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Grãos

Trigo acumula queda de mais de 8% da Bolsa de Chicago

Milho e soja também recuaram em março; em Nova York, crise bancária pesou cotações de algodão e café

Trigo acumula queda de mais de 8% da Bolsa de Chicago

Em março, assim como nos meses anteriores, o acordo entre Rússia e Ucrânia que permite os embarques de grãos ucranianos pelo Mar Negro continuou sendo o principal fator de pressão sobre os preços do trigo na bolsa de Chicago.

De acordo com o Valor Data, no último mês, a média dos contratos de trigo que ocupam a segunda posição de entrega e que geralmente são mais líquidos, caiu 8,44%, atingindo US$ 6,9893 por bushel.

No dia 18 de março, russos e ucranianos chegaram a um acordo para prorrogar o contrato pela segunda vez, indicando ao mercado que a oferta global de trigo não será interrompida. Isso resultou na queda dos preços, devido ao aumento dos embarques de trigo pela Rússia, a maior exportadora mundial da commodity, e a redução da participação dos Estados Unidos nesse mercado.

Mesmo com a incerteza sobre a duração da prorrogação do acordo, que envolve a intermediação da Organização das Nações Unidas e da Turquia para os embarques pelo Mar Negro, os preços continuaram a cair.

A Rússia afirma que o novo acordo será válido por 60 dias, mas tanto os ucranianos quanto a ONU afirmam que a prorrogação será de 120 dias, assim como a anterior, em novembro.

“Mesmo que haja essa incerteza sobre o prazo, as cotações devem seguir sob pressão, já que os investidores trabalham com os fatores do momento. Enquanto nada mudar, o pacto está mantido, assim como a oferta de trigo, que deve continuar saindo de Rússia e Ucrânia”, diz Luiz Pacheco, analista da TF Consultoria Agroeconômica.

O milho acompanhou o trigo e também encerrou o mês em queda em Chicago — o recuo foi de 6,93%, a US$ 6,2350 o bushel. Como os dois cereais são matéria-prima para a indústria de ração animal, seus preços costumam seguir a mesma direção. A soja acumulou queda em março, pautada principalmente pela boa expectativa de safra no Brasil. À medida que a colheita avança no país, os números de produtividade têm surpreendido positivamente em algumas regiões, o que aumenta as apostas de colheita superior a 150 milhões de toneladas na temporada 2022/23.

Com isso, a cotação média da oleaginosa caiu 3,15% no mês passado, para US$ 14,7315 o bushel.

Bolsa de Nova York

Entre as chamadas “soft commodities”, negociadas na bolsa de Nova York, o algodão fechou o mês em queda de 3,80%, cotado, na média, a 81,30 centavos de dólar por libra-peso.

A demanda fraca pela pluma, combinada com a crise financeira que se instalou nos EUA e na Europa após a derrocada do Credit Suisse, não abriram espaço para uma reação consistente dos preços.

“Após o fim das restricões contra a covid-19, a China começa só agora a dar indícios de que pode voltar às compras de algodão. Mas, em outros grandes importadores, como Turquia e Paquistão, a procura ainda está retraída”, diz o consultor Eduardo Santiago. Ele ressalta que o terremoto que ocorreu na Turquia em fevereiro afetou muitas indústrias da cadeia do algodão. “Já o Paquistão enfrenta uma grave crise econômica, e o governo tem priorizado recursos para alimentar a população, deixando o algodão em segundo plano”, acrescenta.

Também pressionado pelas turbulências financeiras, o café arábica recuou 2,42% em março, para US$ 1,7673 por libra-peso. Analistas pontuam que a demanda não vem respondendo como se previa, um quadro que pode se agravar em caso de uma recessão global.