
Por Ednilson Zotesso Fávaro, professor no curso de pós-graduação em Gestão de Qualidade em Fábricas de Ração na Faculdade de Zootecnia de Uberaba (Fazu)
Querido Leitor, espero que você esteja bem! Hoje vamos abordar um tema muito importante. Falaremos brevemente sobre o Departamento de qualidade. A área da QUALIDADE, em fábricas de rações como em qualquer outro segmento produtivo, desempenha um papel essencial para a empresa. Na área de rações, o papel deste setor ou departamento e fundamental na segurança alimentar e no desempenho zootécnico dos animais. No entanto, os profissionais dessa área frequentemente enfrentam antagonismos e conflitos internos, resultantes da necessidade de equilibrar rigorosos padrões de qualidade com as demandas operacionais, produtivas e comerciais.
Mas qual o “Papel e as Responsabilidades da Qualidade”?
Os profissionais da qualidade, dentre outras atribuições, são responsáveis por garantir que todos os processos produtivos estejam em conformidade com normativas técnicas, legislações vigentes e padrões internos da empresa. Suas atividades diárias incluem:
- Monitoramento do fluxo produtivo e implementação de Boas Práticas de Fabricação (BPF) além de programas diversos como HACCP, 5S, tratamento de anomalias entre outros.
- Preparação, implementação e acompanhamento de documentações, padrões e exigências de diferentes órgãos.
- Relacionamento e link entre diferentes áreas e órgãos internos e externos.
- Controle de qualidade das matérias-primas e dos produtos finais por meio de análises laboratoriais;
- Auditorias internas e externas para verificação de conformidade;
- Treinamento de colaboradores para disseminação da cultura da qualidade;
- Acompanhamento da rastreabilidade dos insumos e produtos fabricados;
- Implementação e monitoramento dos Procedimentos Padrão de Higiene Operacional (PPHO);
- Gerenciamento de não conformidades e proposição de ações corretivas.
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O Desafio do Equilíbrio: Conflitos e Exceções
Os profissionais da qualidade frequentemente se veem no centro de conflitos entre diferentes setores da empresa. Algumas das principais fontes de antagonismo incluem:
- Pressão por Produtividade vs. Padrões de Qualidade: O setor de produção busca maximizar a eficiência e reduzir desperdícios, enquanto a qualidade precisa assegurar que os processos sigam rigorosamente os requisitos técnicos. Nem sempre o Departamento da qualidade tem prioridade, portanto aqui podem surgir conflitos, desgastes e perdas motivacionais significativas.
- Custo vs. Conformidade: O setor de compras pode priorizar fornecedores com preços mais baixos, o que pode impactar a qualidade das matérias-primas. Cabe à qualidade estabelecer critérios rigorosos de seleção e inspeção. Aqui, novamente situações conflitantes acabam gerando exceções e desgastes. Afinal, a tendência é de que flexibilizar uma vez, pode se tornar uma rotina caso a cultura da qualidade não esteja enraizada em todos os setores da empresa.
- Expectativas Comerciais vs. Segurança do Produto: O setor comercial pode pressionar por prazos curtos de entrega e flexibilidade nos padrões, enquanto a qualidade deve garantir que o produto atenda a todos os requisitos regulatórios e de segurança alimentar. Está é uma pressão muito comum, principalmente em empresas que estão próximas do seu limite produtivo, afinal o mais importante é entregar o produto. Aqui o Departamento de qualidade sofre um dos seus maiores golpes. A qualidade enfrenta o Conflito moral de abrir mão do que implementou para atender uma demanda, mesmo sabendo que isso pode gerar alguma diminuição do padrão que ela projetou.
- Resistência à Mudança: Equipes operacionais podem demonstrar resistência à implementação de novas normas ou processos exigidos pela qualidade, exigindo um trabalho contínuo de treinamento e conscientização. Quando digo Podem, evito dizer “sempre apresentam” afinal, frases como “mudar dói” e “toda mudança é um ato de coragem” e “mudar pode doer muito” são uma rotina inquestionável da melhoria contínua, e, portanto, intrínsecas, intimamente ligadas a qualidade. Aqui nem precisamos mencionar o quanto é difícil mudar. Eis que surge mais um conflito a ser vivenciado e administrado
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A Importância da Cultura da Qualidade
Para que a qualidade não seja vista como um entrave, mas sim como um fator estratégico para a empresa, é fundamental que sua importância esteja enraizada na cultura organizacional. Isso envolve:
- Comprometimento da liderança: A alta gestão deve demonstrar apoio irrestrito à qualidade, incentivando boas práticas e promovendo a melhoria contínua. Este papel da alta gestão não pode ser apenas mencionado, precisa estar enraizado, difundido através do exemplo.
- Integração entre setores: Qualidade, produção, compras e comercial precisam atuar de forma colaborativa, entendendo que o objetivo é comum. Uma “missão quase impossível”, mas que é necessária e que exige mais que flexibilidade e resiliência. O Requer entendimento do processo de todos os departamentos, empatia e “compromisso com o todo”.
- Treinamento Contínuo: Profissionais devem ser capacitados regularmente para compreender a relevância dos procedimentos de qualidade. Estes treinamentos não podem estar restritos ao Chao de fábrica ou ao atendimento das normativas. Eles têm um papel que vai muito além. Eles proporcionam interação, motivação, entendimento, compreensão e são a base para um programa de qualidade sustentável, enraizado e forte. Sem treinamento contínuo, o departamento da qualidade luta sozinho, uma batalha que é de todos.
Valoração dos Profissionais de Qualidade: O reconhecimento do papel desses especialistas fortalece seu engajamento e influência dentro da organização. Quando associado aos pontos anteriores, essa valorização se torna fertilizante que fará a qualidade da empresa deixar de ser um programa, passando a ser um dos principais pilares culturais da empresa.