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Epidemia nos Estados Unidos beneficia status da ave nacional

Newcastle nos EUA abre espaço para o Brasil retomar o envio do produto nacional para o mercado canadense e chegar às grelhas e mesas mexicanas.

Redação AI 08/01/2003 – O feitiço virou contra o feiticeiro. Após coibir o Canadá de importar carne de frango proveniente do Brasil sob alegação de que o produto nacional poderia estar contaminado pela doença de Newcastle, os Estados Unidos estão agora sofrendo retaliações do país vizinho quanto às suas exportações de aves pelo mesmo motivo.

México e Canadá estão barrando a entrada de aves provenientes dos Estados Unidos, em função da ocorrência da doença naquele país. A medida abre espaço para o Brasil retomar o envio do produto nacional para o mercado canadense e chegar às grelhas e mesas mexicanas.

O resultado dos exames sorológicos realizados nos frangos brasileiros já foi encaminhado à Organização Internacional de Epizootias (OIE).

Dentro de 60 a 90 dias, o Brasil poderá comprovar o status de área livre da doença.

Segundo informações do governo brasileiro, o Brasil está livre do mal de Newcastle em 12 estados, responsáveis por 95% da produção de frango. Nessas localidades, não há registro da doença há mais de quatro anos.

Com a comprovação do status sanitário, o País poderá abocanhar inicialmente de 20% a 30% da quota de importação de frango estabelecida pelo Canadá, que no ano passado somou aproximadamente 75 mil toneladas, segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef), Claudio Martins.

No final do ano passado, o Canadá devolveu dois contêineres com 50 toneladas de cortes de peito de frango.

A medida foi tomada diante de pressão exercida pelos Estados Unidos impondo restrições às vendas de carne de frango do Brasil ao Canadá.

Pela medida, apenas as empresas canadenses que possuíam mais de uma unidade frigorífica ou armazém frigorificado poderiam importar frango do Brasil e, ao mesmo tempo, continuar exportando para os Estados Unidos. Na época, os norte-americanos alegaram preocupação com o risco de Newcastle no Brasil.

Além da reconquista do mercado canadense, a comprovação internacional de que está livre do mal de Newcastle dará sustentação ao vôo das aves brasileiras para outros mercados importantes como México, China e Chile.

Na avaliação do diretor da Abef, a conquista desses novos mercados garantirá um crescimento de 8% a 10% no volume de exportações brasileiras de frango.

Embora as perspectivas da Abef para 2003 sejam otimistas, os exportadores de aves nacionais iniciam o ano com dois desafios pendentes.

O primeiro é a alteração na descrição aduaneira do frango salgado, que elevou a alíquota de importação do produto de 15,4% para 75%.

O segundo refere-se à decisão de testar todas as cargas brasileiras que chegam aos portos europeus alegando risco de contaminação com nitrofurano.

Balanço

A Abef ainda não concluiu o balanço do setor referente a 2002. Até novembro, as exportações somaram 1,468 milhão de toneladas, alta de 29%. As cotações pressionadas pela grande oferta geraram uma receita apenas 4,27% superior, somando US$ 1,235 bilhão.

Segundo dados preliminares do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção brasileira de carne de frango em 2002 deverá atingir pouco mais de 7 milhões de toneladas.

Para as exportações, o USDA prevê que o Brasil encerre o ano com volume da ordem de 1,42 milhão de toneladas de frango vendidas ao mercado externo.