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Agroindústrias

Afetada por desempenho da BRF, Marfrig tem prejuízo de R$ 628 milhões

Agroindústria controla a dona das marcas Sadia e Perdigão desde abril do ano passado

Afetada por desempenho da BRF, Marfrig tem prejuízo de R$ 628 milhões

A Marfrig divulgou hoje que teve um prejuízo líquido de R$ 628 milhões no quarto trimestre de 2022, um resultado que é principalmente reflexo da perda de R$ 956 milhões registrada pela BRF no mesmo período. No quarto trimestre do ano anterior, a Marfrig havia apresentado um lucro de R$ 650 milhões.

Desde abril do ano passado, a Marfrig detém o controle da BRF, tendo adquirido cerca de 33% de participação no capital da empresa dona da Sadia. Se considerarmos apenas o desempenho da Marfrig, sem a inclusão dos resultados da BRF, a empresa teria obtido um lucro de aproximadamente R$ 330 milhões.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) consolidado da Marfrig alcançou R$ 2,2 bilhões no período, uma queda de 46,8% no comparativo anual, com margem Ebitda de 6%.

Excluindo o desempenho da BRF, houve uma queda de quase 70%, chegando a R$ 1,28 bilhão. A receita líquida da Marfrig aumentou 56,2% com a inclusão da BRF, totalizando R$ 37,4 bilhões, mas caiu 5% quando os números de sua controladora foram excluídos, chegando a R$ 22,7 bilhões.

A redução das margens operacionais nos Estados Unidos, em decorrência da redução da oferta de gado, continua pressionando o balanço da companhia na América do Norte.

A Marfrig opera na região com a National Beef. “A demanda também caiu um pouco devido ao impacto inflacionário, e as margens ficaram um pouco abaixo do planejado”, disse Tim Klein, CEO para a América do Norte.

As vendas na região caíram 10,3%, somando R$ 16,1 bilhões, enquanto o Ebitda caiu 81%, para R$ 751 milhões, com margem Ebitda de 4,7%. Na América do Sul, a virada do ciclo pecuário para uma tendência de aumento de oferta no Brasil e a forte demanda da China explicam o crescimento no quarto trimestre, segundo o CEO da operação, Rui Mendonça Junior. A companhia reportou avanços de 9,5% na receita, para R$ 6,6 bilhões, e 148% no Ebitda, que chegou a R$ 529 milhões.

Desempenho anual

A receita consolidada da Marfrig chegou a R$ 130,6 bilhões no acumulado de 2022, um aumento de 53% em relação ao ano anterior. Excluindo as vendas da BRF, o desempenho foi 4% maior que o de 2021, somando R$ 89 bilhões. O Ebitda consolidado caiu 12,3%, para R$ 12,7 bilhões, com margem de 9,8%.

Sem a BRF, o recuo foi de 38%, para R$ 9,1 bilhões. O lucro líquido anual da companhia foi praticamente o mesmo do ano anterior, totalizando R$ 4,2 bilhões. A Marfrig não informou qual teria sido seu lucro anual sem o impacto da BRF, que reportou prejuízos de R$ 451 milhões no segundo trimestre, de R$ 137 milhões no terceiro e de R$ 956 milhões no quarto trimestre do ano passado.

Perspectivas

Tim Klein projeta margens na América do Norte em 2023 melhores do que se previa no começo do ano, ainda que abaixo das observadas entre 2020 e 2021. Dois atrás, a empresa operava em patamares “excepcionais” devido à ampla oferta de animais. “Não há nada no horizonte que nos preocupe”, acrescentou.

Já Mendonça Junior afirma que a ampliação dos mercados internacionais deve favorecer os resultados da empresa. Ele confirmou que a indústria brasileira negociou uma cota de 100 mil toneladas com a Indonésia, ainda pendente de aprovação.

Nem o embargo temporário da China à carne brasileira esfriou as perspectivas da Marfrig, porque 6 de suas 13 plantas habilitadas a exportar para o mercado chinês estão fora do Brasil.

“Continuamos atendendo esses clientes e estamos negociando a preços superiores aos de antes da suspensão, na ordem de 10%”, disse. No ano passado, as exportações representaram 64% da receita total da América do Sul, sendo que 75% das vendas internacionais tiveram como destino China e Hong Kong.