Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Economia

Bancos começam a diminuir as taxas de juros nos empréstimos agrícolas

Redução da taxa básica de juros (Selic) será refletida em reduções proporcionais de taxa variável de curto prazo, de acordo com executivos do Santander e Bradesco. 

Bancos começam a diminuir as taxas de juros nos empréstimos agrícolas

A redução da taxa Selic em 0,5 ponto percentual, aprovada na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, será refletida em reduções proporcionais nas taxas de juros dos empréstimos agrícolas de taxa variável de curto prazo, de acordo com executivos do Santander e Bradesco. No entanto, para os empréstimos de investimento com prazos superiores a um ano, não se espera mudanças imediatas, devido às projeções de aumento a longo prazo.

Carlos Aguiar, diretor de Agronegócios do Santander, mencionou que as taxas pré-fixadas de juros para empréstimos com vencimento de um ano, como os destinados ao custeio, atualmente estão em torno de 14% ao ano. Essas taxas poderão ser reduzidas em 0,5 ponto percentual. A curva de juros projetada pelo mercado para agosto de 2024 caiu de 11% para 10,5%, tornando-se a nova referência para os que optam por taxas pós-fixadas, que também são uma opção para os agricultores.

“Para aqueles que buscam empréstimos pré-fixados, o custo melhorou. No caso dos pós-fixados, é improvável que ocorra um corte mais rápido do que o projetado, mas o mutuário assume o risco de a taxa atingir ou não 10,5% no próximo ano”, explicou. “A redução na Selic está impactando o mercado e os produtores, pois acreditam que o crédito ficará mais acessível. A transmissão dessas mudanças para as operações é praticamente imediata, e o mercado se ajusta imediatamente”, acrescentou.

Aguiar também apontou que o corte de 0,5 ponto percentual foi uma surpresa para o mercado, que estava esperando uma redução de 0,25 ponto percentual, o que levou a uma precificação mais rápida da curva de juros de curto prazo. No entanto, ele observou que a ação do Banco Central deixa o cenário de longo prazo com mais incertezas.

“Para os empréstimos de investimento no setor agrícola, essa mudança não causa impacto, pois a curva de juros tende a subir novamente”, ressaltou Aguiar. O mercado está atento a possíveis “surpresas ao longo do caminho” na política monetária, como uma possível aceleração da inflação.

O Banco do Brasil, líder em operações voltadas ao agronegócio, indicou que as negociações de empréstimos com taxas variáveis incorporam os reflexos da taxa básica de juros em seus custos. Portanto, o ajuste na taxa Selic terá influência nos preços e resultará em uma redução nos juros pagos pelos mutuários. O banco enfatizou que a magnitude do ajuste depende das taxas acordadas individualmente com cada cliente, considerando o perfil do tomador.

Roberto França, diretor de Agronegócios do Bradesco, o banco líder em desembolsos de crédito rural entre as instituições privadas, mencionou que a redução da Selic já estava incorporada nas operações mais recentes. “A expectativa de queda já nos levou a adotar uma precificação mais eficiente, mas a redução em si traz benefícios. As próximas operações já serão realizadas com os benefícios da Selic mais baixa”, afirmou.