
O governo britânico foi alvo de duras críticas após rejeitar ou adiar a maioria das recomendações apresentadas pelo Comitê de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais (EFRA), que alertava para o aumento das importações ilegais de carne no país. Parlamentares acusam o governo de “deixar o Reino Unido na linha de fogo”, ao tratar com pouca prioridade uma questão vista como ameaça direta à biossegurança e à segurança alimentar nacional.
Em relatório divulgado em setembro, o comitê advertiu que o país caminha “sonâmbulo” para uma nova crise de segurança alimentar, diante do alto volume de produtos de origem animal que entram ilegalmente no território britânico. O documento sugeriu uma série de ações ao Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais (Defra), incluindo o fortalecimento da fiscalização no Porto de Dover, a criação de uma força-tarefa para combater o contrabando e o desenvolvimento de uma estratégia nacional em conjunto com outras agências.
Na resposta oficial, publicada nesta semana, o governo declarou concordar com as preocupações do comitê, mas afirmou que algumas recomendações só poderão ser analisadas após a conclusão das negociações sobre medidas sanitárias e fitossanitárias (SPS) com a União Europeia. Com isso, a implementação de políticas efetivas poderia ficar para depois de 2027, o que o EFRA considerou “alarmante”.
Entre as propostas rejeitadas estão a criação imediata de uma força-tarefa dedicada às importações ilegais e a ampliação dos poderes das autoridades portuárias para realizar buscas e apreensões. O Defra, por outro lado, aceitou parcialmente a ideia de fortalecer a cooperação entre órgãos como a Agência de Normas Alimentares (FSA), a Autoridade Escocesa de Normas Alimentares (FSS) e a Força de Fronteira, visando aprimorar o compartilhamento de informações e a vigilância nas fronteiras.
O comitê reconheceu a disposição do governo em adotar uma abordagem mais estratégica, mas lamentou a ausência de prazos e compromissos orçamentários. Desde a divulgação do relatório, mais de 20 toneladas de carne ilegal foram apreendidas apenas em setembro, segundo a Autoridade Portuária de Saúde de Dover.
O presidente do EFRA, Alistair Carmichael, reforçou o alerta: “A abordagem do governo em relação às ameaças à biossegurança é deixar o país na linha de fogo. Os patógenos não esperam por políticas, a urgência é essencial. Não podemos esperar que negociações com a UE terminem enquanto riscos como a Peste Suína Africana e a Febre Aftosa permanecem à espreita.”
Referência: Pig World












