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Grãos reduzem margem do produtor

De acordo com painéis nas 17 regiões, as despesas totais com alimentação correspondem a 49,83% do COE (Custo Operacional Efetivo) e a 35,92% do COT (Custo Operacional Total).

Redação (29/02/2008)- O custo do concentrado para rebanhos de leite subiu significativamente de outubro de 2007 a janeiro de 2008, período em que pesquisadores do Cepea e técnicos da CNA realizaram “Painéis” com produtores de 17 regiões. No mesmo período, o preço do leite caiu. O milho, por exemplo, chegou a ser reajustado em 27% na média de Goiás nesses quatro meses, segundo cotações do Cepea para o mercado de disponível. Já no Rio Grande do Sul, o aumento se limitou aos 10% – estão sendo analisados os seis estados incluídos até o momento na pesquisa de custos de produção realizada pelo Cepea em parceria com a CNA. Para o farelo de soja, a maior alta, de 18%, ocorreu no Paraná e a menor, de 0,25%, em Minas Gerais.

De acordo com painéis nas 17 regiões, as despesas totais com alimentação correspondem a 49,83% do COE (Custo Operacional Efetivo) e a 35,92% do COT (Custo Operacional Total). O COE representa as despesas diretas da atividade, como alimentação, medicamentos, mão-de-obra contratada, energia elétrica e combustível e reparos em máquinas e benfeitorias. O COT, por sua vez, engloba além do COE as depreciações e o pró-labore do produtor.

Dos gastos específicos com alimentação do rebanho leiteiro, 64,4% das despesas correspondem aos concentrados (chamados também de rações), outros 21,5%, a silagens e, o terceiro grupo dentro da alimentação, sais minerais, representam 5,5% dos dispêndios.

Essa ponderação evidencia a importância de insumos como milho e o farelo soja para a pecuária leiteira, tendo em vista que podem ser considerados ingredientes-base para a formulação dos concentrados (milho como fonte de energia e farelo de soja, de proteína). A partir de valorizações desses alimentos, portanto, pode-se estimar o impacto nos custos da atividade leiteira.

A alimentação concentrada, em Goiás, representa 13,46% do COE. Por esse motivo, o reajuste de 27% do milho, juntamente com a correção de 5,22% no valor do farelo de soja, ocasionaram um aumento de 1,62% no desembolso do produtor entre outubro de 2007 e janeiro de 2008. No Rio Grande do Sul, onde o milho valorizou 10% e o farelo de soja 10,4%, o COE foi impactado em 1,81%, pois o concentrado corresponde a 27,45% do COE.

A situação é agravada quando se considera também a desvalorização do leite no período – na média das 17 regiões, a venda de leite corresponde a 90,14% da receita da atividade; o restante vem da venda de animais. O preço, na média dos seis estados, recuou 8,7%, sendo que a maior queda foi registrada no Paraná (-14,82%). Somente em Santa Catarina houve aumento no período, de 3,4%.

Em reais no bolso do produtor essas variações podem significar uma redução por volta de 37%. Tome-se como exemplo um produtor de Goiás cujo custo operacional da atividade seja R$ 100.000,00. Com o encarecimento dos insumos, o COE sobe para R$ 101.620,00, enquanto que a receita da sua atividade, que era de R$ 150.000,00, cai para R$ 133.005,00. Com isso, sua margem bruta (Receita Total da Atividade, incluindo venda de animais que, aqui, é considerada constante, menos COE) passa de R$ 50.000,00 para R$ 31.385,00.

Fazendo a mesma análise para o Paraná, onde o farelo teve a maior alta e o milho, a segunda maior entre os seis estados da pesquisa, constata-se que o concentrado tornou-se 16,6% mais caro, os custos operacionais da atividade aumentaram 6,75%, enquanto que a receita com a venda de leite caiu aproximadamente 15%. A margem bruta do produtor, considerando a média do Paraná, teria caído expressivos 58% de outubro para janeiro.