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Governo e empresas vêem redução de investimentos

<p>Compra de insumos para 2005/06 recua e ameaça produtividade.</p>

Da Redação 19/05/2005 – O Ministério da Agricultura e o setor privado estimam produção de grãos menor na próxima safra (2005/06) do que na atual , estimada pela Conab em 113,687 milhões de toneladas. Ontem, na Agrishow Ribeirão Preto, Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura, disse que estima para 2005/06 alta de 1,1% na área plantada. Em 2004/05, a área cresceu 2,3%, para 48,46 milhões de hectares. Mas, como o ministério projeta uma redução do uso de tecnologias, é de se esperar queda da produtividade e, consequentemente, da produção, conforme frisou Rodrigues.

Carlo Lovatelli, presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), disse que ainda não tem previsão fechada para a próxima safra, mas aposta em reduções de área e do uso de tecnologias. Ele disse que a receita com exportações de soja, que nesta safra deve cair de US$ 10,1 bilhões para US$ 8,2 bilhões, deve comprometer investimentos em expansão de área.

Lovatelli, que também preside a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), estimou para a safra 2005/06 produção entre 54 milhões e 56 milhões de toneladas de soja, ante 51,3 milhões no ciclo 2003/4.

No fim de abril, a Abag enviou uma carta às empresas do setor de insumos para que aceitem renegociar as dívidas com os produtores. Lovatelli disse que as empresas já estão revendo caso a caso. “Não é o modelo ideal, mas a situação atual exige a postergação de débitos”. No início da semana, o ministro Rodrigues já havia dito que não haverá mais liberação de recursos para alongamento das dívidas. Além disso, colabora para conturbar o cenário a indefinição que cerca o Plano de Safra 2005/06 e o volume de crédito rural que será disponibilizado.

O novo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal, pediu nesta semana ao Ministério da Agricultura um tempo maior para reavaliar os principais aspectos do plano. Nesta análise, Portugal quer aprofundar os “estudos” sobre as demandas da Agricultura, como o aumento de 10% no volume de recursos para a próxima temporada, a manutenção dos juros subsidiados para o setor e o aumento dos preços mínimos na parcela dos custos variáveis.

Diante da “freada”, parlamentares e líderes ruralistas começaram a falar em “congelamento” da proposta de R$ 81,4 bilhões feita pelo setor ao governo em 13 de abril. A presidente da Federação de Agricultura de Tocantins, deputada Kátia Abreu (PFL-TO), diz que só será possível debater o novo plano se o governo resolver as pendências da atual safra. “Com duas frentes de negociação não avançaremos”.

O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, lembra que o “Pacote de Rio Verde”, anunciado em 2 de março, “ainda não saiu do papel”. “Sem resolver a crise atual, teremos graves reflexos na economia”, prevê, ao estimar queda de R$ 20 bilhões na renda do setor. Em Rio Verde (GO), o ministro Roberto Rodrigues garantiu R$ 3 bilhões para a comercialização da safra. Até agora, nada foi liberado pela Fazenda. A bancada ruralista “negocia” pelo menos R$ 1 bilhão com a votação de assuntos polêmicos no Congresso, já que o governo depende da oposição para aprovar temas de seu interesse. Numa reunião com ruralistas, em 27 de abril, no Planalto, o ministro Antonio Palocci, da Fazenda, foi bastante explícito ao condicionar a liberação de recursos ao setor à votação da Medida Provisória No. 242.