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Uso de Hormônios em Frangos - por Humberto Vinícius da Cunha

Para aceitação do senso comum, se eu dissesse que usam seria mais fácil, todavia não posso fazer tal afirmação. O ponto chave para o sucesso da avicultura está numa pirâmide chamada NUTRIÇÃO, GENÉTICA e MANEJO.

Uso de Hormônios em Frangos - por Humberto Vinícius da Cunha

Podemos acreditar que a carne de frango é isenta de hormônios residuais resultado da administração durante a criação das aves? Esse questionamento comum origina-se pelo fato do frango atual ser abatido mais pesado e com menos idade. As pessoas buscam respostas pra isso, naturalmente. Para aceitação do senso comum, se eu dissesse que usam seria mais fácil, todavia não posso fazer tal afirmação. O ponto chave para o sucesso da avicultura está numa pirâmide chamada NUTRIÇÃO, GENÉTICA e MANEJO.

A NUTRIÇÃO destes animais é feita com excelência. Setenta por cento do gasto de uma empresa avícola está na nutrição das aves e não na folha de pagamento dos funcionários, água, luz, etc. Investe-se rigorosamente em um alimento que vá atender a demanda nutricional das aves. Um nutricionista balanceia a necessidade de proteínas, lipídios, carboidratos, minerais e vitaminas em cada fase de vida do frango.

Outra questão é a GENÉTICA. Gosto de fazer a seguinte analogia: “Dois homens fazem musculação buscando hipertrofia. Um deles é o Arnold Schwarzenegger e o outro é o Justin Bieber. Com a mesma dieta e exercícios, qual deles desenvolverá maior hipertrofia? Certamente o Arnold, pois foi agraciado com boa genética”.

O terceiro e último fato é o MANEJO (AMBIÊNCIA). Aqui é simples. Não adianta você ter boa genética e dieta, se os animais vivem estressados, ou seja, para que o desempenho seja máximo, proporcione as aves o maior conforto possível.

Digamos que a empresa opte ilegalmente por aplicar hormônios (GH ou testosterona). Os hormônios só expressam sua função biológica, se aplicados intravenosamente nos animais. No entanto executar isso em vinte mil aves (em média) num único galpão é insano. Poderia colocar o hormônio na água ou ração? O hormônio, que é uma proteína, ao entrar em contato com enzimas digestivas e ácidos do proventrículo (estômago da ave), perde sua atividade biológica e torna-se um simples peptídeo ou aminoácido. Já se perguntou porque fisiculturistas aplicam hormônio por injeção e não o tomam em cápsulas? Mesmo princípio explicado anteriormente.

Outras pessoas já me questionaram sobre o frango natalino. Estou me referindo àquele famoso frango CHESTER (fazendo propaganda sem ganhar nada). Digamos que o frango normalmente é abatido com 42 dias de idade com peso médio de 2,5 Kg. O frango natalino nada mais é que um animal com bom desenvolvimento de peito (genética), que permaneceu por mais tempo na granja e logo será abatido um pouco mais pesado. Normalmente a carcaça tem peso médio de 4 Kg, e a idade do animal é de 50 dias para mais.

Pude acompanhar de perto o PNCRC (Programa Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes). Esse programa contempla a coleta e análise laboratorial de músculo e miúdos de frangos, a fim de monitorar a presença de resíduos de antibióticos, antiparasitários, metais pesados, aflatoxinas, dioxinas, contaminantes inorgânicos e HORMÔNIOS. A coleta é feita pelo Fiscal Federal Agropecuário no abatedouro, ou frigorífico, e o produto é enviado à rede de laboratórios oficial do MAPA, o LANAGRO. Mesmo que se a empresa conseguisse injetar hormônio nestes frangos, o Ministério da

Agricultura (MAPA) fiscalizaria a produção com destreza e compromisso com o consumidor. E a punição em caso de detecção é SEVERA, sendo aplicada multa, exigido Recall dos produtos nacionalmente e internacionalmente, além de ter seus mercados de exportação suspensos. Durante meus anos de trabalho em frigorífico, eu nunca presenciei um laudo positivo para hormônios.

Somos o maior exportador de carne de frango do globo terrestre. Ganhamos dos EUA e China em termos de exportação. Brigamos com gigantes! Você acha mesmo que uma empresa colocaria tudo a perder?  Certamente não. É por isso que investe-se tantos dólares em pesquisa, a fim de inovarmos em NUTRIÇÃO, GENÉTICA e MANEJO. Leia na íntegra AQUI

*Humberto Vinícius Faria da Cunha é Médico Veterinário formado pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) – Campus Bandeirantes Pr (2009). Especialização em Ciência Avícola pela Universidade Paranaense (UNIPAR) – Campus Umuarama PR (2011) Atual Mestrando em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).