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Soja

Estados do Sul buscam ajustes no calendário de plantio da soja

Argumento central é que essa janela de plantio mais curta acaba por limitar ou até mesmo impedir o cultivo de outras culturas antes da soja.

Estados do Sul buscam ajustes no calendário de plantio da soja

Os estados do Sul do Brasil – Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – estão solicitando ao Ministério da Agricultura a revisão dos calendários de plantio da soja. A mudança na janela de plantio para a safra 2023/24, com um período mais curto, tem causado preocupação entre os produtores da região, que acreditam que tal medida prejudica a viabilidade de suas operações.

A decisão atual estabeleceu um período de 100 dias consecutivos para a semeadura da soja, o que é considerado “arriscado” pelos estados sulistas devido às flutuações climáticas e às condições variáveis do solo. O parecer técnico encaminhado pelos três estados ao Ministério da Agricultura ressalta que a extensão da janela de plantio é necessária e também viável do ponto de vista fitossanitário.

O argumento central dos estados é que essa janela de plantio mais curta acaba por limitar ou até mesmo impedir o cultivo de outras culturas antes da soja. Essa restrição tem o potencial de gerar um impacto econômico significativo, especialmente para pequenos produtores de milho em grãos, milho silagem (utilizado para alimentação de gado leiteiro), feijão, tabaco, trigo e cevada.

A sugestão apresentada pelos estados é que o Ministério da Agricultura retome os calendários da safra passada, que permitiam o plantio entre 11 de setembro e 31 de janeiro no Paraná, de 21 de setembro a 10 de fevereiro em Santa Catarina e de 1º de outubro a 18 de fevereiro no Rio Grande do Sul.

Carlos Goulart, secretário de Defesa Agropecuária do Ministério, explicou que a decisão de encurtar o calendário foi baseada em informações técnicas, principalmente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), sobre a incidência da ferrugem asiática. A preocupação com esse fungo é o principal motivo para a adoção do vazio sanitário e da janela de plantio.

Ele destacou que a Embrapa forneceu informações que indicam anos de chuvas intensas e a previsão de um El Niño forte nos próximos anos, o que aumenta a incidência de ferrugem asiática. Isso justificou a decisão de ser mais conservador e encurtar a janela de plantio.

Apesar disso, o Ministério da Agricultura tem certa flexibilidade nas datas e pode fazer autorizações excepcionais para alterações. Contudo, essas mudanças devem ser embasadas em argumentos técnicos.

O ajuste nos calendários de plantio é uma questão crítica para a região. O Paraná, o segundo maior produtor de soja do país, viu a janela de plantio encurtar em 43 dias nesta safra, em comparação com a temporada anterior. Embora o número de focos de ferrugem tenha aumentado, ainda ficou abaixo da média dos últimos cinco ciclos.

Os estados do Sul, pioneiros em práticas de controle da ferrugem asiática, estão preocupados que o atual calendário possa impactar cerca de 1 milhão de hectares dos 5,7 milhões plantados com soja no Paraná. Isso afetaria áreas que normalmente cultivam milho ou feijão antes da soja, permitindo até três safras por ano.

A decisão final sobre a extensão do calendário de plantio da soja é aguardada com grande expectativa pela região Sul, e os produtores esperam que o Ministério da Agricultura considere os argumentos técnicos e as implicações econômicas antes de tomar sua decisão.