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Criador de frango volta a trabalhar com prejuízo

O setor avícola vem trabalhando com margens apertadas ou mesmo negativas, mas ainda estão em patamares superiores aos registrados no segundo semestre de 2001.

Redação AI 18/06/2002 –  O setor avícola vem trabalhando com margens apertadas ou mesmo negativas, mas elas ainda estão em patamares superiores aos registrados na maior parte do segundo semestre do ano passado. Estudo da MB Associados mostra que de julho de 2001 a fevereiro deste ano, o setor trabalhou com margens negativas pressionado pelo aumento dos custos de produção (principalmente milho) e pela grande de oferta de aves.

Os cálculos têm como base os preços do frango vivo na granja em São Paulo, e os custos de insumos (milho e farelo de soja) além dos custos fixos, todos em dólares. Para chegar à margem, dividiu-se o lucro bruto pelo preço do frango.

“O aumento das exportações no primeiro semestre de 2001 estimulou a produção de frango. Mas no segundo semestre houve um enfraquecimento da demanda interna por causa da crise energética e da queda da renda”, explica Fábio Silveira, da MB.

Pelos cálculos do economista, a situação do setor melhorou entre março e maio deste ano por conta do recuo na cotação do farelo, insumo que corresponde a 25% da ração das aves. Ela saiu de US$ 0,194 por quilo em fevereiro para US$ 0,155 em abril.

No entanto, em junho, o setor voltou a trabalhar com margens negativas. Além de a grande oferta de frango manter os preços deprimidos, o preço do farelo de soja voltou a subir, em parte por causa da desvalorização cambial, e o milho continua em patamares mais elevados que em 2001.

Pelo estudo de Silveira, que pretende ser apenas um indicador de desempenho da rentabilidade, até metade deste mês, o setor registrava margem negativa (a custo de reposição) de 2,9%.

No cálculo da margem a custo de reposição é como se o avicultor fosse produzir o frango e vender no mesmo momento. O frango leva 45 dias para ser criado e comercializado.

De acordo com Fábio Silveira, o exercício sobre a rentabilidade é mais uma forma de “mostrar mudanças qualitativas sobre o desempenho do setor avícola do que um cálculo preciso sobre a rentabilidade setorial”.

De qualquer forma, a conclusão de Silveira é que o setor deve continuar operando com “margens muito deprimidas” este ano, já que não há espaço para aumento do preço do frango e os preços do farelo e do milho devem continuar sustentados.

Para o presidente da Associação Paulista de Avicultura (APA), Célio Terra, a “conjugação” entre aumento de custos e superoferta de frango deve seguir afetando a rentabilidade do setor.

Apesar do temor de crise no segmento, o alojamento de pintos de corte ainda é crescente. Dados preliminares indicam um alojamento de 314 milhões de aves em maio contra 285 milhões em igual mês de 2001.