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Gargalo perigoso

O grande desafio do agronegócio brasileiro hoje é modernização de sua estrutura logística.

Célio Gomes Floriani, diretor-presidente da Companhia de Armazéns e Silos de Minas Gerais

Redação AI 30/06/2004 – Nos últimos 15 anos o agronegócio brasileiro vem apresentado um extraordinário crescimento. Prova disso é a representatividade desse setor para a economia do País atualmente. Entretanto, os investimentos em infra-estrutura não têm acompanhado a evolução da produção e das exportações, sobretudo na área de grãos. Estradas ruins, ferrovias sucateadas, portos sem estrutura adequada para o escoamento da produção, sistema de armazenagem obsoleto e insuficiente. O grande desafio do agronegócio brasileiro hoje é modernização de sua estrutura logística. Um problema que se não for resolvido rapidamente poder comprometer o bom desenvolvimento e a competitividade desse importante setor.

Os problemas de infra-estrutura logística do agronegócio brasileiro foram amplamente debatidos no primeiro dia da jornada técnica do Avicultor 2004. A palestra proferida pelo diretor-presidente da Companhia de Armazéns e Silos de Minas Gerais (Casemg), Célio Gomes Floriani, foi uma das que mais chamou a atenção do público presente no evento promovido pela Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig). “O Brasil é hoje altamente  competitivo da porteira da fazenda para dentro. Quando sai da porteira da fazenda para fora, para levar os produtos para a agroindústria ou para exportar para outros mercados ele perde competitividade de preço em relação a países concorrentes como, por exemplo, a Argentina e os EUA”, afirma Floriani. Segundo ele, a solução desses gargalos de produção torna-se cada dia mais imperativo e inviabilizará o crescimento do agronegócio nacional caso não sejam resolvidos imediatamente. “Nosso País está evoluindo significativamente no agronegócio e esse é um desafio que crescerá se não viermos a tomar decisões que venham de encontro a essa grande carência brasileira”, adverte.

A situação é alarmante. Alguns dados apresentados por Floriani dão idéia da dimensão do problema. De acordo com o presidente da Casemg, o Brasil possui uma capacidade estática de armazenagem de grãos de 94 milhões de toneladas e uma capacidade real de armazenagem de 53 milhões de toneladas. Somente na última safra (2003/2004) o País produziu cerca de 140 milhões de toneladas de grãos.

O Brasil tem uma frota de caminhões de 1,8 milhão de veículos. Cerca de 70% dessa frota foi fabricada antes de 1990. Somente 9,4% da malha rodoviária nacional, que possui mais de 1,7 milhão de quilômetros, é asfaltada. “Esses caminhões velhos somados ao estado precário das rodovias brasileiras comprometem a competitividade do País uma vez que encarecem significativamente o preço de nosso frete”, comenta Floriani.

Já o transporte hidroviário (o País possui o maior mapa hidroviário do mundo com 42 mil quilômetros de rios navegáveis) é sub-aproveitado. A malha ferroviária nacional por sua vez, que possui uma extensão de 30 mil quilômetros, está quase em sua totalidade sucateada. São ao todo, apenas 37 portos públicos no País. “Priorizar a modernização da logística para o agronegócio é a alternativa e o grande desafio para que o Brasil continue a avançar de forma auto-sustentável”, adverte Floriani. “É preciso adequar rapidamente a infra-estrutura do País para acompanhar e sustentar o crescimento do agronegócio nacional”, conclui.