno vivo para cerca de R$ 2,50 o quilo. No sistema de integração, o quilo do suíno pago ao produtor foi reajustado para cerca de R$ 2,05 o quilo.

Mas ele lamenta que a elevação nos preços foi interrompida e atualmente a situação é de queda nos preços. “Os produtores ficaram tão animados com a reação nos preços dos suínos, que tinham a perspectiva que ela iria se manter até o final do ano”, afirmou. Mas o que vem ocorrendo desde o início do mês revela justamente o contrário.

Os preços do suíno entraram em queda livre novamente e todo o ganho dos últimos dois meses já foi perdido, lamentou Royer. O produtor atribui essa reversão dos preços à especulação de mercado. Ele disse que não entende como os preços vinham reagindo bem desde agosto, porque o mercado alegava falta de oferta e de um mês para o outro, como está ocorrendo em novembro, começa ter excesso de oferta. “Os produtores não tiveram tempo para aumentar seus plantéis em tão pouco tempo”, afirmou.

Ocorre que as indústrias que compraram suínos para abastecer os pedidos dos supermercados fizeram seus estoques entre agosto e setembro, justamente o período que ocorreu a reação nos preços dos produtos, justificou o analista econômico do Sindicato da Indústria da Carne do Paraná, Gustavo Fanaya. Segundo ele, as indústrias já estão estocadas para o final do ano e dificilmente vão voltar ao mercado para comprar, alegou.