Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Exportação de frango sofre ameaça

Restrições impostas pela Comunidade Econômica Européia podem cortar 80% da venda externa

Redação AI 24/09/2002 – O setor de avicultura poderá perder 80% dos negócios com a Europa nos próximos meses devido a restrições impostas aos produtos brasileiros.

A previsão foi feita ontem pelo vice-presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Frangos (Abef), Claúdio Martins.

Martins se referiu às declarações prestadas pelo ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, que prevê o fechamento de 10 mil vagas de trabalho nas agroindústrias de Santa Catarina. A polêmica toda gira em torno de uma alteração tarifária proposta pela União Européia, que vai elevar a tarifa através da exigência de uma quantidade maior de sal.

Os importadores vão exigir quantidade mínima de sal entre 1,2% a 1,9% no peito de frango brasileiro, o que vai enquadrá-lo como produto in natura, que possui taxa de importação de 75%. Com a salinidade atual, entre 1,2% e 1,5%, o produto se enquadra numa taxa de 15,4%.

Martins explicou que os exportadores estão num beco sem saída, já que para fugir da nova taxa o produto teria que receber mais de 2% de sal. Só que isto torna o frango um produto rejeitado no mercado internacional, porque não poderá ser utilizado como matéria-prima.

A Abef e o governo federal concluíram através de estudos contratados que esta medida fere os acordos multilaterais de comércio. O vice-presidente da Abef disse que o ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, vai solicitar esta semana uma consulta bilateral para tentar resolver a situação. Caso a União Européia não mude de idéia, o assunto será levado à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Esta onda de protecionismo tem que ter um fim, disse. Ele explicou que a medida visa reduzir a participação do frango brasileiro no mercado europeu e abrir espaço para os produtores locais. Nos últimos meses, as exportações de frango para a Europa cresceram muito devido aos problemas de sanidade ocorridos na região.

O presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), Ronaldo Müller, está confiante na intervenção do governo federal. Para ele, o Brasil tem poder de negociação para virar o jogo. Se a negociação não der resultados, o governo vai responder na mesma moeda, barrando a entrada de produtos europeus no Brasil, disse. A preocupação maior das agroindústrias é perder mercado e rentabilidade.