
Um relatório recente do Santander acendeu a luz amarela para o setor de proteínas no Brasil. Analistas do banco projetam uma nova e robusta onda de oferta de frango para 2026, baseada em sinais antecipados das Guias de Trânsito Animal (GTAs) do Ministério da Agricultura.
O aumento nos plantéis, que até então era impulsionado por fatores conjunturais, como a menor exportação de ovos férteis e retenção de matrizes, está prestes a se tornar estrutural, alimentado por uma expansão real vinda dos fornecedores de genética.
A análise aprofundada do banco baseia-se na complexa “pirâmide genética” da avicultura. O sistema de rastreamento via GTAs permite monitorar a movimentação desde as linhagens puras e bisavós até os frangos de corte comerciais. Os dados indicam que a base produtiva está se alargando na origem, o que inevitavelmente resultará em um volume significativamente maior de carne disponível no mercado ao longo do próximo ano. Até o momento, a demanda interna tem conseguido absorver o crescimento da produção, mantendo o mercado equilibrado, mas a dinâmica deve mudar.
A variável crítica para evitar um colapso nos preços do frango em 2026 será, curiosamente, o comportamento do ciclo pecuário. O Santander avalia que o preço da carne bovina atuará como o fiel da balança: se a carne de boi permanecer cara, o consumidor tenderá a manter a migração para o frango (efeito substituição), sustentando o consumo.
No entanto, se o boi baratear em meio a essa enxurrada de oferta avícola, o frango perderá competitividade, gerando um desequilíbrio severo entre oferta e demanda.
Nesse cenário, a pressão sobre as margens operacionais torna-se o principal ponto de atenção para os investidores de JBS (JBSS32) e Marfrig (MRFG3/BRF). Caso a superoferta se concretize sem a proteção de preços altos no boi, a indústria poderá enfrentar uma compressão de rentabilidade, sendo forçada a aplicar descontos agressivos para escoar a produção.
O banco alerta que isso reverteria o ciclo positivo recente de margens, exigindo que o mercado monitore mês a mês os custos dos grãos e os níveis de alojamento para mensurar o impacto real nos balanços de 2026.
Referência: Money Times











