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MERCADO

Em novembro, mercado suinícola registrou exportações em queda e estabilidade doméstica

Esse declínio, o segundo deste ano, é atribuído principalmente à menor participação da China nas transações

Em novembro, mercado suinícola registrou exportações em queda e estabilidade doméstica

O mercado de suínos enfrentou desafios significativos em novembro, com uma notável queda nas exportações de carne suína in natura, registrando uma redução de 16,2% em relação a setembro de 2023. Esse declínio, o segundo deste ano, é atribuído principalmente à menor participação da China nas transações. No entanto, no acumulado de janeiro a outubro de 2023, o Brasil ainda exportou quase 8% a mais em comparação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 901,48 mil toneladas.

Tabela 1. Volumes exportados totais e para a China de carne suína brasileira in natura de janeiro a outubro de 2021, 2022 e 2023 (em toneladas) e comparativo percentual de 2023 com o mesmo período do ano passado.
Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.

Dois pontos merecem destaque nos embarques recentes: a redução do valor da tonelada exportada em dólar, caindo 11,6% desde maio de 2023, e a diminuição da participação da China. A análise mostra uma significativa redução absoluta e percentual nas exportações para a China nos últimos meses, com Filipinas assumindo o segundo lugar em volume de embarques.

Tabela 2. Ranking dos principais importadores da carne suína in natura brasileira nos meses de AGOSTO, SETEMBRO E OUTUBRO de 2023 e 2022. Destaque (em amarelo) para a queda da participação da China e o aparecimento do México como destino relevante.
Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.

A China, que chegou a representar mais de 50% de nossas exportações, já vinha dando sinais de redução na participação percentual ao longo deste ano e já acumula três meses consecutivos abaixo de 30%

Tabela 3. Percentual de participação da China nas exportações mensais brasileiras de carne suína in natura desde 2020.
Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.

Os dados preliminares de abate do terceiro trimestre de 2023, divulgados pelo IBGE, indicam um crescimento significativo no abate de bovinos e um modesto aumento no abate de suínos. No entanto, esse crescimento é o menor observado nos últimos 10 anos para o terceiro trimestre.

Tabela 4. Dados de abate (em toneladas de carcaças e 1.000 cabeças) de bovinos, aves e suínos do terceiro trimestre, e acumulado de 2023, comparados com o mesmo período do ano passado e com o segundo trimestre deste ano.
* dados do terceiro trimestre/23 preliminares.
Elaborado por Iuri P. Machado, com dados do IBGE.

O terceiro trimestre na maioria dos anos recentes é o período de maior volume de abate de suínos ao longo do ano, portanto, é normal mesmo quando o crescimento da produção desacelera (como é o caso de 2023), que o somatório dos suínos abatidos entre julho e setembro seja maior que os trimestres anteriores, e até mesmo o último trimestre do ano corrente. Porém, chama a atenção, conforme a tabela, que apresenta o abate no terceiro trimestre dos últimos 10 anos, que o crescimento observado no 3º trimestre de 2023 em relação ao mesmo período de 2022 foi o menor em cabeças, e o segundo menor em toneladas de carcaças no período avaliado.

No que diz respeito ao consumo doméstico, a disponibilidade interna de carne bovina aumentou quase 12%, enquanto a carne suína registrou um crescimento de apenas 0,10%. O aumento da oferta interna levou a uma redução na competitividade da carne suína em relação à carne bovina, impactando os preços pagos aos produtores.

Tabela 6. Produção, exportação e disponibilidade interna de carne de frango, bovina e suína no primeiro semestre de 2022 e 2023 e a diferença em toneladas e percentual de um ano para o outro, com o equivalente em consumo per capita ano adicionado em 2023.
* considerada população de 203.062.512 de habitantes (dados do último censo do IBGE); dados de produção (abate) do terceiro trimestre de 2023 preliminares.
Elaborado por Iuri P. Machado, com dados do IBGE e Secex.

Os insumos, como o milho, experimentaram uma redução nas expectativas de safra, contribuindo para um potencial aumento nos preços na próxima temporada. Apesar da projeção da CONAB de encerrar as exportações de milho em 52 milhões de toneladas, os números atuais indicam que esse valor poderá ser ultrapassado, chegando a 55 milhões de toneladas.

Enquanto o farelo de soja apresenta movimentos de alta nas cotações, os preços pagos aos produtores de suínos se mantiveram estáveis em outubro e metade de novembro, surpreendendo dada a sazonalidade usual de aumento na demanda neste período.

O setor suinícola enfrenta uma série de desafios, incluindo a queda nas exportações, aumento nos custos de produção e a necessidade de gerenciar os estoques de fim de ano com cautela. O Presidente da ABCS, Marcelo Lopes, observa que essa estabilidade pode indicar estoques menores para o final do ano, mantendo os preços em um patamar elevado ao longo de dezembro e, possivelmente, sem recuos significativos em janeiro de 2024.