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Mercado Interno

Crise ronda suinocultura paranaense

Preço médio do quilo do suíno vivo era de R$ 2,70 em dezembro e caiu para R$ 2,06 em fevereiro. Presidente da APS justifica queda a diferentes fatores, como redução de exportações, abate precoce e custos de produção.

A queda dos preços da carne suína neste início de ano está começando a preocupar os suinocultores de todo o País. No Paraná, dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) apontam um declínio nos valores do quilo do suíno vivo de 23,5% nos últimos três meses. Em dezembro, a média do Estado apontava um valor de R$ 2,70, um mês depois despencou para R$ 2,42, atingindo R$ 2,06 em fevereiro. Em alguns municípios – como Toledo e Cascavel – o preço chegou a R$ 1,80.

Segundo Carlos Geesdorf, presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS), a justificativa para esta queda está em diferentes fatores. Ele elenca os principais: a redução das cotas de importação do produto na Rússia em 27%, o abate precoce dos animais com o objetivo de reduzir os custos de produção e a queda do consumo da carne neste período pós festas de final de ano. ”A redução da exportação aqui no Estado segue a média do País, em torno de 12%. Isso acaba afetando principalmente nós do Paraná, o Rio Grande do Sul e São Paulo”, avalia ele.

A suspensão por parte da Rússia da compra de carne suína de alguns frigoríficos do sul do Brasil fez com que o volume de carne no mercado interno ficasse ainda maior. Com o aumento da oferta, a forte desvalorização foi inevitável. As indústrias acabam ficando com os estoques em níveis elevados, o que diminui as aquisições dos animais. Alguns frigoríficos também começaram a comercializar a carcaça inteira, em vez de cortes, tentando diminuir os custos. ”A perda de habilitação para o comércio da carne na Rússia envolve questões sanitárias. É uma situação complicada para o produtor, já que os preços dos insumos são altos”, explica Camila Ortelan, analista da área de aves e suínos do Cepea.

Números da Associação apontam que por conta da diminuição das importações na Rússia, o Paraná deixou de exportar pelo menos 57 mil toneladas de carne de porco. No total, o país europeu estava importando uma média de 450 mil toneladas do Brasil. ”Nem o segundo aumento da carne bovina nos ajudou muito. Há um excesso de carne no mercado”, sentencia Geesdorf.

O presidente da APS calcula ainda que o custo de produção da carne no Estado está girando em torno de R$ 2,40/kg, ou seja, o suinocultor está perdendo para comercializar a carne neste momento. ”O sobe e desce é muito rápido. Há 30 dias estávamos comercializando a carne entre R$ 3,10 e R$ 3,20. Esta semana, na região de Curitiba, os preços já atingiram R$ 2,00”, ressalta ele.

Os produtores apostam no aumento do consumo da carne a partir de março para fugir dessa crise que ronda o setor. Além disso, a expectativa é que abram novos mercados consumidores, principalmente nos Estados Unidos e União Europeia. ”Seria interessante exportar para os Estados Unidos porque abriríamos novos mercados naturalmente. A perspectiva não é muito boa até metade do ano, até que a temperatura abaixe realmente. Se esse conjunto de fatores não ocorrer, vai ser uma tragédia”, salienta Carlos.

Benefício – À pedido da APS, o suíno vivo vendido para fora do estado do Paraná teve o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) zerado a partir do dia 20 de janeiro, com término da isenção em 30 de abril. Está medida já foi adotada pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso. ”São medidas paliativas que auxiliam os produtores de alguma forma”, complementa Geesdorf.