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Energia Renovável

Mato Grosso do Sul gera quase 90% da energia elétrica a partir de fontes renováveis

Principais matrizes são a solar e a biomassa; segundo agentes do setor, MS tem potencial de crescimento

Mato Grosso do Sul gera quase 90% da energia elétrica a partir de fontes renováveis

Mato Grosso do Sul desponta como um dos principais geradores de energia limpa no País. Ainda em processo de implantação, muitos projetos podem elevar a capacidade a níveis ainda maiores. 

Atualmente, a geração de energia renovável em Mato Grosso do Sul é responsável por 89,86% do total do potencial outorgado no Estado, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). As duas principais matrizes elétricas de MS são a geração por meio da biomassa e a solar.

Conforme os dados da agência, são 2.048 empreendimentos voltados à geração de energia elétrica em MS. Em que 1.954 tem o sol como fonte geradora; 38 utilizam fontes hídricas; outras 37 geram a partir da biomassa; e 19 são usinas térmicas (energia não renovável).

Para a biomassa são outorgados 2.498.312 quilowatts (kW) e para a solar são 2.218.153,16 kW, 38,96% e 43,88% do total, respectivamente. 

A capacidade instalada de geração a partir de todas as fontes atingiu a marca de 5.692.401,17 kW em agosto deste ano. Para completar o cenário energético de MS ainda são outorgados 399.120,01 kW de fontes hídricas e 576.816,00 kW de fonte fóssil não renovável.

Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o Estado tem outorgado 4,6 Megawatts (MW) de energia oriunda de fontes solares a serem construídas nos próximos anos. 

Conforme noticiado pelo Correio do Estado em junho, Mato Grosso do Sul tinha naquele período potência instalada de 358,5 megawatts, ocupando o 11º lugar. Em três meses, a capacidade distribuída aumentou 18,27%, passando para 424 MW, e subindo para o 10º lugar entre as unidades da Federação.

De acordo com Walfrido Ávila, presidente da Tradener, empresa que desenvolve projetos de geração de energia de pequeno e médio porte em vários estados do Brasil, todas as energias são complementares e importantes.

“A hidráulica é a principal porque tem muita água no País, e tem época que os reservatórios baixam, então é necessário certa compensação. Já a solar funciona somente durante o dia, outras fontes como a eólica acabam dobrando o custo de geração, e pode ser que tenha mais mercado caso baixe o preço de instalação”, comenta.

Solar

MS é uma unidade da federação com alto potencial de crescimento gerador principalmente com a fonte solar. 

“Mato Grosso do Sul e Mato Grosso são muito pródigos na geração de energia solar e estão dando uma lição por meio do agronegócio, com geração fora do sistema. Também há implantação de usinas grandes de até 10 MW que estão isoladas. Isso é muito bom porque abre o mercado. Em breve, as linhas chegam e vão se interligar a esses projetos concluídos, e o excedente pode ser negociado”, aponta Ávila.

Segundo ele, só nos próximos três anos, cerca de 1.000 megawatts de geração solar entram e operação no Estado.

Um desses projetos são as fazendas solares da Energisa Mato Grosso do Sul (EMS). A concessionária de energia elétrica presente em 74 municípios de MS informa que vai investir R$ 184,10 milhões em no projeto (re)energisa, com potencial de gerar 36,82 MW da fonte.

Presidente do Movimento Solar Livre, Hewerton Martins comenta que o cenário é extremamente positivo para a microgeração de energia solar até o fim do ano.

“A perspectiva é a corrida para colocar sistemas antes da taxação, e apresenta-se exponencial neste ano”, comenta.

Para ele, o potencial de Mato Grosso do Sul é enorme, mas muito difícil de ser mensurado por causa da instabilidade causada pela legislação. O dirigente acredita que é necessária uma revisão legislativa pelo Congresso Nacional para que haja estímulo do segmento no Brasil todo.

“Com a taxação, o crescimento muda muito. O que vemos é que, se a classe política alterar e melhorar a lei, a chance de continuarmos expandindo é muito grande”.

Martins diz que é difícil mensurar se o ritmo continuará acelerado a partir de 2023, por conta da promulgação da Lei nº 14.300, em 7 de janeiro de 2022. Segundo o texto da lei, os consumidores que produzem a própria energia renovável passarão a pagar, gradualmente, tarifas sobre a distribuição dessa energia, como é o caso da energia solar fotovoltaica, eólica, centrais hidrelétricas e de biomassa.

No entanto, a tributação será cobrada em sistemas de microgeração instalados a partir do primeiro dia do próximo ano. Aqueles que instalaram antes dessa data se beneficiarão das isenções até 2045.

“Não só por economia, mas por mérito ambiental, o mundo inteiro vai neste sentido. A energia solar descentralizada gera empregos em todos os municípios do Estado”, argumenta.

Biomassa

Conforme informações da Aneel, MS tem apenas um projeto de usina em obras com viabilidade considerada alta. 

O projeto da Suzano da Central Geradora a partir da biomassa de celulose deve fornecer energia para as plantas da gigante do setor e gerar em cada uma das três unidades geradoras 128 mil kW. 

Essa fonte ainda é a principal geradora de energia renovável, mesmo com o crescimento vertiginoso de unidades e microgeração solares.

Segundo a assessoria de imprensa da empresa, a produção de energia pela nova fábrica se traduz em autossuficiência com relação ao próprio consumo que as operações no Estado requerem.  

“Com potência instalada estimada de 466 MW médios, desse total, haverá um excedente potencial que pode chegar a 180 MW médios, o suficiente para abastecer uma cidade de 2,3 milhões de habitantes”, informa a nota.

Para a nova fábrica de Ribas do Rio Pardo, o processo de produção de energia elétrica ocorrerá pela produção de vapor nas Caldeira de Força e Recuperação Química, alimentando três turbinas acopladas aos seus geradores de energia elétrica.

Outro setor que puxa as fronteiras da energia renovável no Estado é o sucroenergético. Conforme a Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul), a geração por meio da biomassa de cana-de-açúcar deve crescer 365% em 2022.

O segmento atualmente conta com 17 unidades cogeradoras de bioeletricidade para consumo próprio. Dessas, 11 unidades (64%) exportam o excedente para o Sistema Interligado Nacional (SIN), que é responsável pela rede de distribuição de energia em todo o País.

Números da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) compilados pela Biosul, nos últimos sete anos, demonstram que a entrega de bioeletricidade a partir da cana por Mato Grosso do Sul saltou de 631 mil MWh (Megawatt-hora) para 2,3 milhões MWh.

O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, comenta que a geração de bioeletricidade a partir da biomassa de cana-de-açúcar é muito expressiva no Estado.

“Já temos usinas certificadas com o selo do RenovaBio e o governo do Estado reconhece o papel estratégico do setor sucroenergético para atingirmos a meta de nos tornarmos Estado Carbono Neutro até 2030”.