
No dia 16 de maio de 2025, o Brasil registrou seu primeiro caso de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1) em produção comercial. O foco, localizado em uma granja no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, representou um marco importante na história da sanidade avícola brasileira — colocando à prova, de forma inédita, os protocolos de resposta do país, maior exportador mundial de carne de frango.
Antes desse episódio, o Brasil já havia enfrentado ocorrências do vírus em aves silvestres e criações de subsistência, contidas com sucesso. No entanto, o caso em ambiente comercial exigiu uma ação rápida, articulada e técnica, reunindo governo federal, autoridades estaduais e setor produtivo em torno de uma prioridade comum: proteger a saúde animal, evitar a disseminação e preservar a confiança internacional na avicultura brasileira.
Desde os primeiros sinais, os serviços veterinários oficiais, liderados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e pela defesa agropecuária do Rio Grande do Sul, atuaram com firmeza. A propriedade afetada foi isolada, medidas de erradicação foram imediatamente adotadas, zonas de controle foram delimitadas e ações de vigilância ativa intensificadas. Em poucos dias, o foco foi considerado encerrado, sem transmissão para outras granjas.
O setor privado, por sua vez, contribuiu com apoio técnico e reforço às medidas de biosseguridade. A ABPA, como entidade representativa da indústria de proteína animal, colaborou diretamente com o governo e suas associadas, colocando à disposição informações e estruturas especializadas. Um dos principais instrumentos mobilizados foi o GEPIA – Grupo Especial de Prevenção à Influenza Aviária, mantido internamente pela ABPA. Composto por técnicos, especialistas e representantes das empresas, o grupo atua em caráter permanente no acompanhamento técnico da doença e na padronização de práticas de prevenção.
A comunicação com os países importadores e organismos internacionais foi liderada pelo MAPA, com base em critérios científicos e transparência institucional. A atuação técnica e diplomática do governo foi essencial para demonstrar que o caso era pontual, rapidamente contido e sem impactos sobre a segurança dos produtos. Esse posicionamento possibilitou que, poucas semanas depois, países como o México e tantos outros retomassem as importações de carne de frango de quase todas as regiões do Brasil — com exceção, ainda temporária, do estado do Rio Grande do Sul.
As lições desse episódio reforçam algumas verdades fundamentais. A primeira é que vigilância e preparação funcionam — quando há sinergia entre poder público e setor privado. A segunda é que a biosseguridade não pode ser eventual: ela precisa ser rotina. E a terceira é que a credibilidade internacional se constrói com anos de trabalho conjunto, e só se sustenta com transparência e agilidade diante das adversidades.
Também ficou clara a importância da atuação no campo. O produtor rural, independentemente do porte, é o primeiro elo na cadeia de proteção sanitária. Por isso, campanhas educativas foram reforçadas, com orientações simples e objetivas para trabalhadores e criadores, especialmente em regiões mais vulneráveis.
O Brasil reconquistou o status de livre de Influenza Aviária em produção comercial, reconhecido pelos organismos internacionais. E mais importante: demonstrou que está preparado para agir de forma coordenada e técnica diante de situações complexas. A experiência de maio de 2025 consolidou a maturidade do sistema sanitário brasileiro — baseado na união entre instituições públicas, empresas, ciência e responsabilidade coletiva.
O caminho daqui para frente é claro: manter e fortalecer essa estrutura. Com vigilância ativa, capacitação contínua, investimento em prevenção e, sobretudo, confiança mútua entre todos os que trabalham diariamente para garantir a segurança da produção avícola brasileira.











