Fonte CEPEA
Milho - Indicador Campinas (SP)R$ 67,61 / kg
Soja - Indicador PRR$ 135,44 / kg
Soja - Indicador Porto de Paranaguá (PR)R$ 141,13 / kg
Suíno Carcaça - Regional Grande São Paulo (SP)R$ 12,81 / kg
Suíno - Estadual SPR$ 8,81 / kg
Suíno - Estadual MGR$ 8,44 / kg
Suíno - Estadual PRR$ 8,45 / kg
Suíno - Estadual SCR$ 8,25 / kg
Suíno - Estadual RSR$ 8,37 / kg
Ovo Branco - Regional Grande São Paulo (SP)R$ 137,19 / cx
Ovo Branco - Regional BrancoR$ 137,72 / cx
Ovo Vermelho - Regional Grande São Paulo (SP)R$ 147,67 / cx
Ovo Vermelho - Regional VermelhoR$ 150,07 / cx
Ovo Branco - Regional Bastos (SP)R$ 129,20 / cx
Ovo Vermelho - Regional Bastos (SP)R$ 140,75 / cx
Frango - Indicador SPR$ 8,11 / kg
Frango - Indicador SPR$ 8,12 / kg
Trigo Atacado - Regional PRR$ 1.197,06 / t
Trigo Atacado - Regional RSR$ 1.044,16 / t
Ovo Vermelho - Regional VermelhoR$ 144,77 / cx
Ovo Branco - Regional Santa Maria do Jetibá (ES)R$ 134,58 / cx
Ovo Branco - Regional Recife (PE)R$ 128,16 / cx
Ovo Vermelho - Regional Recife (PE)R$ 145,38 / cx

Revista

Agroceres 80 anos: Cultivando o futuro desde 1945 na Suinocultura Industrial de Novembro

A paixão pela inovação e o compromisso com o avanço tecnológico da produção agropecuária brasileira têm nutrido a juventude da empresa há oito décadasanos  

Agroceres 80 anos: Cultivando o futuro desde 1945 na Suinocultura Industrial de Novembro

Por Romualdo Venâncio 

Chegar à marca de 80 anos de existência não é para qualquer empresa. Ainda mais quando a celebração por tal conquista parece até o nascimento de uma nova companhia, tantas e tamanhas são as novidades em andamento. A Agroceres tem a inovação em seu DNA. Desde a sua fundação, em 1945, coleciona títulos de pioneirismo no Brasil. Foi responsável pela primeira produção de milho híbrido em escala comercial; mudou a base do conceito de melhoramento genético de suínos, passando de racial para linhagem; e foi a plataforma para a projeção do abrangente conceito de “agribusiness”, hoje agronegócio, incluindo todos os segmentos da cadeia produtiva, antes, dentro e fora da porteira. Levando-se em conta o ritmo de evolução das soluções tecnológicas e do aprimoramento profissional das equipes, o futuro da Agroceres tende a ser ainda mais surpreendente. 

O perfil inovador da empresa vem do espírito visionário de seu fundador, Antônio Secundino de São José. Nascido em Santa Rita de Patos, atualmente Presidente Olegário (MG), formou-se na primeira turma de agronomia da Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa (ESAV), instituição que deu origem à Universidade Federal de Viçosa (UFV). Mais do que aluno, Secundino se tornou diretor do Departamento de Genética da ESAV, e ganhou uma bolsa para estudar no Iowa State College, nos Estados Unidos, onde pretendia se aprofundar no conhecimento sobre híbridos de algodão. 

No entanto, seu encontro com o geneticista Henry Wallace mudou o rumo dessa história. Wallace ganhou notoriedade ao ser o 33º vice-presidente norte-americano, no governo de Franklin Roosevelt. Mas, antes disso, já havia revolucionado a produção agrícola como geneticista de milho e fundador da primeira empresa de milho híbrido do mundo. Secundino se entusiasmou com a inovação na produção do cereal e deixou o algodão de lado. Quando retornou ao Brasil, em 1938, o geneticista trouxe uma coleção de variedades de milho já vislumbrando o que poderia ser o primeiro híbrido comercial nacional. 

A partir de uma pesquisa realizada em parceria com o professor e pesquisador da ESAV, Gladstone Drummond, Secundino constatou que, do material genético trazido dos Estados Unidos, apenas a variedade Tuxpan Yellow Dent se adaptaria aos climas tropical e subtropical do Brasil. E ainda era preciso encontrar outras três das quatro variedades necessárias para desenvolver o milho híbrido, e seguir com as pesquisas de tropicalização desse material. Diante de tal desafio e motivado pela peculiar inquietude e pelo apreço por inovações, Secundino decidiu elevar a aposta. Aquele momento determinou o nascimento da Agroceres.

“A empresa estava fundada, porém os desafios na época eram grandes. A missão da Agroceres era muito árdua: ter que introduzir uma tecnologia moderna e totalmente desconhecida, o milho híbrido, no ambiente mais rudimentar e resistente da sociedade, a agricultura”, comentou o diretor de Marketing Corporativo, Vitor Vanetti de Araujo, neto de Secundino. O executivo ressaltou ainda a determinação de seu avô ao procurar pessoalmente os agricultores para explicar como poderiam ter colheitas bem superiores àquelas que tinham com o milho tradicional da época.

Essa e outras partes da história da empresa foram contadas por Vitor Araujo na abertura do evento de comemoração dos 80 anos da companhia. Realizado no dia 25 de setembro, no Royal Palm Plaza Resort, em Campinas (SP), o encontro celebrou passado e presente e apresentou possíveis caminhos para o futuro, vários já sendo traçados e até pavimentados. Sob essa ótica, os principais diretores do grupo discursaram a respeito dos negócios que comandam para lideranças do setor, clientes, parceiros e fornecedores, uma seleta plateia em que muitos são chamados de amigos.

Desafios que fortalecem

A presença dessas pessoas em um momento tão especial da companhia é prova do quanto essa construção é coletiva, de que não se desenvolve uma trajetória de oito décadas caminhando sozinho. Sobretudo porque os desafios não foram poucos nem fáceis. E até por isso ajudaram a moldar uma estrutura sólida, robusta e ao mesmo tempo flexível, capaz de se adequar às circunstâncias para continuar evoluindo. Em seu primeiro ano de vida, por exemplo, a Agroceres vendeu três toneladas de sementes, a mesma quantidade que foi destruída por carunchos. Estava claro que era preciso investir em modernização, mas havia a barreira da escassez de recursos. Até que Secundino esbarrou em outro nome que frequentaria um lugar privilegiado na Casa Branca. 

Antes de se tornar o 41º vice-presidente dos Estados Unidos, durante o governo de Gerald Ford, Nelson Rockfeller soube da Agroceres e se interessou pela empresa. Até porque havia criado recentemente a International Basic Economy Corporation (IBEC), organização que buscava mostrar os benefícios do capitalismo como agente de desenvolvimento social e econômico. Para Rockfeller, aquela nova e promissora companhia fundada no Brasil se encaixava perfeitamente no modelo de negócio que defendia. A partir daí, a IBEC virou sócia e assumiu o controle acionário da Agroceres, os brasileiros permaneceram na gestão e o milho híbrido ganhou um grande impulso. 

Outro momento marcado pela gangorra de desafios e oportunidades ocorreu em 1971, quando toda a safra da empresa foi contaminada pelo fungo Helminthosporium maydis, por meio do ataque a linhagens de milho dos Estados Unidos usadas pela Agroceres. O prejuízo financeiro batendo na casa de US$ 1 milhão deixou a empresa bem perto da falência. Ainda assim, a ordem era não vender um único saco de milho, para não expor os clientes ao risco e preservar a reputação edificada durante 25 anos. O mercado reconheceu a postura e a empresa seguiu viva. A resiliência se fez valer, mas sem ignorar o alerta de que a dependência de apenas um produto era bastante arriscada. 

A sucessão foi o movimento que trouxe o oxigênio necessário para avançar na nova fase, e até para bem mais que isso. “Em 1971, Ney Bittencourt de Araújo, filho de Secundino, meu pai, assumiu a presidência da Agroceres e acelerou o processo de diversificação”, disse Vitor Araujo. A partir dali, a Agroceres apostou em mais segmentos. A empresa já vinha trabalhando com hortaliças e iscas formicidas e passou a investir em nutrição e genética animal, sementes de sorgo híbrido e de forrageiras. Assim como já havia mudado os rumos da produção de milho no País, a Agroceres conduziu também a suinocultura para um patamar superior.

Uma nova suinocultura

A associação à Pig Improvement Company (PIC), em 1977, deu início a uma nova era na produção de suínos no Brasil. A formação da Agroceres PIC não só inseriu os animais híbridos no setor como mudou o sistema de seleção genética. “A nossa sócia trouxe o conceito de linhagem, mostrando que mais importante do que manter a característica racial é o benefício econômico que aquele animal proporciona ao suinocultor”, afirmou o diretor-superintendente da Agroceres PIC, Alexandre Furtado da Rosa. De acordo com o executivo, por se tratar de um negócio de commodity, uma criação comercial, é preciso produzir o máximo com o menor custo possível. “Foi uma quebra de paradigmas naquele início dos anos 1980 junto aos suinocultores que apostaram com a empresa.” 

Como também era necessário ter instalações adequadas para aproveitar a melhor genética, a Agroceres PIC criou um departamento de engenharia que por anos foi referência na adaptação da infraestrutura para abrigar aquele suíno moderno, com maior potencial de produtividade. Outras inovações foram implementadas pela empresa, como o conceito de biossegurança, para evitar contaminações nas granjas; o suporte técnico aos suinocultores para extraírem o máximo potencial do material genético; o primeiro software de gestão de suinocultura; e a rede de multiplicação, com parceiros que ajudam a disseminar a genética. Todas elas ajudaram a moldar uma nova suinocultura, mais produtiva, segura, eficiente e lucrativa.

Essa trajetória de inovação se intensificou na última década, com o maior ciclo de investimentos da história da empresa. O resultado é uma base tecnológica sólida e moderna, representada pelo Núcleo Genético Gênesis; uma das mais avançadas unidades de produção de material genético do mundo. Integrada à rede global de Granjas Elite da PIC, a Gênesis institui um novo modelo de melhoramento genético no Brasil, garantindo autossuficiência aos produtores brasileiros e reduzindo o atraso genético nos sistemas comerciais.

Para dar escala e eficiência à disseminação dessa genética superior, a Agroceres PIC consolidou a maior rede de produção de sêmen suíno da América Latina. São 11 unidades estrategicamente distribuídas entre Brasil e Argentina, com 6,2 mil machos em coleta e capacidade para produzir até 9,4 milhões de doses por ano. Alexandre Rosa desfrutou de uma dupla celebração, pois a Agroceres PIC também fez aniversário em setembro. “É menos tempo, mas ainda assim já são 48 anos. A Agroceres e a PIC, são empresas que nasceram da pesquisa, da inovação, de pessoas curiosas que chegaram à conclusão de que não basta ter ciência, ela tem que ser aplicada ao campo, à realidade do mercado”, disse. Para o executivo, a Agroceres como um todo vem conseguindo enfrentar os muitos desafios do Brasil, como questões socioeconômicas e tributárias, porque, sendo uma companhia familiar, soube manter ao longo desses anos os valores muito presentes junto a seus gestores e valorizar muito bem seu capital humano.