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JBS chega perto da gigante americana de alimentos Tyson Foods

Com 120 unidades, a JBS somará um faturamento de US$ 21,5 bilhões.

Redação (06/03/2008)- Se a JBS-Friboi já era top no ano passado, com a compra da Swift – tornando-se a maior indústria de carne bovina do mundo – agora, se transforma em "über" (assim como a Gisele Bundchen), ao adquirir três outras empresas nos Estados Unidos e na Austrália. Com 120 unidades, a JBS somará um faturamento de US$ 21,5 bilhões, chegando perto da gigante mundial de alimentos, a Tyson Foods – estimado em US$ 25 bilhões. E somará abate diário de 79,2 mil bovinos, equivalentes a 10% do mercado mundial. A JBS também amplia a sua atuação como "empresa de alimentos", tanto em bovinos, quanto em suínos e ovinos, como também em alimentos prontos.
Na terça-feira à noite, a empresa havia anunciado, em comunicado ao mercado, a aquisição das americanas National Beef e Smithfield Beef, e da australiana Tasman, no valor total de US$ 1,68 bilhão. As compras, no entanto, ainda dependem da análise dos órgãos de defesa dos Estados Unidos e da assembléia geral dos acionistas da JBS. Para a efetivação das aquisições, a empresa fará oferta de ações – aumento de capital – no Brasil e nos Estados Unidos nos valores de US$ 1,5 bilhão, em cada país.
"Trata-se da conclusão do plano de investimentos na construção de uma plataforma de abates nos Estados Unidos e Austrália, que se iniciou com a compra da Swfit", disse o presidente da JBS, Joesley Mendonça Batista. Ele ressalta que a empresa tem comprado indústrias com mau resultado e transformando em bons. Por isso, a compra das três empresas está alinhada à melhoria da operação da Swift. As três companhias adquiridas acrescentam à JBS um abate de 24,3 mil bovinos por dia e possuem também confinamentos – alguns, conforme Batista, "quase que no quintal da Swfit". A estratégia da empresa, com a compra, é proporcionar uma sinergia das empresas, que resultará em uma redução de custos anual de US$ 132 milhões.
"Agora, a JBS só se compara com a Tyson, que é gigante em frango e suínos", afirma Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado, ressaltando que a empresa se tornou uma multinacional de alimentos. Ele acredita que, com esta presença global, não haverá lugar no mundo onde a JBS não consiga entrar. No ano passado, o presidente da Friboi havia afirmado que o próximo passo seria a Ásia. Para os analistas, com a ampliação da atuação na Austrália, o continente asiático está mais próximo.
O diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres, também acredita em uma mudança de perfil da JBS. "Com essas compras recentes, a empresa se aproxima mais com perfil da Sadia e Perdigão, que além de vender a carne, faz produtos prontos. Ou seja, consegue vender a carne por um valor maior", afirma. Para ela, a nova aquisição é também uma resposta a quem dizia que a JBS não ia "pagar a conta da Swift", quando, no ano passado, o valor médio da ação caiu – na abertura de capital estava avaliada em R$ 8. Segundo ele, a rolagem de uma dívida de US$ 750 milhões, recentemente, representou 19 dias de abate de empresa. "O muito ficou pouco diante do gigantismo".
A JBS só se tornou gigante quando comprou, no ano passado, a Swift americana. Para analistas de mercado, as aquisições naquele país decorrem dos problemas que as indústrias locais têm enfrentado, com relação à rentabilidade. "Os Estados Unidos passam também por crise de oferta", diz José Vicente Ferraz, diretor da AgraFNP. Ele lembra no entanto, que as aquisições são distintas. No caso da Swift, a empresa estava, de fato, com problemas financeiros. Das três adquiridas, apenas a National Beef tem endividamento: US$ 410 milhões. Agora, segundo ele, é mais uma questão de margem. "Sem dúvida, os frigoríficos brasilerios estão em melhor situação financeira", avalia o sócio-diretor da PricewaterhouseCoopers, Raul Beer. Ele ressalta que as compras fazem parte de um processo de concentração e profissionalização do setor, além da diversificação das fontes de matéria-prima, como forma de diminuir os riscos, tanto sanitários quanto cambiais.