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Evento vai unir culinária e peças de couro de avestruz

Mostra que começa dia 24 apresenta cortes da ave, roupas e objetos.

Redação AI 16/09/2002 – As grifes Avestro e Struzzo promovem no dia 24, em São Paulo uma mostra dos principais cortes de avestruz e de roupas e objetos elaborados com o couro da ave. O evento, que será realizado no Espaço Santa Maria Gourmet, terá ainda a degustação de pratos à base de carne de avestruz.

As grifes Avestro, que cuida do abate, comercialização, importação e distribuição de carne, e Struzzo, que faz o beneficiamento e colocação no mercado do couro, pertencem às empresas Avestruz & Cia e Vereda dos Avestruzes, dois dos maiores produtores brasileiros.

O objetivo do evento, segundo Homero Setti, vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de avestruz e diretor da Avestro e Struzzo é fechar negócios com empresas interessadas em comercializar os produtos expostos.

A Avestro iniciou este ano a colocação de cortes de avestruz em restaurantes paulistanos e desenvolve com a Ceratti uma série de embutidos com carne de avestruz que devem chegar ao mercado no inicio do próximo ano, época em que também pretende já ter volume suficiente para começar a distribuição em supermercados.

Os negócios com a carne do avestruz no Brasil ainda são pequenos e os produtores estão mais preocupados com a formação do plantel que gira hoje, segundo Setti, em torno de 50 mil cabeças em todo o País. “Como o plantel é muito novo, apenas 7 mil fêmeas alcançaram a idade da reprodução, que se dá por volta dos dois anos.” Apesar de ser uma atividade nova, a criação de avestruzes está espalhada por praticamente todos os estados brasileiros, embora praticamente metade dela se concentre em São Paulo.

No evento em São Paulo estarão expostas peças de vestuário, bolsas, sapatos, cachepots, porta-copos, caixas de charuto e de jóias, entre outras. Setti explica que neste primeiro momento, a Struzzo resolveu investir mais em objetos do que em vestuário porque, segundo informações da Klein Karoo, uma das maiores cooperativas de criadores de avestruz do mundo, com sede na África do Sul – com cerca de 300 mil peças de couro beneficiados por ano -, este ano não houve muita demanda no setor. “Mas a Klein Karoo já nos informou que para o próximo ano será diferente, porque tem recebido muitos pedidos das principais grifes de moda do mundo”, completa.

A matéria-prima usada na confecção dos objetos é tanto de couro importado como do nacional que, por enquanto, ainda não alcançou a mesma qualidade. “Atualmente só temos dois curtumes, um em São Paulo e outro no Rio Grande do Sul, os empresários ainda estão aprendendo a lidar com a atividade e ainda não há volume suficiente que justifique grandes investimentos”, diz Setti. Mesmo assim, segundo ele, “é importante começar o trabalho agora, para que possa ser criada uma marca brasileira, e é este o objetivo da Struzzo.”

O couro do avestruz já chegou a representar em todo o mundo cerca de 70% do valor da carcaça, com 25% para a carne e 5% para penas e outros derivados. Mas, com as crises de febre aftosa e da “vaca louca” na Europa, este quadro mudou. “Os europeus, que consideravam a avestruz um alimento exótico de que faziam pequenas importações, passaram a substituir a carne de boi por ela e hoje ela divide meio a meio com o couro o valor da carcaça”, conta Setti.

Além de vender peças produzidas com o couro da avestruz, a Struzzo pretende também vender o couro em si, que importa da Klein Karoo. Setti calcula que o couro tipo 1, de tamanho médico (em torno de 150 decímetros quadrados) deve chegar ao Brasil cota em cerca de US$ 400. O couro do avestruz é classificado por sua qualidade, do nível 1 ao nível 4, com exceção das peles rejeitadas.

A carne do avestruz tem proteína de excelente qualidade, é rica em ferro e em ômega-3 e tem baixíssimos teores de colesterol e gordura. No Brasil, pode ser encontrada em 16 cortes, dos quais os três principais serão mostrados no evento em São Paulo: o “fan”, do meio da sobrecoxa; o “oister”, da parte traseira também da sobrecoxa; e o “back”, da parte das costas da ave, A perspectiva brasileira é do abate de 8,7 toneladas de carne de avestruz nos próximos 12 meses.

As plumas do avestruz (o Brasil é o maior consumidor mundial) também é um negócio lucrativo para o segmento. “Só nos falta ter quantidade suficiente para entrarmos também neste mercado”, completa.