Pesquisas podem ajudar a reduzir o desperdício de comida, que chega a 1/3 do total produzido no mundo, escreve Bruno Blecher
Aumentar a durabilidade dos alimentos é um dos meios para reduzir o gritante desperdício de comida no mundo, avaliado pela FAO em 1/3 do total produzido no campo.
Pelos levantamentos da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), são desperdiçados:
35% dos peixes e frutos do mar;
30% de todos os cereais;
e 20% das carnes e ovos.
Em frutas e legumes, as perdas chegam a 45%
Uma boa parte do desperdício (17%), segundo a FAO, ocorre nos supermercados, feiras e na casa do consumidor, que costuma descartar alimentos por vários motivos – compra acima do necessário, não sabe preparar e conservar os produtos, e muitas vezes deixa apodrecer antes de comer.
Cientistas da Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais, e do Centro de Pesquisas em Alimentos (Food Research Center), utilizando uma película comestível de abricó, conseguiram estender a vida útil de maçãs e mandioquinhas minimamente processados (cortadas, embaladas e sob refrigeração) de 3 para 15 dias.
O abricó é uma fruta muito cultivada em quintais e pomares do Norte do Brasil. Além de ampliar a conservação dos alimentos, a película torna os alimentos mais saudáveis por causa da carga de compostos fenólicos, substâncias que têm efeito antioxidante e antimicrobiano.
Outra invenção interessante é da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Instrumentação, sediada em São Paulo. Os pesquisadores criaram uma “embalagem plástica” feita de tomate para pizzas. O consumidor pode levar a pizza diretamente no forno e comê-la com a embalagem.
O pessoal da Embrapa já desenvolveu películas comestíveis de espinafre, mamão e goiaba. Dentre as vantagens da utilização de películas comestíveis, estão a utilização de rejeitos da indústria alimentícia e a substituição das embalagens sintéticas.
Os cientistas pensam em bolar outras invenções para as películas, como goiabadas embaladas em plásticos feitos de goiaba, sushis envoltos com filmes comestíveis em vez de algas e perus com sacos feitos de laranjas que vão direto ao forno.
Por meio da nanotecnologia, a Embrapa Instrumentação desenvolveu uma emulsão antimicrobiana, à base de compostos vegetais, que possibilitou preservar o morango por até 12 dias. A fruta, superdelicada, tem uma vida útil de apenas 5 dias.
Em Mato Grosso, pesquisadores da UFMT desenvolveram uma película nano-estruturada com matéria-prima biodegradável, extraída da celulose de madeira, para embalar alimentos e aumentar o tempo de conservação, preservando os nutrientes.
A Embrapa define nanotecnologia como um conjunto de atividades ou mecanismos que ocorrem em uma escala extremamente pequena, mas que tem implicações no mundo real. Esses mecanismos estão além da percepção dos olhos humanos e operam em uma escala chamada nanométrica (um nanômetro é a bilionésima parte de um metro).