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BM&F amplia negócios com a China

Para aproveitar o aumento do comércio entre o Brasil e a China a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) instalou um escritório em Xangai, no país asiático, e pretende estreitar as relações com os chineses.

Da Redação 13/11/2003 – 05h30 – Segundo informou Manoel Felix Cintra Neto, presidente da bolsa paulista, o principal produto negociado para a China é a soja e a expectativa de traders é de que o volume aumente nos próximos anos.

“Para os chineses a presença física é mais importante do que mil palavras”, disse Cintra Neto que retornou esta semana da China para finalizar acordo com a Bolsa de Xangai para intermediar os negócios com soja e outros produtos agropecuários. A BM&F está se instalando em um escritório no prédio do Bank of China, no lado novo da cidade de Xangai, a um preço de US$ 5 mil mensais. Cintra Neto disse que, pela cultura dos asiáticos, a presença física é muito importante para a consolidação dos negócios com o Brasil.

Operações de hedge

A bolsa paulista, segundo o presidente, também está em contato com a Bolsa de Rosário, na Argentina, para que as duas operem com os chineses na comercialização de soja e operações de hedge. “Os chineses têm muito interesse na soja sul-americana e não ligam se é ou não transgênica”, disse ele.

Base brasileira

Além de passar a funcionar como base da BMF na China, o escritório de Xangai funcionará como escritório de suporte de empresas exportadoras brasileiras. “Será uma referência do comércio do Brasil na China”, informou.

Além da soja, produtos como café, milho, açúcar e álcool são outras opções de comercialização para a Ásia. Segundo Cintra Neto, com a entrada da BMF em Xangai os chineses também passam a ter maior segurança em termos de preço porque atualmente todo tipo de hedge é praticamente feito na Chicago Board of Trade (CBoT). No entanto, como a colheita de soja norte-americana é feita na entressafra do Brasil, um efetivo instrumento de garantia de preços seria mais aconselhável no Brasil ou mesmo na Argentina, informa Cintra Neto, porque afinal é daqui que vai sair a produção. “Serão vantagens para ambos lados.”

A própria CBoT, segundo Cintra Neto, propôs um acordo com a BMF para que seja feita arbitragem entre a bolsa norte-americana e a paulista. Mas os contratos negociados de soja na BMF, porém, ainda são em pequeno número o que significa que ainda não há liquidez. “A expectativa porém é de que haja aumento dos negócios”.

Cintra Neto explicou que todo o material de divulgação da bolsa na China – vídeos e folders basicamente – estava traduzido para o mandarim. “O inglês é língua oficial e não teríamos problema com isso, mas deixar na própria língua local é uma maneira de nos aproximarmos”, informou ele.

Saída para o Pacífico

O maior volume de comercialização com os chineses poderá, na opinião de Cintra Neto, fazer com que governos e iniciativa privada viabilize nos próximos anos a chamada saída para o Pacífico, ou seja, investir na infra-estrutura de transporte e armazenagem de produtos para que as mercadorias produzidas no Brasil que se destinem ao mercado asiático possam ser escoadas por algum porto da América do Sul do Oceano Pacífico.

Segundo projeto elaborado por técnicos e professores da Esalq/USP e Fundação Getúlio Vargas (FGV) além de outros convidados, a pedido da BMF, o custo estimado da empreitada seria algo em torno de US$ 10 bilhões, dos quais US$ 1,8 bilhão em investimento inicial em infra-estrutura, insumos, máquinas e equipamentos para transformação agrícola.

Os investimentos públicos estão previstos em 10% (US$ 1,8 bilhão), com possibilidades de retorno em pouco tempo na medida em que há a previsão de aumento do PIB em cerca de US$ 20,2 bilhões.