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Mercado Externo

O setor suíno argentino

Relatório explica como o dólar soja 3, a seca, o valor de outras carnes, o dólar, a desvalorização do peso entre outras variáveis, impactaram o setor

O setor suíno argentino

Um relatório elaborado pela JLU Consultora descreve detalhadamente os principais valores e índices do setor suíno argentino ocorridos durante o mês de junho de 2023. O mesmo documento analisa o mercado local, o mercado internacional e possíveis projeções de curto prazo.

Preço do suíno vivo

Durante o mês de junho, o preço da carne suína caiu, obtendo o menor valor até agora neste ano. A porcentagem de queda em relação ao mês anterior foi de 5,1%, um valor quase semelhante em relação ao mesmo mês do ano anterior, afirma o documento elaborado pela JLU Consultora, pelo engenheiro zootécnico Juan Luis Uccelli.

Embora o ‘dólar soja 3’ tenha acabado, afirma o relatório, tomando como referência esse valor de câmbio, o preço médio máximo do capão teria sido de US$1,30 por quilo vivo, valor semelhante ao do Brasil e que teria competição de exportação permitida.

Quando comparamos a relação entre o preço médio e o preço máximo, houve uma leve queda em relação a maio e uma queda significativa em relação a junho de 2022.

Você pode comparar os preços dolarizados do suíno vivo no mercado argentino, no Brasil e nos Estados Unidos, e o preço do novilho no Mercado Agropecuário de Cañuelas, também dolarizado. É possível notar que, ao contrário do que aconteceu nos meses anteriores, a alta nos EUA e no Brasil se confirmam e os preços tanto da carne suína quanto da bovina na Argentina caem, diz o relatório do Eng. Uccelli.

Peso de Abate

Em junho, a valorização do peso se recuperou, não só em relação ao mês anterior, mas também em relação a junho do ano passado, situação que não acontecia desde fevereiro. Os maiores valores de peso durante o ano ocorrem neste mês.

Margem bruta em dólares

O mesmo relatório indica que após o novo teste do dólar soja e com queda significativa no preço, a Margem Bruta dolarizada voltou a subir e ficou próxima da média. Esclarecemos que não é a realidade de todos os produtores, pois alguns tiveram resultados negativos.

Relação do Índice da Carne Suína e o preço do capão máximo

O Índice da Carne Suína (ICC) em dólares continua em queda durante o mês de junho, sendo o menor valor do ano e similar ao valor de junho do ano passado.

O Índice da Carne Suína em pesos voltou a subir 6,0% no mês de junho e acumula um valor de 104,7% nos últimos doze meses, ainda sem superar a inflação.

Mudanças nas principais variáveis

O relatório analisa as mudanças nas principais variáveis ??do setor suíno e sustenta que houve um rearranjo significativo da soja, com forte queda, e do milho, com leve alta. Os cortes de carne suína subiram acentuadamente, alguns superando a inflação, e a carne bovina subiu duas vezes mais que a carne suína. Mais uma vez, o dólar oficial bate a inflação.

Comparação entre carne suína e bovina

Comparando as diferenças entre os preços de suínos e novilhos vivos (INMAG) nas 26 semanas acumuladas do ano e em todo o ano anterior, verifica-se que, durante o mês de junho, houve ligeira mudança devido a variações no preço do boi gordo.

Situação do mercado local e internacional

O Eng. Uccelli afirma em seu relatório que “o preço da carne suína argentina subiu em peso, caiu em dólares e encerra um dos meses mais complicados do ano historicamente, com duas faces bem diferentes da moeda. De um lado temos os grandes e médios produtores que, diante da queda da soja e leve alta do milho, melhoraram a margem bruta do negócio, em um mês que não se caracteriza por isso”.

“Por outro lado”, diz Uccelli, “muitos pequenos produtores que, como temos dito há alguns meses, tiveram a infelicidade de a seca os ter deixado sem milho, foram obrigados a procurá-lo no mercado, situação difícil. Alguns desses produtores tomaram a drástica decisão de jogar a toalha e sair do mercado, chegando a vender não só as instalações, mas até o próprio campo”.

“Isso é uma loucura. Nenhum funcionário nacional foi visto para dizer algo sobre isso. Infelizmente, esses produtores não voltam.”

Da mesma forma, diz, “no mercado local, a subida e descida do preço da carne bovina, muito mais notória do que a do frango, geram diferenças, que nem sempre se refletem no preço ao público, mas dificultam a colocação da mercadoria com um frango eviscerado muito barato como o atual, não é incomum que sua participação aumente ainda mais na produção de frios, alguns até com o nome de produto suíno”.

“Isso complica o setor de abate e desmanche. Há muita mercadoria nas câmaras, o que pode complicar o resultado na colocação de suínos vivos no médio prazo”, afirma Uccelli.

A isto devemos acrescentar a importação tão inútil e perversa, que os funcionários permitem, impedindo a entrada de produtos que não fabricamos no país. 

No Brasil, além de um aumento de preço, os números ainda são muito fracos e, em alguns casos, negativos. Mas eles não param de exportar e a Argentina, junto com o Uruguai e o Chile, são mercados muito fáceis de entrar.

As compensações foram recolhidas e é uma boa notícia, o que acontece é o tempo que demorou a recolher, que levou mais de 40% da prata que os produtores colocaram em dezembro devido à desvalorização. Claro que prometeram outra compensação para o dólar soja 3, mas por enquanto está em promessa eleitoral e feita por funcionários importantes dentro do Governo.

Quanto aos preços das carnes, o aumento acentuado do presunto e da paleta foi muito perceptível nos açougues, cortes baratos, que também continuam competitivos em comparação com seus similares bovinos, mas o açougueiro não descuida da oportunidade de aumentar os preços gradativamente, porque peças caras como o lombo não podem ser movimentadas e eles têm que pagar despesas operacionais que, como para todos, continuam subindo.

Uma questão que chama a atenção é o aumento da venda de carne suína nas duas primeiras semanas do mês e queda nas duas últimas. Obviamente tem a ver com o pouco dinheiro no bolso, que está acabando cada vez mais rápido. Hoje mais de 50% da população na Argentina é de baixa renda e isso se reflete nas compras.

Uma novidade na última semana de junho foi a restrição de parte do apoio financeiro que os Estados Unidos, por meio do USDA, vinham destinando à Ilha Espanhola (Haiti e República Dominicana), especialmente aquele destinado à indenização de animais positivos destinados a sacrifício. A situação social no Haiti é terrível e há pouco a ser feito em saúde animal.

Por outro lado, na República Dominicana o problema é que não existe um plano concreto, apesar de ser muito bem assessorado por organismos internacionais e profissionais de prestígio. A última loucura é que eles importaram a vacina que foi usada no Vietnã para PSA (Peste Suína Africana)  e não funcionou e eles acham que funcionará para eles como a vacina contra Covid.

É um erro grave que os países do continente, juntamente com a Associação local, procuram apontar às autoridades políticas. Não é pouca coisa saber que os argentinos são o 5º lugar de turistas naquele país e isso exige o reforço de controle nos aeroportos para evitar uma possível entrada da doença.

Conclusões

O principal mês do ano termina de forma histórica para a suinocultura argentina e há alguns problemas complicados, como a saída de pequenos produtores do setor, mas por outro lado, o abate de capões e o consumo de carne suína entre as pessoas estão aumentando.

Devemos também enquadrar o fato de estarmos em um ano das piores safras dos últimos tempos e com superoferta de gado que, como custa exportar, fica no mercado local. As carnes em geral foram um dos alimentos que menos subiram e por isso o consumo se mantém, embora com mais oferta.

Em um novo semestre, que além da incerteza política que só será resolvida em novembro em segundo turno, pode ser uma oportunidade novamente para a carne suína e se fosse dada depois do STEP, uma adaptação do dólar, abriria novamente o mercado de exportação para todas as carnes.

Seria necessário reforçar o controle contra a eventual entrada de PSA, devido à situação da Ilha de Espanha. Prevenir é sempre mais barato do que remediar.