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Governo avalia escambo de carne suína por trigo da Rússia

A estratégia é pegar carona na quebra da produção de trigo argentino, principal fornecedor do Brasil.

Redação (05/02/2009)- Representantes dos produtores de Santa Catarina estão articulando com o Governo Federal a proposta de escambo entre o trigo russo e a carne suína brasileira para diminuir a pressão interna. A estratégia é pegar carona na quebra da produção de trigo argentino, principal fornecedor do Brasil e usar como moeda de troca pelo menos 50 mil toneladas de carne. A Rússia consome quase 50% da carne suína brasileira e é um dos maiores produtores mundiais de trigo. A troca também seria favorável aos russos, que viram suas divisas com petróleo e gás recuarem brutalmente nos últimos meses por causa da queda das commodities, reduzindo seu potencial de compra. No entanto, empresários do setor moageiro alertam que a troca pode ser desfavorável, pois além de ser inadequado para panificação – que é de longe o mais consumido -, o trigo russo pode saturar a oferta no mercado interno e derrubar mais os preços em plena safra.

Um dos articuladores da medida, o deputado federal (PSDB-SC) e presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, Valdir Colatto, calcula que as 50 mil toneladas de carne suína equivalem a R$ 150 milhões. Ele explica que a transação será realizada diretamente entre as empresas. "As cooperativas de Santa Catarina possuem condições de moer parte desse trigo e utilizar na produção de carnes. O que sobrar pode ser armazenado e negociado com algum moinho que se interessar", explica. Ele ressaltou que o suinocultor catarinense é o que enfrenta mais problemas com a queda nos embarques. "É uma medida momentânea".

Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, explica que o trigo russo é considerado de baixa qualidade e mais utilizado na produção de biscoito. Ele explica que o mercado brasileiro consome muito o tipo para panificação. "Do ponto de vista econômico, é mais adequado comprar o trigo do Canadá. Mas a proposta de troca precisa ser levada em consideração". Segundo informou, a commodity russa não sairia por menos de US$ 280 a tonelada. Já o trigo canadense chegaria por US$ 270 a tonelada tomando como base as cotações de terça-feira.