Redação (07/01/2008)- Em meio às previsões de alta de soja e milho para a próxima safra o aumento da demanda mundial por ração deve impulsionar ainda mais a inflação do produto em 2008. Alavancado pelo aumento do consumo de aves e suínos, que respondem por 80% do total comercializado, o setor de alimentação animal prevê um incremento de 10% no volume comercializado no próximo ano, o que deverá gerar uma disputa mundial por ingredientes e a conseqüente elevação dos preços.
Os preços recordes da arroba do boi também devem mobilizar um consumo ainda maior do produto. Embora os volumes comercializados sejam menores, com um total de 6,4 milhões de toneladas, a produção de ração para bovinos foi a que mais cresceu em 2007, acima de 20%.
De acordo com a estimativa do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) esse mercado poderá superar a marca de 59 milhões de toneladas vendidas em 2008, ultrapassando os 53,5 milhões de toneladas comercializadas na última safra, mas terá como principal desafio o aumento dos preços dos suplementos minerais. Uma reação em cadeia que irá atingir todos os ingredientes deve impulsionar uma alta de até 70% nos preços dos principais insumos. "A produção brasileira vai continuar crescendo e mesmo com o aumento dos preços nossa prioridade é garantir o fornecimento", afirma o presidente do Sindirações, Mario Sérgio Cutait. Ele destaca que nos dois últimos anos as importações desses ingredientes cresceram 30%, avançando para US$ 700 milhões. Entre os principais concorrentes do Brasil na aquisição desses produtos estão a China e os Estados Unidos.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram), Marcos Baruselli, explicou que o incremento no preço do enxofre, uma das matérias-primas básicas na produção dos insumos para pecuária, terá um grande impacto sobre a cadeia. Nos últimos dois anos o produto se valorizou cerca de 800%, provocando conseqüentemente o aumento nos preços do ácido fosfórico e do fosfato bicálcico. Este último subiu 50% em 2007 e a previsão para o próximo ano é de que os preços aumentem até 70%.
Um estudo divulgado pela Associação Nacional das Indústrias de Fosfato na Alimentação Animal (Andifós) mostra que o fosfato de cálcio, insumo que equivale a 60% do custo do sal mineral, que alimenta o sal a pasto, pode dobrar de preço no próximo ano. Em 2007, o aumento de 12% desse insumo foi atribuído ao fato de ter a mesma matéria-prima usada para a produção de fertilizantes, cuja demanda também se refletiu nos preços este ano.
Segundo Baruselli, o repasse da alta dos insumos para o preço final da ração irá depender do planejamento de cada empresa. "Aqueles que puderam formar estoques estarão mais bem preparados para enfrentar o período", disse. É o caso da Tortuga, empresa onde Baruselli atua como coordenador de confinamentos. Baruselli alertou ainda para o risco de o produtor recuar no uso dessas matérias-primas diante do aumento dos preços. Em 2007, os efeitos da alta do milho e da soja, que representam 90% do custo da ração, já se refletiram no aumento do preço das rações que, por sua vez, registrou uma alta de 17%, percentual que poderá ser superado em 2008 caso haja uma quebra de safra ou o impedimento de importar essas commodities.
América Latina
Este mês foi definido o estatuto da Associação das Indústrias de Alimentação Animal da América Latina e Caribe (Feed Latina), que tem como objetivo aproximar as entidades representativas dos diversos países que a compõem e defender os interesses comuns do setor na região. Fazem parte da associação Brasil, Argentina, Costa Rica, Cuba, Colômbia, Guatemala e México, países que detêm aproximadamente 85% da produção latino-americana.
De acordo com o presidente do Sindirações, a criação da entidade poderá facilitar as exportações e fortalecer o grupo nas negociações internacionais. "As discussões ficam polarizadas entre Europa e Estados Unidos. A América Latina pode assumir um papel de contraposição", disse.











