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Previsões para o mercado do milho

Veja a análise da próxima safra no Brasil e a demanda do milho na produção de aves e suínos.

Da Redação 20/06/2002 – O milho brasileiro voltou ao mercado externo com força em 2001, depois de vários anos ausente. O retorno provocou uma nítida mudança na estrutura de comercialização. Impulsionado por uma colheita de 42,5 milhões de toneladas e consumo interno na casa dos 36 milhões, o excedente foi escoado para exportação, que atingiu perto de 6 milhões de toneladas. Se a volta do milho ao cenário internacional pode ser saudada como um indicador da capacidade produtiva do Brasil no cereal e, também como uma boa perspectiva de mercado para os agricultores que conseguem lavouras de alta escala, ao mesmo tempo o fato preocupa setores das cadeias produtivas.

A avaliação é que as exportações num momento de preços baixos e, portanto, mais favorecidas pelo câmbio, cumpriram o papel de segurar a cotação interna e evitar perdas maiores nos preços recebidos pelos produtores. “Não fossem as exportações em 2001, hoje o mercado estaria numa situação muito difícil, discutindo como estimular o aumento da produção, pois os preços baixos recebidos pelo agricultor provocariam uma redução no plantio ainda maior do que a deste ano”, avalia Roberto Petrauskas, superintendente comercial da Cooperativa Agropecuária Mourãoense (Coamo), de Campo Mourão (PR).

Na safra 2000/01, a área cultivada foi de 12,5 milhões de hectares, com a produção total de 42,5 milhões de toneladas. Na safra 2001/02, prevê-se uma queda na área total plantada (plantio de verão e safrinha), para 11,6 milhões de hectares – redução 7% -, e na produção, para 37,6 milhões de toneladas.

Aves e suínos – As indústrias consumidoras argumentam que não há queda de demanda do cereal ao contrário, setores como o de rações para aves e suínos têm ampliado as compras. “O que tem ocorrido é a oscilação de safras”, afirma João Prior, secretário executivo do Sindirações. “Para que o mercado trabalhe mais equilibrado é preciso melhorar a relação de demanda da indústria com o volume de produção”. Segundo os empresários do ramo, uma primeira providência será ampliar os mecanismos de proteção de preços, como os contratos futuros. “Uma cultura como a do milho não pode depender apenas de São Pedro”, diz Roberto Kazuo Yamakado, gerente de logística e abastecimento da Corn Products Brasil, empresa que atua no processamento de ingredientes alimentícios derivados do milho e outros cereais.

Outra iniciativa, segundo Kazuo Yamakado, serão as cadeias produtivas definirem parâmetros de preços. Não é fácil contemplar os interesses, muitas vezes divergentes de cada lado. Mas o gerente da Corn Products relata um passo nessa direção. Na reunião entre representantes de agricultores e indústrias com o ministro Pratini de Moraes, em São Paulo, conseguiu-se estabelecer o valor de R$ 12,60 a saca, para agosto o preço, para a praça paulista de Campinas, pode servir como parâmetro para outras regiões, afirma Yamakado. Haverá uma pequena variação de R$ 0,20 para cada mês seguinte R$ 12,80, em setembro, R$ 13,00, em outubro, e daí por diante.

“Isso permite visualizar o que vai acontecer no mercado em termos de preço a partir de agosto deste ano. Ou seja, o mercado tem claramente definido que não conseguirá comprar milho abaixo desses valores”, afirma Yamakado. “Este será o preço mínimo. Embora haja setores da cadeia produtiva que discordem, considero excelente, principalmente porque se trata de preço FOB isto é, o produto entregue num determinado local e, a partir dali, livre de custos de transportes e taxas de exportação”.