Redação (05/05/2008)- A alta dos produtos importantes para o setor de veículos automotores e o desequilíbrio entre oferta e demanda desses produtos estão limitando a expansão do mercado brasileiro de máquinas agrícolas. Para atender o incremento da produção em 2008, que deverá ser da ordem de 20% sobre a base de 2007, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as montadoras já estão importando alguns produtos de outros países com a finalidade de minimizar os repasses.
Até março os preços do aço nacional sofreram reajustes de até 13,5%, e um próximo, ainda no primeiro semestre, está programado pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Usiminas. Segundo o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), a alta é reflexo dos reajustes nos preços internacionais do aço e de uma demanda interna aquecida.
De acordo com Luiz Feijó, diretor comercial da New Holland (NH), como o mercado não absorve na mesma proporção o aumento, não é possível repassar a maior parte dos preços. "Existem alguns insumos que são essenciais, e, de 2007 para 2008, foi feita alguma correção", disse, sem revelar o percentual de aumento. Ele afirma ainda que a companhia estava mais preparada em relação à aquisição desses materiais em razão do estoque de suplementos adquiridos de seis a oito meses atrás. "Talvez o reflexo dos aumentos hoje se dê em 2009", afirmou.
O problema de fornecimento também é enfrentado pela companhia. "Estamos buscando fornecedores alternativos, partindo inclusive para a importação", ressaltou Feijó.
Outra saída encontrada pela NH tem sido investir no aumento da produtividade. "Queremos aumentar a produção e diminuir o efeito da mão-de-obra; uma fábrica produzindo 100% gera menos despesa", avalia.
Massey
A concorrente Massey Ferguson, que também tem planos de expansão e projeta para 2008 um crescimento de 50% e 30% na sua produção de colheitadeiras e tratores, respectivamente, mostra a mesma preocupação quanto à aquisição de insumos. Segundo Fábio Piltcher, diretor de Marketing da empresa, há uma pressão sobre todos os suprimentos, especialmente o aço. "Esse crescimento que está sendo projetado pela Massey leva em conta a cadeia de suprimentos pressionada", disse. "Mas como atuamos em várias regiões, temos uma rede global que resulta em fonte de suprimentos em outros lugares", destacou. O vice-presidente sênior do Grupo AGCO, André Carioba, ao comentar a recuperação do setor de máquinas e as expectativas de crescimento do setor, ponderou a respeito dessa expansão. "Pode haver problema na hora de montar uma estrutura para gerar escala."
Carioba reforçou que uma das principais preocupações se refere à evolução do preço do aço e à disputa das matérias-primas com outros segmentos. "Dependemos de insumos e da capacidade instalada nas mãos dos fornecedores que são os mesmos e não são tantos assim", ressaltou.
"Estamos fazendo compras no exterior para manter a competitividade. O Brasil não é mais um lugar barato, já há fornecedores com o custo inferior e compensa comprar fora porque agrega essa vantagem ao produto", explicou Carioba.
O executivo da AGCO revelou, ainda, que são poucas as empresas dominantes no setor de aço e que elas não costumam negociar muito o preço. A respeito de um possível reajuste, conseqüência da atual conjuntura, Carioba afirmou que haverá um aumento de preço que poderá variar de 5% a 9%, dependendo do repasse dos fornecedores.
Aaron Wetzel, vice-presidente de Marketing, Vendas e Planejamento da Divisão de Equipamentos Agrícolas para a América do Sul da John Deere, afirmou que a companhia também sente os reflexos do incremento de preços mundiais e do aumento da demanda de aço e petróleo e a falta de pneus no mercado nacional.
"Estamos buscando oportunidades de intensificar a redução de custo, redesenhando produtos e criando fornecedores alternativos, mas ao final desse esforço alguma coisa poderá ser transferida, resultando em reajuste de preços", disse.
No próximo dia 15 de maio a John Deere inaugura sua nova fábrica de tratores, localizada na cidade de Montenegro, no Rio Grande do Sul, e cuja construção recebeu um investimento da ordem de US$ 250 milhões.
Falta de produtos é barreira para máquinas agrícolas
Para atender o incremento da produção em 2008, que deverá ser da ordem de 20% sobre a base de 2007, as montadoras já estão importando alguns produtos de outros países com a finalidade de minimizar os repasses.
Até 2009 a empresa irá investir US$ 160 milhões no desenvolvimento de novos produtos, na compra de equipamentos e na melhoria da capacidade estática, que hoje é de 75 tratores por dia e de 18 colheitadeiras por dia.











