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Biomassa

Cajucultores querem ampliar o comércio da biomassa

Venda da madeira para fins energéticos é vista como saída econômica para tempos de baixa produtividade.

Cajucultores querem ampliar o comércio da biomassa

Fortaleza. Uma poda sustentável das copas, tanto traria compensação econômica considerável para os produtores de caju, quanto seria uma ação pertinente para o controle de praga que atinge os pomares. Além de vender a madeira para fins energéticos, a ideia é também se fazer o plantio de novas mudas.

Para defender essa iniciativa produtores e técnicos, numa parceria com o Sindicato dos Produtores de Caju do Estado do Ceará (Sincaju) e iniciativa privada promoveram no último dia 14, no Centro Experimental da Embrapa, em Pacajus, um encontro para discutir uma ação de conjunção de esforços em benefício da recomposição econômica-social da Cajucultura no Ceará.

O principal ponto da pauta se deu com o projeto de produção de biomassa com fins de oferta de energia originaria da madeira obtida dos tratos culturais do cajueiro(poda, corte e substituição de copas), estabelecendo preços e plantio de mudas do cajueiro anão precoce, renovando e pontuando os pomares do Estado num padrão mais competitivo internacionalmente.

Aquisição

O presidente do Sincaju, Paulo de Tarso Meyer Ferreira, disse que a iniciativa decorre de uma longa reflexão dos produtores para agir de forma rentável e emergencial. O primeiro aspecto foi contactar a iniciativa privada para adquirir a madeira por preços justos. Ele informou que já há uma empresa interessada na comercialização, inclusive comprometida a recompor os pomares com novas mudas. No entanto, disse que o nome será mantido em sigilo até a conclusão de todos os entendimentos com as partes envolvidas.

O fato é que não há impedimento de poda por parte dos órgãos de defesa ambiental, uma vez que não se trata de madeira protegida. Além disso, a poda não representa em corte total da árvore, pelo menos naquelas com menos de cinco anos de vida.

Com esse manejo, Paulo de Tarso diz que a expectativa é o aproveitamento dos 350 hectares de plantio no Ceará, especialmente nos municípios de Aracati, Pacajus, Itapipoca e Camocim. Inicialmente, o trabalho se daria em 90 hectares, já a partir do começo do próximo ano.

Na sua opinião, a medida melhora a cajucultura cearense, uma vez que se dará de forma racional e beneficiando diretamente o produtor, uma vez que agregaria valor à cadeia produtiva com aumento da renda familiar, proporcionando melhores condições de vida.

Praga

No tocante ao combate à praga, Paulo de Tarso também observa que ocorreria num momento em que os cajueiro sofrem com o oídio, espécie de penugem branca nas folhas e que atinge a produção do fruto. Houve, há algum tempo, uma mobilização para que o enfrentamento da doença acontecesse com pulverizações. No entanto, até o momento o serviço não pôde ser realizado, o que tem penalizado ainda mais os produtores.

A crítica é endereçada ao governo do Estado, uma vez que os pleitos para a aquisição de atomizadores demanda há algum tempo, sem que tenham sidos postos em atividade.

O titular da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Nelson Martins, se defende. Ele afirma que todos os pleitos encaminhados ao governo do Estado para a retomada do desenvolvimento da cajucultura não somente foram atendidos, como ampliados. Exemplifica com os investimentos no setor para a substituição de copas, que antes era de R$ 1 milhão, e agora passou para R$ 3 milhões. Nos dois últimos anos, conforme Nelson, o custeio mantido pelo Estado somou R$ 5 milhões. Ao mesmo tempo, duplicou o número de ofertas de mudas do cajueiro anão precoce: de 400 mil, passou-se para cerca de 800 mil.

Contudo, admite que há ainda um gargalo no combate ao oídio por meio da pulverização. Apesar de ter havido licitação e compra dos equipamentos, ainda não estão sendo utilizados, em decorrência da falta de liberação pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Tradicionalmente, a pulverização é feita com enxofre cedo da manhã. Mas esse procedimento, segundo o secretário, não foi autorizado pelo governo federal.

Apesar disso, Nelson é também um defensor da poda sustentável. Ele entende que não trazendo prejuízos é uma saída viável para o setor. Enquanto não se define sobre qual o produto químico se utilizará para neutralizar o oídio, os produtores querem pressa e o atalho mais razoável é do corte da biomassa.