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Brasil apresenta quadro de estagnação na produção de trigo

Moinhos brasileiros processaram 12,6 milhões de toneladas do cereal em 2022, praticamente o mesmo volume dos anos anteriores

Brasil apresenta quadro de estagnação na produção de trigo

No ano passado, 144 plantas industriais de moinhos brasileiros processaram cerca de 12,6 milhões de toneladas de trigo, de acordo com dados coletados pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo). Esse volume é praticamente o mesmo dos dois anos anteriores.

O presidente-executivo da Abitrigo, o ex-embaixador Rubens Barbosa, afirmou que a demanda por farinha de trigo permaneceu inalterada nos últimos quatro anos no país e, portanto, não há surpresa nos números da moagem.

“Mesmo em um período de diversas ocorrências que abalaram o cenário mundial do trigo, como o conflito entre Rússia e Ucrânia e também a quebra de safra na Argentina, que tiveram impacto direto sobre o preço da commodity, o consumo não sofreu uma mudança considerável. Isso mostra que, em um quadro em que a renda média da população está baixa, a demanda por farinha de trigo permanece estável”, diz.

Em 2021, os moinhos processaram 12,7 milhões de toneladas, e, no ano anterior, 12,6 milhões. O processamento do cereal rendeu 8,5 milhões de toneladas de farinha. O segmento de panificação e pré-misturas consumiu 42,7% desse volume. Depois, pela ordem, ficaram a indústria de massas (12,5%) e a de biscoitos (10%). O restante foi para uso doméstico e outros fins. A pesquisa da Abitrigo leva em consideração 60 moinhos associados à entidade. A entidade estimou o restante com ajuda de gestores, compradores de trigo, sindicatos e cerealistas.

Em 2021, 160 moinhos atuaram no país; em 2020, foram 156. Em termos de distribuição, também sem surpresas, o Paraná continua a ser o Estado com o maior número de moinhos do país — são, ao todo, 45 no total —, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 32 plantas. São Paulo tem 15 unidades e Santa Catarina, 13. Os Estados do Norte e Nordeste têm, somados, 20 moinhos, e 19 estão distribuídos entre Centro-Oeste, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Para 2023, o cenário indica que a oferta de trigo está garantida, mas há incerteza sobre os preços. “Apesar de a quebra da safra argentina ser metade do que se previa inicialmente, temos um crescimento da produção brasileira e também aumento da oferta da Rússia. A questão é que os preços devem continuar voláteis, o que dificulta a gestão dos moinhos”, diz Barbosa. O preço do trigo na bolsa de Chicago está agora nos níveis pré-guerra da Ucrânia. O executivo lembra, no entanto, que a Rússia ainda não assinou um acordo definitivo para permitir o escoamento da produção ucraniana pelo corredor de exportações do Mar Negro, o que deve gerar oscilação até o fim de maio. Além disso, o câmbio é um fator preponderante e tem impacto sobre as importações.

“O real se desvalorizou em relação ao real na semana passada, o que teoricamente facilita as compras do exterior. Mas, nesta semana, a cotação já voltou a R$ 5. Até onde vai? Como se programar?”, questiona Barbosa.

No ano passado, o Brasil importou 60% do trigo que utilizou. Metade disso saiu da Argentina, em linha com a média histórica.