
O setor da avicultura brasileira apresenta um cenário positivo nesta primeira semana de maio, impulsionado pelo aumento do poder de compra do consumidor no mercado interno e pelo excelente desempenho das exportações de carne de frango e ovos. É o que apontam os mais recentes levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Frango
Os preços do frango abatido têm registrado avanços no atacado da Grande São Paulo neste início de maio. De acordo com colaboradores consultados pelo Cepea, esse movimento de alta está diretamente relacionado ao aumento do poder de compra do consumidor brasileiro, impulsionado pelo pagamento de salários, e à proximidade do Dia das Mães, data que tradicionalmente estimula as vendas no setor avícola.
No mercado externo, os embarques brasileiros de carne de frango se mantiveram estáveis de março para abril. No entanto, a receita em Reais obtida pelos exportadores atingiu um recorde para o mês, conforme a série histórica da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), iniciada em 1997. Pesquisadores do Cepea destacam que esse excelente desempenho financeiro foi garantido pela valorização do dólar frente ao Real e pela alta no preço médio dos produtos exportados.
Preços no varejo (08/05):

Ovos
Os embarques brasileiros de ovos, incluindo produtos in natura e processados, continuaram a crescer em abril, mantendo a tendência de avanço observada desde o início do ano. Segundo pesquisadores do Cepea, o aumento nas exportações foi impulsionado, pelo segundo mês consecutivo, pela forte demanda dos Estados Unidos.
Em abril, os Estados Unidos se consolidaram como o principal destino dos ovos brasileiros, sendo responsáveis por receber 65% de todo o volume escoado. De acordo com dados da Secex, compilados e analisados pelo Cepea, o Brasil exportou 4,34 mil toneladas de ovos in natura e processados em abril, um volume 15% superior ao registrado em março de 2025 e expressivos 271% acima dos volumes de abril de 2024. O volume destinado aos Estados Unidos atingiu 2,86 mil toneladas de ovos (in natura e processado), um forte aumento de 45% em relação ao volume de março.
Preços médios de ovos brancos (08/05):

Preços médios de ovos vermelhos (08/05):

Perspectivas
O setor avícola brasileiro segue positivo no curto prazo, impulsionado pela expectativa de aumento no consumo interno devido ao Dia das Mães e pela continuidade do forte desempenho das exportações de carne de frango e ovos, sustentadas pela valorização do dólar. No entanto, o setor deverá permanecer atento aos custos de produção, especialmente em relação aos preços do milho e da soja, principais componentes da ração, e à evolução da demanda internacional, que tem sido um importante motor para o escoamento da produção nacional.
Fatores que influenciam o mercado:
- Custos de produção: Os preços da ração (milho e farelo de soja) representam a maior parcela dos custos de produção na avicultura, impactando diretamente a rentabilidade do setor e os preços finais dos produtos.
- Demanda interna: O poder de compra da população brasileira, influenciado por fatores econômicos como inflação e emprego, afeta o consumo de carne de frango e ovos no mercado doméstico.
- Exportações: O volume de carne de frango e ovos exportado pelo Brasil, bem como as condições do mercado internacional (preços, demanda de outros países, taxas de câmbio e barreiras comerciais), exercem grande influência sobre a produção e os preços internos.
- Sanidade animal: A ocorrência de doenças e a implementação de medidas sanitárias rigorosas são cruciais para garantir a qualidade dos produtos avícolas e a competitividade do Brasil no mercado internacional.
- Política econômica e câmbio: As políticas governamentais para o setor agropecuário, as taxas de juros, a inflação e, principalmente, a taxa de câmbio impactam os custos de produção, a competitividade das exportações e o preço final dos produtos para o consumidor.
Aquicultura: mercado da tilápia mantém ritmo de alta em abril

O mercado da tilápia, um dos principais pilares da aquicultura nacional, encerrou abril com um cenário de valorização em diversas regiões produtoras, conforme dados do mais recente levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em parceria com a Peixe BR. O mês, tradicionalmente aquecido para o setor, demonstrou uma dinâmica positiva tanto para produtores quanto para a indústria.
Na região dos Grandes Lagos, o preço médio da tilápia registrou um aumento significativo de R$ 1,00, fechando a semana com a cotação de R$ 8,13 por quilograma. No norte do Paraná, a valorização foi mais modesta, com um acréscimo de R$ 0,06, elevando o preço médio para R$ 8,67. O oeste do Paraná também acompanhou a tendência de alta, com um aumento de R$ 1,00, e o preço médio atingiu R$ 7,44. Minas Gerais apresentou um panorama interessante. Em Morada Nova de Minas, o preço médio da tilápia teve um expressivo aumento de R$ 2,00, chegando a R$ 8,46. Em contrapartida, na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, houve uma leve retração de R$ 1,00, com o preço médio fixando-se em R$ 8,32.
A análise do Cepea aponta que, mesmo após o período da Semana Santa, conhecido por impulsionar o consumo de pescado, a trajetória de alta nos preços da tilápia se manteve. Esse cenário reflete uma boa demanda e um fluxo comercial consistente ao longo de abril.
Quanto ao mercado de peixes nativos, a movimentação se mostra mais lenta, porém com preços sustentados em patamares elevados. A baixa oferta de produto no mercado é o principal fator que mantém essa estabilidade nos valores.
Um ponto de atenção para o setor da tilápia nas próximas semanas é a chegada da primeira frente fria mais intensa na região sul do país, com reflexos também no sudeste. A expectativa é que a ocorrência de um inverno mais típico em 2025 impacte a produção de peixes, normalizando um cenário atípico observado no ano anterior. Essa mudança climática poderá influenciar a oferta e, consequentemente, a dinâmica de preços no mercado.
Preços médios da tilápia em 02 de maio:

Grãos: Soja e Milho sob pressão da colheita e demanda, Trigo em alta na entressafra

O mercado de grãos no Brasil apresenta cenários distintos para soja, milho e trigo, conforme apontam os levantamentos do Cepea. A soja e o milho enfrentam pressão de baixa nos preços, enquanto o trigo registra valorização impulsionada pela entressafra.
Soja
A colheita avançada da safra 2024/25 no Brasil e na Argentina, juntamente com o clima favorável ao plantio da temporada 2025/26 nos Estados Unidos, tem exercido pressão sobre os prêmios de exportação da soja. Segundo pesquisadores do Cepea, essa dinâmica, somada ao vencimento de custeios no final de abril, elevou pontualmente o interesse de venda nos portos e no mercado spot brasileiro, superando a demanda existente.
Apesar desse cenário de baixa, o Cepea ressalta que muitos vendedores demonstram preferência por negociar contratos a termo, aguardando melhores preços nos próximos meses. No campo, a colheita segue em ritmo acelerado. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reportou que, até 26 de abril, 94,8% da área nacional de soja já havia sido colhida, um avanço significativo em relação aos 90,5% registrados no mesmo período de 2024. Na Argentina, o otimismo dos produtores cresce à medida que as áreas recém-colhidas apresentam maior produtividade em comparação com as áreas precoces. A Bolsa de Cereales indicou que 23,6% da área argentina havia sido colhida até 29 de abril.
Confira os valores da soja (08/05):
- Paranaguá: R$ 132,52
- Paraná: R$ 127,88
Milho
A demanda enfraquecida continua a pressionar os preços do milho no mercado brasileiro, conforme análise do Cepea. Consumidores priorizam a utilização de seus estoques e aguardam novas desvalorizações, sustentados pela expectativa de uma boa colheita da segunda safra. O clima favorável tem contribuído para o desenvolvimento satisfatório das lavouras na maior parte das regiões, projetando um aumento na produção em relação à temporada anterior.
Pesquisadores do Cepea observam que, embora os vendedores estejam atentos ao desenvolvimento da safra, mostram-se mais flexíveis nas negociações, tanto em relação aos preços quanto aos prazos de pagamento. Esse comportamento pode refletir o receio de novas quedas nos preços, diante do cenário atual de maior oferta, clima favorável e demanda retraída. O ritmo de negócios no mercado interno permanece lento. Em abril, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (região de Campinas – SP) acumulou uma baixa de 8,6%.
- O valor do milho (08/05) é de R$ 75,93
Trigo
Diferentemente da soja e do milho, os preços do trigo registraram alta no mercado interno durante o mês de abril. Segundo o Cepea, esse movimento foi impulsionado pela oferta restrita, uma característica típica do período de entressafra. Diante desse cenário, as médias mensais de preços foram as maiores do ano nos estados acompanhados pelo Cepea.
Dados do Cepea revelam que, em abril, o valor médio do trigo no Rio Grande do Sul atingiu R$ 1.469,93/tonelada, o maior patamar desde setembro de 2024 em termos reais (médias deflacionadas pelo IGP-DI). Em Santa Catarina, a média foi de R$ 1.478,46/t, a mais alta desde novembro de 2024. No Paraná, a média de abril alcançou R$ 1.564,46/t, a maior desde outubro de 2024. Em São Paulo, a média de R$ 1.669,45/t representou o maior valor desde setembro de 2024.
No entanto, o Cepea ressalta que a liquidez no mercado de trigo foi baixa ao longo de abril. Produtores concentraram seus esforços nas atividades de campo, enquanto muitos compradores se mantiveram afastados, indicando estarem bem abastecidos.
Confira os valores do trigo (08/05):
- Paraná: R$ 1.588,57
- Rio Grande do Sul: R$ 1.461,07
Perspectivas
O mercado de grãos indica que a pressão de baixa sobre a soja e o milho deve persistir no curto prazo, influenciada pelo avanço da colheita na América do Sul e pelas expectativas de uma boa safra nos Estados Unidos, além de uma demanda interna ainda tímida para o milho. Para o trigo, a tendência de alta nos preços pode se manter durante o período de entressafra, embora a baixa liquidez observada em abril possa limitar movimentos mais expressivos. O mercado seguirá atento ao desenvolvimento climático nas principais regiões produtoras, à evolução da demanda interna e externa, e aos impactos de fatores macroeconômicos sobre os preços dos grãos.
Fatores que influenciam o mercado:
- Clima e produção: Condições climáticas nas principais regiões produtoras globais impactam diretamente as expectativas de safra e a oferta dos grãos.
- Demanda global: A demanda por grãos para alimentação humana e animal, produção de biocombustíveis e uso industrial em diferentes países influencia os preços internacionais e, consequentemente, o mercado interno.
- Taxa de câmbio: A variação cambial afeta a competitividade das exportações brasileiras de grãos e o custo das importações de insumos agrícolas, impactando os preços no mercado nacional.
- Política agrícola e subsídios: As políticas governamentais de apoio à agricultura, como subsídios, linhas de crédito e programas de garantia de preços, podem influenciar a produção e a comercialização dos grãos.
- Mercado futuro e especulação: As negociações em bolsas de mercadorias e futuros, bem como a atuação de fundos de investimento e outros agentes especuladores, podem gerar volatilidade nos preços dos grãos.