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Quebra da soja pode frustrar supersafra

Produção recorde de 61 milhões de toneladas não deve se confirmar em razão de fatores climáticos e doença.

Da Redação 23/03/2004 – 05h47 – A grande safra brasileira de soja não vai ocorrer. Os brasileiros devem provar neste ano o amargor que os norte-americanos vêm sentindo há seis anos. Brasil e Estados Unidos, os dois líderes mundiais na produção de soja, vão ter quebra de safra de até 22 milhões de toneladas neste ano, o que representa 11% do consumo mundial previsto para o período. Esse volume é mais do que os 21 milhões de toneladas que a China importa.

Esse cenário está alterando completamente as negociações mundiais. Os preços atingem os maiores patamares dos últimos 16 anos e são bem superiores aos negociados no mercado futuro. Apesar de estar em plena safra e com grande oferta de produto, o Brasil é o principal prejudicado.

A demanda mundial por soja é forte. A mesma China que forçou a elevação nos preços do produto provocou reajuste de até 200% nos preços dos fretes marítimos em um ano. A soja brasileira, mais distante do mercado chinês do que a norte-americana, vale US$ 3 a menos por saca.

Fernando Muraro, da AgRural, de Curitiba, afirma que essa defasagem de preços não se deve, no entanto, somente aos fretes marítimos, mas ao “apagão logístico” que o país vive nos últimos anos.
A produção da soja brasileira está em localização distante, o transporte é precário -e dependente de rodovias- e o escoamento dos portos é incerto, o que força os importadores a pagar mais pelo produto dos Estados Unidos.

Quando a soja é negociada no mercado internacional, tem como referência os preços da Bolsa de Chicago. Os preços pagos pelos importadores podem ficar acima ou abaixo dos de Chicago, dependendo das condições de entrega desse produto.

O Brasil, neste momento, recebe preços inferiores aos de Chicago -um castigo pela ineficiência da infra-estrutura nas exportações do país. Ontem, por exemplo, a soja para maio foi negociada na Bolsa de Chicago a 1.055,75 centavos de dólar por bushel, mas os interessados em importar produto brasileiro só pagavam 935,75 centavos. Já a soja norte-americana era comercializada a 1.056,10 centavos.