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Biocombustível

Gerdau visa mercado de veículos elétricos

Grupo aplica R$ 700 milhões na siderúrgica de aços especias de Pindamonhangaba (SP) para ter aço mais puro, reduzir custos e emitir menos CO2

Gerdau visa mercado de veículos elétricos

Para se modernizar tecnologicamente, obter ganhos de produtividade e estar em linha com as novas demandas de aços com a qualidade exigida pela indústria de mobilidade elétrica, a Gerdau está colocando em marcha um investimento de R$ 700 milhões em sua unidade de Aços Especiais de Pindamonhangaba (SP).

O aço especial, diferentemente do aço longo carbono usado na construção, tem como principal destino o mercado automotivo – no Brasil, a maior fatia vai para veículos pesados (caminhões e ônibus). Mas atende também veículos leves. Esse mercado representa 80% das vendas, via autopeças, sistemistas e montadoras. O restante (20%) vai para aplicações industriais e para energia eólica.

Com o investimento, a usina de Pinda, como é conhecida, instalou novo equipamento de produção do aço, cuja matéria-prima essencial é sucata de aços especiais vinda tanto de material em fim de vida, quanto de fontes geradoras (sobras de linhas industriais de clientes e outros). “A empresa está se preparando, e se antecipando, para o novo cenário da indústria automotiva, com veículos híbridos e elétricos. Não podemos deixar faltar aço”, diz Rubens Pereira, vice-presidente da divisão de Aços Especiais da Gerdau no Brasil.

Além disso, as montadoras começam a buscar fontes locais, ou regionais, de fornecimento de peças, visando evitar problemas como o dos chips. O investimento abrange na totalidade a construção de um novo prédio e a instalação de um equipamento, com última geração de tecnologia, e com elevado nível de automatização, para produção de tarugos e blocos. “Passamos a fazer uma aço bem mais puro (clean steel) que, além de custos menores e maior produtividade, tem menor emissão de carbono (CO2)”, diz Pereira. “Estamos acompanhando na Gerdau a evolução da demanda e a transformação tecnológica do segmento automotivo. Nos últimos anos, a empresa passou por profunda transformação cultural e digital, que a tornou ainda mais focada em pessoas, mais digital, inovadora, diversa e inclusiva”, diz Gustavo Werneck, CEO da Gerdau. O grupo, com esses investimentos – em Pinda, Mogi das Cruzes (SP) e Charqueadas (RS) – está modernizando suas instalações de aços especiais no Brasil, num pacote de R$ 1 bilhão.

Outros investimentos virão nos próximos dois a três anos, concluindo o programa em 2025. A atualização tecnológica de Pinda está alinhada às perspectivas futuras de aumento da matriz de veículos elétricos e híbridos no Brasil, destaca Pereira.

O executivo, engenheiro eletrônico formado pelo ITA e com MBA no americano MIT, veio para a Gerdau há dois anos. Ele construiu parte da carreira em consultorias (BoozAllen e BCG). Após isso, tem 14 anos de Cargill e dois de BRF. A usina de Pinda, que foi fundada pela Aços Villares há várias décadas, passa a ter uma capacidade anual de aço bruto de 700 mil toneladas, empregando 2,3 mil pessoas. Esse investimento, afirma o executivo, reforça a presença da Gerdau em seus mercados, com visão otimista para o setor automotivo do país. “A médio e longo prazo, o setor terá seus níveis de produção recuperados”. A divisão de Aços Especiais responde por cerca de 15% da receita total da Gerdau – no primeiro semestre, com vendas de 843 mil toneladas gerou receita de R$ 6,87 bilhões, somando as operações de Brasil e EUA.

O negócio, no Brasil, representa quase 50% da divisão. Pouco mais da metade fica com a operação dos EUA, que conta também com três usinas de aço. Segundo Pereira, da produção nas três usinas brasileiras, de 15% a 20% é exportado, principalmente para a Argentina (metade dos embarques), onde estão importantes clientes automotivos. A outra fatia vai para EUA, México e Europa. A empresa envia produtos de bitolas maiores ao mercado americano.