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Após Usda, mercado troca trigo pelo milho

Os EUA mantém a moeda desvalorizada para fomentar as exportações e fazer com que outros países comprem deles, forçando um superávit na balança.

Redação (02/04/2008)- Ainda sob o efeito do relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda) as cotações do milho voltaram a subir ontem na Bolsa de Chicago (CBOT). O contrato de maio fechou em 584 centavos de dólar o bushel (27,2 quilos), alta de 1%, também reforçada pelas notícias de clima chuvoso neste momento nos Estados Unidos, onde o plantio do grão já iniciou.

A soja encerrou o pregão a 1.234 centavos de dólar o bushel, valorização de 1,5% no dia, para o contrato de julho. Já o trigo registrou queda nas cotações. O papel com vencimento em julho foi cotado a 912,5 centavos de dólar o bushel, queda de 2,6% em relação ao dia anterior.

Ontem, a soja foi impulsionada pela recompra dos contratos forçando uma correção positiva, seguindo a tendência de alta do milho. Já o trigo continuou o movimento baixista de segunda-feira e fechou em 912 centavos de dólar por bushel, queda de 2,6%. O Usda anunciou o aumento da área plantada de trigo para a safra 2008/09. O cultivo sairá de 60,4 milhões de acres para 63,8 milhões de acres. "Ontem, o mercado fez uma troca técnica, liquidando contratos de trigo e recomprando os de milho, provocando queda nas cotações do cereal", explica Fábio Turquino Barros, analista da AgraFNP.

Área menor?
Apesar da projeção de área menor de milho nesta safra americana – que ficou abaixo das estimativas dos analistas de mercado – é possível que até o final do plantio haja muita mudança, segundo Turquino . "No ano passado, entre a divulgação do primeiro relatório de março, até o de julho, houve um acréscimo de 3,5 milhões de acres para o milho", lembra Turquino.

Ele explica que a intenção de plantio do produtor americano foi medida em um momento em que a soja estava com alta muito expressiva em Chicago. "Mas, nas últimas semanas a pancada sobre a soja foi muito forte e, a viabilidade voltou a ser favorável para o milho", acrescenta o especialista.

Em 29 de fevereiro deste ano, a relação entre as cotações da soja (contrato de novembro) e as de milho (contrato dezembro) eram de 2,78 sacas de soja para uma de milho, ou seja, muito favorável para o plantio da oleaginosa. "Até 2 a vantagem é para o milho, até 2,2 é incerto e, acima de 2,2 a soja leva vantagem", detalha Turquino. Ontem, esse indicador de referência fechou em 1,93. "A relação é semelhante a que existiu na safra passada, quando os Estados Unidos acabaram plantando a maior safra de milho de sua história, ou seja, 93,6 milhões de acres. Nos próximos dois meses deve haver um aumento da área de milho. Acredito que deve avançar de 86 milhões de acres para 89 milhões de acres e a soja, baixar de 74,7 milhões de acres para 72", arrisca Turquino.

Com o aumento agressivo na demanda, os estoques reduzidos, a economia mal das pernas, uma das medidas monetárias seria baixar os juros para tentar fazer a economia decolar novamente. Na mesma linha, os EUA mantém a moeda desvalorizada para fomentar as exportações e fazer com que outros países comprem deles, forçando um superávit na balança. "Mas se a moeda continuar desvalorizando, o apetite pelas commodities vai aumentar. E com essa política econômica, vai ser complicado de se analisar o mercado no curto prazo", explica Turquino.