
Um tornado devastador, com ventos que atingiram 250 km/h segundo o Simepar, causou um rastro de destruição em propriedades rurais no centro-sul do Paraná na noite de sexta-feira (7). O suinocultor Rainer Mathias Leh, cuja granja em Guarapuava foi atingida em cheio pelo fenômeno, criticou a falta de alertas meteorológicos específicos que pudessem ter ajudado a mitigar os danos. “Se o aviso dissesse que havia chance de ventos de 200 km/h na região […] poderíamos ter tentado proteger os animais e as pessoas. Mas ninguém falou isso”, desabafou o produtor.
A propriedade de Leh, descrita por ele como “o eixo do tornado”, é uma das maiores empregadoras da região, com 30 funcionários e moradia para seis famílias. A força do vento, estimada pelo produtor acima de 200 km/h, destruiu barracões, arrancou telhados e devastou a rede elétrica. O impacto sobre o plantel suíno foi imediato: 30 animais morreram e mais de 200 ficaram feridos. “Os animais ficaram no frio, debaixo das telhas quebradas. Agora, a mortalidade está altíssima, principalmente entre os leitões”, relatou. As famílias residentes na propriedade perderam suas casas e tiveram que ser realocadas.
O fenômeno não se restringiu a Guarapuava. O Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) confirmou a ocorrência de três tornados na região, afetando também Candói, Turvo e Rio Bonito do Iguaçu. Neste último, o tornado foi classificado como F3, com ventos que podem ter chegado a 330 km/h. O presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Rodolpho Botelho, confirmou que, além das estruturas das granjas, as tempestades provocaram grandes perdas em lavouras de milho, soja, aveia, cevada e trigo.
A recuperação dos produtores afetados, no entanto, enfrenta um obstáculo financeiro grave. Botelho destacou que muitos agricultores não possuíam seguro agrícola para cobrir os danos. Ele atribuiu o cenário a uma “política agrícola desastrosa” e falhas nos repasses governamentais para subvenção. “O governo não honrou com a questão dos repasses. Isso vai ser um problema seríssimo”, enfatizou o presidente do sindicato, prevendo dificuldades severas para a reestruturação das atividades no campo.
Referência: Agro Estadão












