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Conflito pode favorecer frango brasileiro

Diretor da AEB acha que o frango brasileiro poderá beneficiar-se do sentimento anti-americano deflagrado pelos conflitos.

Redação AI 04/04/2002 – Os conflitos no Oriente Médio poderão favorecer as exportações brasileiras de frango para a região, segundo o diretor da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB), José Augusto de Castro. Os países da região, especialmente a Arábia Saudita, são o principal destino das vendas dos exportadores de aves do País.

Das 98 mil toneladas de frango exportadas em janeiro deste ano, 34 mil toneladas, ou 34%, foram destinadas ao Oriente Médio. A Europa, segundo principal mercado, recebeu um volume bastante inferior de aves brasileiras no período, ou 23,6 mil toneladas.

A avaliação de Augusto de Castro é que os Estados Unidos, concorrente do produto brasileiro em vários mercados, terá suas exportações prejudicadas, inclusive no Oriente Médio, por um “sentimento anti-americano” deflagrado pelos conflitos. “É um bom momento de aproveitar a oportunidade e conquistar mais espaço”, disse.

Outro motivo apontado pelo diretor da AEB para o favorecimento do produto brasileiro em decorrência do conflito é que poderá criar-se uma demanda adicional para estoques de frango na região, que hoje estão altos.

Ele lembrou que, no geral, o preço da ave brasileira exportada caiu 14,45% em fevereiro ante igual período do ano passado, com aumento de 19,7% na quantidade vendida. “A oferta estava começando a inibir preços”, ressaltou.

A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef) estima um aumento de 8% nas vendas externas de aves brasileiras neste ano (US$ 1,5 bilhão), ante o ano passado (US$ 1,35 bilhão) mas essa projeção não inclui os possíveis efeitos da guerra deflagrada por Israel, segundo afirmou o diretor-executivo da entidade, Cláudio Martins.

Ele disse que a avaliação da AEB não está incorreta, já que as guerras em geral favorecem o mercado de alimentos, e o Oriente Médio é o principal destino das vendas brasileiras de frango, mas salientou que é difícil medir se os efeitos do conflito vão ocorrer sobre as exportações.

Martins concorda com a AEB em que o sentimento anti-americano criado pelos conflitos na região poderá beneficiar os produtos brasileiros em vários mercados, mas salientou que isso não deve ocorrer com força no Oriente Médio, onde, segundo ele, a participação do frango norte-americano não é tão significativa.

“A AEB transmitiu uma idéia macro que faz sentido, a guerra costuma beneficiar as exportações de frango, mas nossas estimativas não contam com isso”, disse.