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Salmonelose

<p>Veja todos os detalhes da doenças, extraídas do livro "Manual de Doenças de Aves" do médico veterinário Alberto Back.</p>

Introdução

O termo Salmonelose é usado para denominar a infecção causada por bactérias do gênero Salmonella, da família Enterobacteriaceae. A Salmonella sp., é um bacilo Gram negativo que infecta todos os animais, inclusive as aves e os homens. No gênero Salmonella são incluídos mais de 2500 sorotipos. Esta variabilidade antigênica que resulta no grande número de sorotipos, tem tornado muito difícil a classificação e gerou muita controvérsia. A última proposta relativa taxonomia e nomenclatura propõe dividir o gênero Salmonella em duas espécies: S.entérica e S. bongori. A espécie Salmonella entérica é dividida em 6 subespécies bioquimicamente distintas que são ainda diferenciadas em centenas de sorotipos (sorovar) identificados por nomes ou números. Esta nova nomenclatura foi escolhida como uam tentativa de melhor classificar as salmonelas, mas ainda assim ela é bastante complexa. O que antes era denominada de Salmonella typhimurium, corretamente deve-se escrever Salmonella entérica subespécie entérica sorotipo Typhimurium.
Pelo fato da identificação completa ser muito longa, adotou-se escrever o gênero e o sorotipo, omitindo-se a espécie e subespécie, por exemplo, Salmonela entérica subespécie entérica sorotipo Typhimurium, escreve-se Salmonella Typphimurium. Como Typhimurium neste caso é o sorotipo, não se deve ser escrito em itálico e deve iniciar com a letra maiúscula.
O quadro a seguir mostra a classificação atual do gênero Salmonella.

A infecção das galinhas por Salmonella sp. Pode induzir a manifestações clínicas de formas distintas. Tradicionalmente as salmoneloses em galinhas eram classificadas com base no quadro clínico que apresentavam e denominavam-se: pulorose ou diarréia branca (S.Pullorum); tífio aviário (S. Gallinarum) e paratifo (Samonella sp. Móveis ou paratíficas). Uma classificação mais recente baseia-se na importância da salmonela como agente causador de doença nas aves e de risco para a saúde pública. Esta classificação como agente causador de doença nas aves e de risco para a saúde pública. Esta classificação divide as infecções por Salmonella sp. Em 3 grupos, conforme a epizootiologia e patogenicidade dos diferentes sorotipos ou sorovares de Salmonella entérica subespécie entérica. No grupo 1 estão incluídas S. Gallinarum e a S. Pullorum que causam respectivamente tifo aviário e pulorose. Estes dois sorotipos são imóveis, tem as aves e principalemnte galinhas e perus como hospedeiros específicos e são considerados de alta patogenicidade. No grupo 2 incluem-se infecções causadas por Salmonella entérica, subespécie entérica, móveis , to tipo paratíficas, excluindo a S. Enteridis e a S. Typhimurium. As salmonelas do grupo 2 representam em torno de 1500 sorotipos e podem ser encontradas nas aves e nos mamíferos clinicamente saudáveis. A infecção é também denominada paratifo aviário. Dificilmente causam doença clínica nas aves e transmitem-se fundamentalmente por via horizontal.  Estas salmonelas têm o potencial de causar fastroenterites em humanos. NO grupo 3, da Salmonella entérica subespécie entética estão os serovares Enteridis e Typhimurium. São bactérias móveis que eventualmente podem causar doença clínica em aves jovens e estão relacionadas com a grande maioria dos casos de toxinfecções alimentares por salmonelas em humanos. Além da transmissão horizontal, verificou-se nestes doissorotipos, e principalmente com a Enteridis, um certo nível de transmissão vertical.
A infecção causada pela Salmonella entérica subespécie arizonae é denominada arizonose. No passado, esta bactéria era classificada como gênero Arizona espécie arizonae. Mais tarde foi sugerido Arizona hinshawii como tributo a um eminente pesquisador deste organismo, W.R Hinshow. A partir da 8a edição do manual de Berguer o agente causador da arizonose passou a pertencer ao gênero Samonella espécie entérica e subespécie arizonae. A Salmonella arizonae possui dezenas de sorotiposa e estes são identificados numericamente, sendo um dos mais prevalente “O” 18 e “H”Z4 e 32 (Salmonella arizonae 18:Z4,32). A arizonose é mais prevalente e tem maior importância econômica para a criação de perus.

Isolamento e identificação de salmonelas
Salmonelas podem ser isoladas nas fezes, órgão internos, ovos e embriões de aves doentes ou de portadoras sãs. Também podem ser isoladas da cama, instalações, equipamentos, alimento, matérias-primas, animais domésticos e silvestres. Para isolar salmonelas, utiliza-se um procedimento que envolve de duas a três etapas de cultivo.. A primeira é oi pré-enriquecimento, recomendado para recuperação ou isolamento de salmonelas quando a amostra tem baixo número de células por desinfetantes, calor ou desidratação. A água peptonada é meio de escolha para o pré-enriquecimento, mas pode-se utilizar também caldo Triptose Soy ou BHI. A segunda etapa é o cultivo em caldo seletivo. Este é feito após o pré-enriquecimento ou diretamente quando suspeita-se que a amostra contém um número considerável de bactérias. O cultivo em meios seletivos favorece o crescimento das salmonelas inibindo bactérias competidoras contaminantes. Caldo tetrationato, Rappaport-Vassiliadis e selenito são os mais usados. Após o pré-enriquecimento e cultivo em caldo seletivo, o material é semeado em meio sólido preparado em placas de Petriu com agar. Estes meios inibem o crescimento de outras bactérias favorecendo o crescimento das salmonelas.
Nos meios sólidos pode-se adicionar a novobiocina, que é um antibiótico seletivo, não inibe o crescimento das salmonelas. Os meios sólidos usados para isolamento de salmonela são MacConkey, verde brilhante, agar Rambach e xyloselisina deoxycholate (XLD). Estes permitem o fáciul reconhecimento das colônias de salmonelas.
Para pré-enriquecimento o caldo deve estar incubado por 24 horas a 37ºC. Para enriquecimento incubar por 18 a 24 horas a 41-42ºC> A freqüência de isolamento de salmonela, em muitos caos, pode ser aumentada quando após incubação inicial a 41-42ºC por 24 horas, o caldo é mantido por mais 3 a 5 dias à temperatura ambiente (23ºC) e feita nova tentativa de isolamento. Após a incubação em meio líquido, a amostra deve ser semeada em meio sólido e mantido por 24 a 48 horas a 37ºC.
As colônias suspeitas de salmonela, que crescem em meio sólido, devem ser selecionadas e submetidas a provas bioquímicas e sorológicas. A identificação sorológica de gênero Salmonella pode ser feita com antisoros somáticos polivalentes (O). Pelas provas bioquímicas, slamonelas são diferenciadas por fermentarem glicose, manitol, xilose, maltose, dulcitol, ornitina, lisina, vermelho d emetila e citrato, reduzem nitrato a nitrito e produzem H,S (gás sulfrídrico). Não fermentam uréia, gelatina, lactose, sacarose, salicina, ONPG, VP, malonato, adonitol e indol. As salmonelas, exceto os sorotipos S. Gallinarum e S. Pullorum, são móveis.
No quadro abaixo pode-se observar as principais reações bioquímicas que diferenciam os grupos importantes de salmonelas que infectam as aves.

Após a realização das provas bioquímica e/ou sorológicas preliminares, as colônias compatíveis com Salmonella sp., podem se rsorotipificadas. Para a sorotipificação utiliza-se uma série de antisoros que identificam antígenos flagelares “H” e antígenos somáticos “O”. O método usado é o esquema de Kauffman-White onde os sorogrupos de Salmonella sp. São identificados por letras e por números. Embora existam mais de 2500 sorotipos de salmonelas já identificados, pouco mais de 200 destes foram isolados de aves e cerca de 10 sorotipos representam mais de 80% dos isolamentos de galinhas diferenciadas de todas as outras Salmonellas entérica pela ausência do antígeno flagelar “H” detectado com antisoro poli H ou pelo resultado negativo no teste de motilidade.
Para a saúde das aves e para a saúde pública, os sorogrupos somáticos mais importantes são Be D. No sorogrupo D estão incluídos os serovares Pullorum, Gallinarum e Enteridis, no sorogrupo B, estão as serovares Typhimurium, Heidelberg considerados potencialmente patogênicos para o homem. A sorotipificação de toda a Salmonella sp. Da subespécie I ou entérica é importante para identificação das amostras mais patogênicas e para avaliações epidemiológicas.
O quadro a seguir mostra a composição antigênica dos quatro sorotipos mais importantes para as aves.

Para estudos de etiopatogenia e/ou epidemiologia das salmonelas, pode-se efetuar várias análises complementares tais como: fagotipagem, análise de plasmídeos, biotipagem, sensibilidade a antibióticos e análises genômicas (enzimas de restrição, PCR).

Normas para monitoria de Salmonella
De acordo com o Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, instrução normativa/DAS nº 3 de 9/01/2002, toda granja de reprodutoras de aves deve ser sorológica e bacteriologicamente monitorada para detecção de S. Pullorum, S. Gallinarum, S. Enteritidis e S. Typhimurium. Amostras de órgãos, sangue, suabe cloacal, fezes e mecônio devem ser submetidos a exame laboratorial periodicamente para tentativa de isolamento durante o crescimento e durante a produção.
Paralelamente ao exame sorológico, e com a mesma periodicidade, lotes de reprodutoras devem ser monitorados através de exames bacteriológicos realizados em suabes de cloaca e/ou de ambiente. Durante a fase de produção, além dos materiais já mencionados, pode-se realizar exame bacteriológicos dos pintos e/ou ovos bicabos/mortos  coletados no incubatório. Cultura do papel das caixas de transporte dos pintos também é uma boa referência para indicar a presença de salmonela no lote.
A legislação brasileira prevê o acompanhamento de fiscais ou veterinários habilitados pelo MAPA na monitoria dos lotes. Em caso de confirmação de puloroe ou tifo aviário, o lote deve ser sacrificado. Matrizes infectadas com S. Enteritidis e S. Tphimurium, devem ser mantidas em quarentenário. Os ovos devem ser eliminados ou destinados a pasteurização, enquanto as aves são tratadas. NO caso de avós, recomenda-se sacrifício compulsório. Não é permitido, ainda, para a prevenção de salmoneloses, o uso de vacinas vivas (9R) ou inativadas em reprodutoras, embora esta seja uma prática comum e até obrigatória em alguns países. O uso de vacina em matrizes implicas em reação sorológica positiva nos  testes do programa de controle de qualidade e erradicação de pulorose e tifo aviário que, numa primeira análise, não poderão ser diferenciados da reação positiva decorrente de um surto de campo.