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Doux Frangosul admite adiar projeto

Além da turbulência econômica, pesam para a empresa a oferta de milho e os preços do frango.

Redação AI 05/08/2002 – Não é apenas a turbulência na economia nacional que está levando as indústrias a adiarem ou reverem seus planos de investimento. A perspectiva de um ano com dificuldades no abastecimento de milho, em decorrência do menor plantio, e o mercado menos favorável para o frango também pesam na decisão de empresas, como a Doux Frangosul, de Montenegro (RS).

“É preciso rever (os planos) até termos um quadro mais preciso”, afirma o diretor-presidente da empresa, José Augusto Lima de Sá. A Doux Frangosul tem em seus planos de investimento a construção de uma nova unidade, com abate de 110 mil aves/dia, orçada em R$ 30 milhões a R$ 40 milhões. Hoje, a empresa tem cinco abatedouros.

Em entrevista no mês de maio, Sá dissera que em 2003 a empresa teria “uma unidade com sotaque paranaense”. Ele não revela agora em quanto o cronograma de construção da nova fábrica será adiado, mas diz que “vai ficar um pouco mais pra frente”. “Certamente teremos expansão entre 2003 e 2005. Nosso projeto é de longo prazo”, acrescenta.

Segundo Lima de Sá, é necessário saber qual será a disponibilidade de milho para abastecimento e como ficará o mercado externo com as recentes alterações nas regras de importação de frango por parte da União Européia. “Esse é um momento de profunda turbulência. Seria irresponsabilidade fazer algo sem ter um quadro mais claro”.

Uma das preocupações do executivo é que a menor disponibilidade de milho e as recentes exportações do produto criam um cenário propenso à dolarização dos preços do grão.

As primeiras projeções indicam um recuo na área de milho na safra 2002/03. No Paraná, segundo o Deral, o recuo dever ser de 4,6%, para 1,420 milhão de hectares. Já a área de soja, com preços em alta devido à seca nos Estados Unidos e à desvalorização cambial, deve crescer 4%, para 3,4 milhões de hectares. “O milho pode cair ainda mais pois a soja continua em alta”, avalia Flávio Turra, da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).

O comportamento do mercado interno de frango também preocupa Lima de Sá. Para o executivo, é preciso saber como ficará o poder de compra do assalariado no próximo ano.

Na visão de Jurandi Machado, analista do mercado de carnes do Icepa (Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina), a indefinição em relação ao abastecimento de milho é uma variável que as indústrias do setor estão levando em conta na decisão sobre novos investimentos. Isso porque o grão corresponde a cerca de 60% dos custos de produção de aves e suínos.

Segundo Turra, a tendência é que as empresas mantenham os investimentos que já estão sendo executados. Os novos planos, porém, devem ser freados enquanto a situação econômica não estiver clara. “As empresas estão preocupadas também com o câmbio e em como ficará a economia no próximo governo”.