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Agroindústria

Ambientalistas pressionam órgão regulador dos EUA para suspender listagem da JBS

JBS tem como objetivo conquistar uma listagem nos Estados Unidos para atrair um espectro mais amplo de investidores

Ambientalistas pressionam órgão regulador dos EUA para suspender listagem da JBS

Um conglomerado de organizações ambientais está intensificando seus esforços para bloquear a potencial listagem de ações da JBS na bolsa de valores de Nova York, levantando preocupações sobre o impacto das operações da maior processadora de carne do mundo no desmatamento e nas mudanças climáticas.

A JBS tem como objetivo conquistar uma listagem nos Estados Unidos para atrair um espectro mais amplo de investidores, ampliando seu acesso a financiamentos mais acessíveis.

No entanto, grupos ativistas como a Rainforest Action Network, Mighty Earth e World Animal Protection enviaram recentemente cartas à Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado financeiro dos EUA, instando-o a opor-se à Oferta Pública Inicial (IPO) nos Estados Unidos ou a investigar as informações detalhadas no prospecto da JBS.

“Este IPO pode ser um dos mais impactantes para o clima em toda a história”, afirmou Glenn Hurowitz, diretor executivo da Mighty Earth.

O desmatamento de florestas tropicais, que desempenham um papel crucial na absorção de carbono, representa uma ameaça às metas climáticas globais.

A JBS argumenta que sua proposta de listagem “reforçará a governança corporativa e a transparência, aderindo aos padrões da SEC”. Além disso, expressou seu desejo de colaborar com organizações não governamentais.

Há muito tempo, ativistas acusam a JBS de prejudicar o meio ambiente e explorar mão de obra. A pecuária, aliada ao desmatamento para fins madeireiros ou agrícolas, tem sido um motor para a devastação da Floresta Amazônica. A indústria da carne bovina alega que grande parte do desmatamento é causado por atividades criminosas.

A World Animal Protection comunicou à SEC que a JBS, que adquire grãos para a alimentação de seu gado, não abordou devidamente a agricultura como um fator de risco relacionado ao desmatamento em seu prospecto.

Em resposta, a SEC afirmou que as preocupações da World Animal Protection “serão minuciosamente consideradas à luz das responsabilidades gerais de fiscalização da Comissão em relação às leis federais de valores mobiliários dos EUA”, conforme comunicado pelo órgão.

A SEC recusou-se a fazer comentários adicionais. No ano passado, uma auditoria conduzida por procuradores revelou que quase 17% do gado adquirido pela JBS no Estado do Pará, na Amazônia, entre julho de 2019 e junho de 2020, provinha supostamente de fazendas com “irregularidades”, incluindo desmatamento ilegal. Na época, a JBS alegou que os problemas subjacentes às aquisições haviam sido resolvidos.

Merel van der Mark, coordenadora da Rainforest Action Network, apontou que o prospecto carece de um plano claro para assegurar que a JBS não esteja associada ao desmatamento.

A JBS informou que está empregando a tecnologia blockchain para monitorar a cadeia de suprimentos de seus fornecedores de gado. A partir de janeiro de 2026, apenas produtores registrados em sua plataforma blockchain poderão continuar a fazer transações comerciais com a empresa.

A empresa espera finalizar sua listagem nos EUA até o final do ano. Uma vez que a SEC confirme que a listagem proposta pela JBS está em conformidade com as regulamentações de valores mobiliários dos EUA e não tenha comentários adicionais a fazer, a empresa poderá submeter a proposta para aprovação dos acionistas.

A busca da JBS por uma listagem nos EUA já dura cerca de uma década, porém foi adiada, em parte, devido ao escândalo de corrupção corporativa no Brasil em 2017 e novamente em meio à pandemia.