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Putin corteja líderes de países africanos e promete doar grãos

Moscou pode perder o posto de maior fornecedor de munições para nações africanas, dadas as grandes demandas pelos produtos provocados pela guerra

Putin corteja líderes de países africanos e promete doar grãos

Acontece nesta semana em São Petersburgo a cúpula entre Rússia e países africanos organizada por Moscou, um evento que deverá ser usado pelo presidente Vladimir Putin para tentar tranquilizar alguns dos aliados mais próximos da Rússia de que a guerra não compromete a capacidade do Kremlin de fornecer apoio militar e político ao continente.

Putin se reunirá nos próximos dois dias com funcionários de alto escalão de 49 países africanos, segundo o Kremlin.

Embora Putin tenha considerado alguns países africanos aliados cruciais após o isolamento ocidental provocado pela guerra, a decisão da Rússia na semana passada de se retirar de um acordo internacional que facilitou as exportações de grãos da Ucrânia pode afetar esse relacionamento.

Moscou também pode perder o posto de maior fornecedor de munições para nações africanas, dadas as grandes demandas pelos produtos provocados pela guerra. Como maneira de compensar a saída do acordo de grãos, Putin disse durante o discurso de abertura da cúpula que a Rússia enviaria até 50 mil toneladas de grãos gratuitamente para seis países africanos.

“Nos próximos meses, poderemos garantir o fornecimento gratuito de 25 mil a 50 mil toneladas de grãos para Burkina Faso, Zimbábue, Mali, Somália, República Centro-Africana e Eritreia”, disse Putin. As pressões acontecem em um momento em que os EUA e a China estão trabalhando para aumentar a influência no continente.

O comércio e o investimento da China e dos EUA na África superam em muito os da Rússia, cuja economia vem sendo fortemente afetada pela guerra e sanções ocidentais.

“Desde a invasão da Ucrânia e as sanções… vimos a Rússia realmente intensificar seu engajamento na África”, disse Joseph Siegle, diretor de pesquisa do Centro de Estudos Estratégicos da África na Universidade Nacional de Defesa dos EUA. “A cúpula é uma oportunidade para mostrar que a Rússia não está isolada, que mantém muitos aliados e que pode conduzir os negócios normalmente”.

As relações entre a África e Moscou mudaram após a guerra, com muitas nações africanas relutantes em condenar a invasão russa – um conflito que pesou nas economias de alguns países pobres. Algumas nações do continente – que compartilham da visão crítica de Putin sobre a ordem mundial liderada pelos EUA – estão ansiosos para apoiar Moscou em troca de apoio contínuo aos regimes autocráticos.

Outros países, em vez disso, adotaram uma postura neutra em relação à guerra na Ucrânia, semelhante a de muitos países em desenvolvimento em todo o mundo. Nas Nações Unidas, os países africanos estão divididos entre apoiar ou se abster em várias resoluções que condenam a invasão da Rússia na Ucrânia.

Um grupo de líderes africanos elaborou uma proposta de paz visando o fim da guerra, porém o plano não ganhou tração com nenhuma das partes envolvidas no conflito. A cúpula deste ano é claramente menor do que a cúpula russo-africana anterior em 2019. Mais de 40 chefes de estado participaram daquela reunião, em comparação com os 17 líderes que estarão presentes nesta semana em São Petersburgo, segundo o Kremlin.

A cúpula atual, originalmente programada para quatro dias, foi encurtada para dois dias. A Roscongress, organizadora do evento, não respondeu a um pedido de comentário para explicar o motivo da redução da agenda. No início deste mês, Putin teve que desistir de participar presencialmente da cúpula dos Brics que seria realizada na África do Sul em agosto devido a um mandado de prisão contra ele por supostos crimes de guerra na Ucrânia emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).

A África do Sul teria sido obrigada a prender o presidente russo caso ele chegasse ao país porque o país é signatário do estatuto que rege o tribunal.

Putin explica porque a Rússia saiu do acordo de escoamento de grãos ucranianos pelo Mar Negro

Na manhã de ontem (27), a TV Gessulli Agrimídia divulgou um vídeo onde o presidente Vladimir Putin explica os motivos da saída da Rússia do acordo de escoamento de grãos ucranianos pelo Mar Negro. “Esperávamos que nossos colegas estrangeiros finalmente começassem a cumprir integralmente os parâmetros e condições acordadas e aprovadas. No entanto, nada disso aconteceu”, disse.

Confira o vídeo na integra.