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Casos de gripe aviária em aves silvestres não afetam valores comerciais da carne e ovos de frango

Recente embargo temporário aos produtos avícolas brasileiros pelo Japão, que foi rapidamente revertido, é citado tanto pelo governo quanto pela indústria como evidência de que os casos da doença não comprometem a reputação nem os negócios

Casos de gripe aviária em aves silvestres não afetam valores comerciais da carne e ovos de frango

Embora os registros de gripe aviária tenham aumentado consideravelmente nas últimas três semanas no Brasil, tanto o governo federal quanto a indústria afirmam que não há motivo para alarme, pois essas contaminações não afetam a produção de carne de frango e ovos.

O Ministério da Agricultura já documentou 84 casos ao longo do ano, dos quais 82 envolvem aves silvestres e 2 se referem a aves de subsistência, ou seja, aves criadas domesticamente. Os registros começaram em maio (com 13 casos), aumentaram em junho (chegando a 44) e em julho (totalizando 17). Em agosto, até esta segunda-feira, 21, já foram registrados 10 casos, havendo ainda cinco investigações em andamento.

O recente embargo temporário aos produtos avícolas brasileiros pelo Japão, que foi rapidamente revertido, é citado tanto pelo governo quanto pela indústria como evidência de que os casos da doença não comprometem a reputação nem os negócios internacionais. “No Brasil, a maioria dos casos foi identificada em aves silvestres, concentrando-se principalmente em áreas costeiras. O país nunca teve casos da doença em sua produção comercial e continua assim”, ressalta Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Apesar disso, ele enfatiza que o setor está vigilante e tomando medidas preventivas. “Agroindústrias e produtores em todo o país aumentaram ainda mais os protocolos de biossegurança. Estamos conduzindo uma ampla campanha com orientações detalhadas para preservar a produção, incluindo a suspensão de visitas de pessoas não relacionadas à indústria às unidades de produção”, explica Santin.

Priorizando a Transparência

O pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Thiago Bernardino de Carvalho, observa que, embora o mercado nacional não tenha sido impactado até o momento, é crucial que o setor comunique de maneira transparente os protocolos de segurança adotados e os riscos envolvidos.

“Quando ocorreu a gripe suína, muitas pessoas ficaram incertas sobre consumir carne de porco. Portanto, é importante esclarecer as questões de transmissão e o rigoroso controle implementado para prevenir a contaminação das aves comerciais”, destaca Carvalho.

No entanto, ele ressalta que o consumo de carne de frango também é influenciado por outros fatores, especialmente o preço acessível. “Se o preço da carne de frango estiver baixo, as pessoas vão consumir. O aspecto econômico caminha em paralelo com o aspecto de saúde”, acrescenta.

Avaliando os Riscos

Nelva Grando, médica-veterinária e especialista em saúde avícola, esclarece que a gripe aviária não é transmitida pelo consumo de carne ou ovos. “O único risco de contaminação ocorre quando há um contato muito próximo entre uma ave doente e um ser humano”, explica.

Ela também enfatiza que, ao contrário do coronavírus, não existem evidências de que a gripe aviária possa ser transmitida de pessoa para pessoa. “Ao longo de todos esses anos de estudo, esse tipo de transmissão nunca foi identificado”, destaca.

Apesar dos novos casos, Nelva observa que os dados de julho e agosto indicam uma tendência de queda nas notificações. “Como nunca tínhamos detectado o vírus no Brasil, o risco é maior em relação aos anos anteriores. No entanto, a maioria das notificações envolve aves silvestres em áreas costeiras. Além disso, o país tem se preparado para prevenir problemas relacionados à doença desde 2007, quando foi publicada a primeira instrução normativa com medidas mínimas de biossegurança”, conclui.