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Supermercados contestam lucros com a carne de suíno

No PR, dados não oficiais demonstram que o preço pago pelo consumidor final chega a sofrer um acréscimo de até 300% comparado ao valor pago ao produtor.

Redação SI 20/08/2002 – A rede de supermercados Sonae contestou os números apresentados por suinocultores  paranaenses à CPI dos Alimentos, na semana passada, apontando que  as margens de lucro do  mercado de varejo  na  venda de carne suína, entre dezembro do ano passado e agosto último, saltaram de 22% para 62%. Ontem pela manhã, o gerente comercial da empresa, Luís Carlos Paschoal, compareceu à audiência pública da CPI presidida pelo deputado Orlando Pessuti (PMDB) e garantiu aos   parlamentares que os lucros do Grupo na comercialização do produto variam de 10% a 22%, “no máximo”.

Paschoal  foi o único representante do setor supermercadista a prestar depoimento  no plenarinho da Assembléia Legislativa. Não compareceram para depor os diretores do Carrefour, Wall Mart, Condor e Pão de Açúcar. Além  do deputado Pessuti, participaram da reunião  Cezar Silvestri (PPS), relator; Luciana Rafagnin (PT), Eli Ghellere (PDT), Duílio Genari (PPB), Ademir Bier (PMDB) e  Edson Praczyk (PL).

Apesar da insistência  em  rebaixar os percentuais de lucratividade do Sonae em relação à suinocultura, as margens fornecidas pelo executivo não convenceram os membros da CPI. Pessuti  mostrou um estudo realizado em conjunto pela assessoria da Comissão e o Deral (Departamento de Economia Rural) onde os números  apontaram que entre julho de 2001 e julho de 2002  a margem bruta do varejo na comercialização  da carne  saltou de 25% para 50%. De quebra, o presidente da Associação Paranaense dos Suinocultores, Romeu Royer, revelou que a Secretaria da Fazenda de Santa Catarina  realizou  uma ampla pesquisa no Estado e a principal conclusão foi de que os lucros do varejo com o mercado de suínos  atinge 374%. No Paraná, dados não oficiais demonstram que o preço pago pelo consumidor final chega a sofrer um acréscimo de até 300%  comparado ao valor pago  ao produtor.

Polêmicas à parte,  Paschoal  afirmou que a rede Sonae  vem desenvolvendo parcerias com suinocultores de Marechal Cândido Rondon  (Oeste) e um frigorífico de Umuarama, numa tentativa de melhorar a remuneração  dos produtores, que hoje  recebem  entre R$ 0,90 e R$ 1,00  pelo quilo do suíno vivo, enquanto o custo de produção atinge R$ 1,40. “Estamos dispostos a participar de campanhas para aumentar o consumo da carne suína”, disse o representante do Sonae, que comercializa  por ano de 13 a 15 mil cabeças, para um volume anual de 800  toneladas de carne.

Quem também defende a criação de alternativas para  melhorar a renda dos suinocultores paranaenses é Remi Sterzelecki, presidente da Suinosul (Associação dos Criadores de Suínos da Região Centro Sul do Estado).

Ele propõe  a participação direta dos produtores  na venda ao mercado varejista, envolvendo  abatedouros e frigoríficos.

Reivindicações

A isenção do ICMS  nas operações internas com a venda do produto, hoje de 5% , foi defendida pelo presidente da APS, Romeu Royer.

Segundo ele, a situação se tornou insustentável uma vez que os produtores são obrigados a arcar com um prejuízo de R$ 40,00 a R$ 45,00 por suíno vivo comercializado. Nesse sentido, ontem pela manhã o secretário estadual da Agricultura, Deni Schwartz, anunciou que o governo vai atender de imediato uma das reivindicações apresentadas  pelos suinocultores durante audiência na semana passada. Trata-se da redução, em 20%, da alíquota do ICMS no transporte  interestadual do animal  (leitão e suíno gordo).

De acordo com Royer, o Paraná produz anualmente 4,4 milhões de cabeças e exporta todo ano 1,2 milhão de animais vivos. Ele explicou que  pelo sistema anterior, o criador  pagava o ICMS  sobre o suíno gordo no valor aproximado de R$ 161,00, quando na verdade recebia apenas R$ 101,00 por cabeça.