Fonte CEPEA
Milho - Indicador Campinas (SP)R$ 69,99 / kg
Soja - Indicador PRR$ 135,46 / kg
Soja - Indicador Porto de Paranaguá (PR)R$ 142,19 / kg
Suíno Carcaça - Regional Grande São Paulo (SP)R$ 12,73 / kg
Suíno - Estadual SPR$ 8,84 / kg
Suíno - Estadual MGR$ 8,45 / kg
Suíno - Estadual PRR$ 8,25 / kg
Suíno - Estadual SCR$ 8,28 / kg
Suíno - Estadual RSR$ 8,33 / kg
Ovo Branco - Regional Grande São Paulo (SP)R$ 136,39 / cx
Ovo Branco - Regional BrancoR$ 139,78 / cx
Ovo Vermelho - Regional Grande São Paulo (SP)R$ 149,48 / cx
Ovo Vermelho - Regional VermelhoR$ 151,41 / cx
Ovo Branco - Regional Bastos (SP)R$ 129,24 / cx
Ovo Vermelho - Regional Bastos (SP)R$ 143,92 / cx
Frango - Indicador SPR$ 8,13 / kg
Frango - Indicador SPR$ 8,15 / kg
Trigo Atacado - Regional PRR$ 1.183,48 / t
Trigo Atacado - Regional RSR$ 1.028,65 / t
Ovo Vermelho - Regional VermelhoR$ 143,24 / cx
Ovo Branco - Regional Santa Maria do Jetibá (ES)R$ 136,81 / cx
Ovo Branco - Regional Recife (PE)R$ 128,37 / cx
Ovo Vermelho - Regional Recife (PE)R$ 156,06 / cx

Revista

Anuário 2024/2025 Avicultura Industrial: "Segurança alimentar, produção verde, pratos vazios: o desafio brasileiro da fome e sustentabilidade"

Anuário 2024/2025 Avicultura Industrial: "Segurança alimentar, produção verde, pratos vazios: o desafio brasileiro da fome e sustentabilidade"

O Brasil, maior exportador de carne de frango do mundo, ocupa um papel estratégico na produção de alimentos. Com desafios internos relacionados à fome e desperdício, e demandas externas por sustentabilidade, o setor avícola brasileiro se equilibra entre garantir o acesso às proteínas e atender aos mercados internacionais.
A avicultura pode contribuir para um sistema alimentar mais eficiente e equilibrado, visto que desempenha um papel significativo na garantia da segurança alimentar, especialmente diante do aumento da demanda por proteínas. Segundo Sulivan Alves, diretora técnica da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a contribuição do setor começa pela definição de segurança alimentar. “Segurança alimentar significa garantir o acesso físico e econômico a alimentos seguros e nutritivos, suficientes para atender às necessidades e preferências alimentares de todas as pessoas, permitindo uma vida ativa e saudável. Nesse contexto, a avicultura tem uma contribuição expressiva, oferecendo carne e ovos, que são proteínas de alto valor nutricional e de menor custo relativo para diversas camadas da população brasileira e para outros países aos quais exportamos”, afirmou.
Alves também destaca que esses produtos se diferenciam por características que ampliam sua acessibilidade. “Os aspectos de saudabilidade desses alimentos são inquestionáveis, assim como sua facilidade de preparo e a ausência de restrições religiosas para o consumo”, explicou, reforçando como a avicultura se alinha às necessidades alimentares e culturais de diferentes mercados.

O Brasil é o segundo maior produtor e o maior exportador mundial de carne de frango. O país também é um grande produtor de ovos, ocupando o 5º lugar no ranking mundial

CONSUMO: Brasil: A carne de frango é a proteína animal mais consumida no Brasil com consumo per capita de 45,1 kg/hab; Ovos: Consumo per capita de ovos 242 unidades/habitante
LEGENDA: Fonte: dados

Alves, explica que o consumo de carne tem se deslocado para o frango. “O aumento da população, o crescimento econômico em países de renda média e as mudanças nas preferências dos consumidores tem elevado o consumo de carne de frango. Nos países em desenvolvimento com rendimentos mais baixos, isso é um reflexo do menor preço da carne de aves em comparação com outras carnes, enquanto nos países de alta renda isso indica um aumento da preferência por carnes brancas, que são mais convenientes de preparar e percebidas como uma escolha alimentar mais saudável e sustentável”, esclarece.

POR QUE O MUNDO TEM CONSUMIDO MAIS CARNE DE FRANGO?

Custo: a carne de frango é mais barata.
Saudabilidade: A carne de frango tem uma combinação mais equilibrada de proteínas e gorduras.
Sustentabilidade: os consumidores estão cada vez mais preocupados com questões ambientais e o impacto do seu consumo alimentar.


Diante desse panorama, considerando a posição da indústria avícola brasileira no mercado global, espera-se uma expansão tanto de sua atuação quanto de sua responsabilidade em relação à segurança alimentar, especialmente em regiões em desenvolvimento. O desafio será aumentar a produção de maneira sustentável, e o Brasil se destaca entre os poucos países capazes de atender a essa necessidade.

“Especialmente no Brasil há uma grande discussão a respeito de perdas de carcaças condenadas no processo de abate ou destinadas para outros usos por questões não sanitárias. Esse é um dos grandes temas em discussão setorial, já que os volumes de perdas em toneladas são significativos e muito superiores ao que se observa nas indústrias dos demais países. Trata-se muitas vezes uma questão de rigidez regulatória ou até mesmo de desconhecimento ou insegurança para a tomada de decisão de aceitação ou não de um produto como apto para o consumo humano”, enaltece Sulivan Alves.

A sustentabilidade desempenha um papel essencial na produção de proteínas animais, sobretudo no enfrentamento das perdas e do desperdício ao longo da cadeia produtiva. Para Alves é importante compreender as diferenças entre perda e desperdício no contexto alimentar. “A perda de alimentos abrange todas as etapas da cadeia de valor, desde o pós-colheita, abate ou captura, até o momento em que os produtos chegam ao varejo. Já o desperdício ocorre nas fases finais, como no varejo e no consumo, onde os alimentos acabam descartados”.
A diretora técnica da ABPA também enaltece o potencial da avicultura para contribuir com um sistema agroalimentar mais equilibrado. “A redução de perdas e desperdícios abre diversas oportunidades para tornar a produção mais sustentável. A estrutura da cadeia produtiva avícola, que no Brasil é totalmente integrada e verticalizada, permite maior controle sobre os processos, otimizando recursos e contribuindo diretamente para a segurança alimentar”, afirma.

Segundo Alves, práticas sustentáveis não apenas minimizam os impactos ambientais, mas também promovem maior eficiência em toda a cadeia produtiva, beneficiando tanto produtores quanto consumidores.

A avicultura brasileira, em sua maioria, opera de forma integrada e verticalizada, o que possibilita um controle mais eficiente dos processos, reduzindo perdas durante a produção e criando oportunidades para implementar práticas de economia circular de maneira eficaz.
Ao avaliar o conceito de perda na avicultura, é evidente que ainda há muito a ser trabalhado, porém quando se entende como perda o descarte gerado ao longo do processo produtivo, que originalmente seria destinado ao consumo humano, mas acaba sendo redirecionado para subprodutos, alimentação animal ou até mesmo eliminado, sendo assim, esse volume pode ser bastante expressivo na cadeia produtiva avícola.
Alves acrescenta que especialmente no Brasil há uma grande discussão a respeito de perdas de carcaças condenadas no processo de abate ou destinadas para outros usos por questões não sanitárias. “Esse é um dos grandes temas em discussão setorial, já que os volumes de perdas em toneladas são significativos e muito superiores ao que se observa nas indústrias dos demais países. Trata-se muitas vezes uma questão de rigidez regulatória ou até mesmo de desconhecimento ou insegurança para a tomada de decisão de aceitação ou não de um produto como apto para o consumo humano”.

A diretora técnica da ABPA ressalta que da mesma forma, quantificar e administrar o desperdício, é fundamental para a sustentabilidade.
O desperdício na avicultura ocorre principalmente na fase final do produto, englobando etapas como armazenamento, transporte e comercialização. Fatores como fluxos logísticos, gestão restrita de estoques, restrições de venda ou validade expirada são causas frequentes de perdas. Além disso, no consumo final, práticas culturais que descartam partes do produto consideram menos convenientes ou não comestíveis em certas regiões também reservadas para o aumento do desperdício.
“O Brasil como maior exportador de carne de frangos do mundo, possui acordo comercial com diversos mercados para exportação de seus produtos. Atualmente exportamos carne de frango para mais de 150 países, fornecendo a carne que vai ser apreciada por pessoas de diferentes hábitos culturais e religiosos. Isso oportuniza um melhor aproveitamento de todos produtos oriundos da avicultura”, justifica Alves.

Alves, esclarece que o interesse pela sustentabilidade pode ajudar os atores envolvidos na cadeia avícola a focarem nessa questão, até porque a busca pela redução de perdas e desperdícios na avicultura pode trazer melhorias mais amplas ao sistema produtivo, com impactos positivos para os 3 pilares da sustentabilidade: AMBIENTAL, ECONÔMICO E SOCIAL, resultando em melhor conscientização em aspectos diversos, mais eficiência produtiva, mais qualidade, melhor desenvolvimento econômico de todos envolvidos na cadeia produtiva, além de contribuir para a segurança alimentar. “Infelizmente, algumas perdas por muitas vezes não são devidamente quantificadas, o que dificulta uma análise apropriada de sua proporção e a tomada de ações para sua correção”.

O desafio de combater a fome

A avicultura brasileira se destaca por sua contribuição para o enfrentamento da fome e o fortalecimento de um sistema alimentar mais equilibrado. Alves, explica que o
setor tem avançado para atender à crescente demanda por proteínas, buscando melhorias nas diferentes etapas da cadeia produtiva. “A avicultura de corte possui a capacidade de produzir proteína em curto prazo e com menor necessidade de espaço físico em comparação a outras produções de carne. Essa característica foi essencial durante a 2ª Guerra Mundial, ajudando a enfrentar crises alimentares, e continua sendo uma vantagem significativa nos dias atuais”. A diretora, ressalta que podemos considerar três pilares tecnológicos fundamentais da produção avícola contemporânea: genômica, automação e visão computacional.

De acordo com Alves, uma das maiores iniciativas da avicultura com maior potencial de contribuição para um sistema agroalimentar equilibrado e consequentemente a redução da fome, foi possivelmente a evolução genética das aves atualmente empregadas na produção de carne. A genética de frangos de corte evoluiu significativamente nos últimos anos, passando de uma seleção simples baseada no ganho de peso para uma abordagem complexa e multifatorial, com o objetivo de produzir aves mais eficientes na conversão alimentar, o que reduz o consumo de recursos naturais e as emissões de gases do efeito estufa. A genética foi e ainda é uma das grandes entregas sustentáveis da avicultura e atualmente a genômica tem permitido avanços cada vez mais precisos. A eficácia produtiva das aves se completa com a eficiência no aproveitamento desses animais. Assim, a otimização de processo na criação e no abate se mostram como ações significativas.

Alves descreve que no campo, a nutrição de precisão, tem permitido a elaboração de dietas mais ajustadas às necessidades das aves, por meio de uma nutrição personalizada e de uma determinação mais acurada do valor nutritivo dos alimentos; da mesma forma, a zootecnia de precisão, especialmente para o monitoramento ambiental, tem evoluído bastante: o uso de sensores e monitores ambientais, para monitoramento de temperatura, umidade e fluxo de ar, e do comportamento animal permite ajustar controle do ambiente as melhorar as condições de bem-estar e produtividade das aves.
Já no processo de abate, ela informa que a automação vem tomando conta, desde a recepção das aves até o armazenamento do produto final, além da rastreabilidade cada vez mais completa. Uma novidade mais atual é o uso de inteligência artificial e visão computacional para avaliação de carcaças. É uma tecnologia ainda em desenvolvimento, mas que permitirá melhor acurácia e menor subjetividade nas avaliações de qualidade dentro do frigorífico.Mercado interno e exportações
O Brasil, apesar de ser um dos maiores exportadores mundiais de carne de aves, enfrenta desafios para equilibrar as demandas do mercado interno com as exigências internacionais. Sulivan Alves, diretora técnica da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), explica que o volume de exportações, que representa menos de 35% da produção total, não é o principal problema. “Nosso desafio é a necessidade de adaptar os processos produtivos aos critérios de mercados externos, que são muitos e variados. Essas adequações podem aumentar os custos de produção, afetando também os produtos destinados ao mercado interno”.
Ela, ainda, destaca que, embora o Brasil tenha uma posição consolidada no mercado global, o impacto dessas questões sobre os custos de produção é um tema central que precisa ser gerenciada para manter a competitividade tanto no país quanto no exterior.

Sanidade e bem-estar animal como pilares da avicultura

A biosseguridade e a sanidade têm papel estratégico na avicultura nacional, sendo indispensáveis para garantir a sustentabilidade do setor e a segurança alimentar. A diretora técnica ABPA, reforça que o compromisso com a saúde dos plantéis é uma das grandes responsabilidades pelo protagonismo do Brasil no mercado global.
“Não podemos falar de sustentabilidade sem considerar a sanidade. Para isso, iniciativas de disseminação de informações, como a campanha Brasil Livre de Influenza Aviária, são fundamentais para preparar uma cadeia produtiva e prevenir ameaças que possam comprometer a avicultura”, afirmou Alves que fundamenta que o fortalecimento das relações entre os setores público e privado é importante para abordar questões de biosseguridade e enfrentar possíveis crises. Além disso, planos de contingência foram implementados para estabelecer ações e comunicações claras em situações de emergência sanitária.
O bem-estar dos animais também se conecta diretamente à sustentabilidade e à segurança alimentar, compondo um tema que tem ganhado espaço nas agendas das empresas e no comportamento dos consumidores. “Esse fator é cada vez mais visto como um atributo de qualidade do produto. Investir em práticas como o manejo pré-abate e o abate humanitário não apenas atende às expectativas do mercado, mas também melhora o desempenho da produção”, elucida Alves indagando que “ao incorporar práticas de bem-estar animal, é preciso garantir que essas mudanças não gerem custos adicionais que dificultem o acesso à proteína de frango, especialmente no mercado interno”, esclarece.