
A segunda quinzena de maio apresenta um cenário de pequenas variações nos preços dos produtos suinícolas, com o mercado doméstico sob pressão e o setor atento aos desdobramentos da Influenza Aviária. Enquanto isso, o desempenho das exportações brasileiras de carne suína em abril alcançou o segundo maior faturamento da história, demonstrando a força do produto no mercado internacional.
Mercado doméstico: ajuste de preços e atenção à demanda
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a carcaça especial suína registrou uma leve desvalorização no atacado da Grande São Paulo nos últimos dias. Essa queda reflete o enfraquecimento da demanda doméstica, um comportamento típico deste período do mês, quando o poder de compra do consumidor tende a diminuir. Para manter a liquidez das vendas e evitar o acúmulo de estoques, o setor tem reajustado os preços para baixo. Apesar da desvalorização pontual, as médias de preços em maio ainda se mantêm acima das registradas no mês anterior.
Os preços do suíno vivo, em 22 de maio, apresentaram os seguintes valores nas principais praças acompanhadas pelo Cepea:




Influenza Aviária: preocupação e potenciais impactos
A confirmação do primeiro caso de Influenza Aviária (IA) em uma granja avícola comercial, registrada em Montenegro (RS) na última quinta-feira, 15 de maio, gerou atenção redobrada e apreensão entre os agentes da suinocultura. O Cepea destaca a preocupação com eventuais alterações na oferta doméstica de carne de frango, que podem impactar diretamente os preços da carne suína devido à forte relação de concorrência entre as duas proteínas. O setor permanece vigilante para possíveis desdobramentos e seus efeitos no equilíbrio do mercado.
Exportações: desempenho histórico e faturamento recorde
Em contraste com as nuances do mercado interno, as exportações brasileiras de carne suína continuam a ser um pilar de sustentação para o setor. Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) analisados pelo Cepea, a receita obtida com as exportações em abril de 2025 foi a segunda maior da série histórica, iniciada em 1997.
- Faturamento: R$ 1,73 bilhão, um aumento de 9,3% em relação a março e um expressivo crescimento de 40% na comparação com abril de 2024.
- Volume exportado: 127,8 mil toneladas de produtos suinícolas (in natura e processados). Este volume foi recorde para o mês de abril e o terceiro maior da série da Secex, representando aumentos de 11,4% em relação a março e de 14,5% frente a um ano atrás.
Comparativo semanal
Na semana anterior, o mercado doméstico de suínos e carne apresentava uma estabilidade nos preços, com a oferta equilibrada em relação à demanda na maioria das regiões. Embora a procura estivesse firme, não se aqueceu como o esperado para o início do mês. A grande notícia da semana passada era o excelente desempenho das exportações em abril, o que já sinalizava a força do produto brasileiro no cenário internacional.
Perspectivas
A suinocultura brasileira navega em um período de contrastes. Enquanto o mercado doméstico demanda ajustes e atenção redobrada devido à Influenza Aviária e à sazonalidade da demanda, as exportações continuam a impulsionar o setor, com volumes e faturamento em patamares históricos. A resiliência e a capacidade de adaptação dos produtores e da indústria serão cruciais para enfrentar os desafios internos e capitalizar as oportunidades do mercado global, mantendo o bom desempenho e a competitividade da proteína suína no Brasil e no exterior.
Fatores que influenciam o mercado da suinocultura
- Oferta e demanda doméstica: A quantidade de carne suína disponível no mercado interno e o poder de compra e preferência dos consumidores são determinantes para a formação dos preços. Períodos de menor consumo, como o meio do mês, podem levar a ajustes de preços.
- Mercado internacional e taxas de câmbio: O desempenho das exportações é um pilar fundamental. Países importadores, crises sanitárias em outros mercados e a valorização ou desvalorização do real frente a outras moedas impactam diretamente a competitividade do produto brasileiro.
- Custos de produção: O preço dos insumos como ração (milho e farelo de soja), medicamentos, energia e mão de obra afetam a lucratividade dos produtores e, consequentemente, a oferta de animais para abate.
- Doenças e questões sanitárias: Eventos como a Influenza Aviária em aves ou a Peste Suína Africana (PSA) em suínos podem gerar grandes impactos. Elas afetam a produção, criam barreiras comerciais e geram apreensão no mercado, levando a quedas abruptas nos preços ou restrições à exportação.
- Concorrência com outras proteínas: A carne suína compete diretamente com outras fontes de proteína, como carne de frango e bovina. Variações nos preços ou na disponibilidade dessas outras carnes podem desviar o consumo e influenciar a demanda e os preços da carne suína.
Aquicultura: preços apresentam variações regionais

O setor da aquicultura brasileira registrou variações nos preços do peixe em diferentes regiões produtoras no dia 16 de maio, conforme levantamento do Cepea. A análise dos valores por quilo revela um cenário diversificado, influenciando diretamente a rentabilidade dos produtores e a economia local.
A região do Norte do Paraná apresentou o preço mais elevado entre os pontos pesquisados, com o quilo do peixe comercializado a R$ 8,65. Este valor pode refletir custos de produção específicos da região, demanda aquecida ou diferenciais logísticos que impactam o preço final.
Em contrapartida, o Oeste do Paraná registrou o preço mais baixo, atingindo R$ 7,43 por quilo. Essa diferença de mais de um real em relação ao Norte do estado aponta para dinâmicas de mercado distintas, que podem incluir maior oferta, concorrência acirrada ou condições de produção mais favoráveis.
Outras regiões importantes também tiveram suas cotações:

Essas oscilações regionais nos preços são um fator crucial para os produtores de aquicultura, que precisam acompanhar de perto as tendências de mercado para otimizar suas operações e tomadas de decisão. Acompanhar esses dados é fundamental para entender a saúde econômica do setor e planejar investimentos futuros.
Grãos: pressão de preços no cenário doméstico em meio a safra recorde

O mercado de grãos no Brasil e no mundo é marcado, nesta semana, por um cenário de preços enfraquecidos para soja, milho e trigo. A expectativa de safras recordes, tanto no Brasil quanto globalmente, aliada a fatores específicos de demanda e concorrência internacional, tem impulsionado essa desvalorização.
Soja: oferta elevada e concorrência internacional pressionam preços
Os preços da soja no mercado spot brasileiro continuam em queda, de acordo com levantamentos do Cepea, divulgados em 19 de maio. A principal razão é a produtividade satisfatória da safra atual, que mantém uma oferta doméstica elevada. As projeções indicam, inclusive, um crescimento da área plantada para a próxima temporada, o que pode agravar esse cenário de oferta.
Do lado da demanda, a trégua comercial entre Estados Unidos e China é um fator importante que pode limitar o aumento dos embarques brasileiros de soja. O governo norte-americano reduziu as tarifas de importação da China de 145% para 30%, e, em contrapartida, a China diminuiu as tarifas sobre produtos dos EUA de 125% para 10%. Essa flexibilização nas tarifas favorece as exportações americanas e, consequentemente, intensifica a concorrência para o Brasil.
Um relatório divulgado em 12 de maio pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reforça a pressão sobre os preços, projetando uma produção mundial de soja recorde na safra 2025/26, estimada em 426,82 milhões de toneladas. No Brasil, a expectativa é de uma nova marca histórica de 175 milhões de toneladas.
Confira os valores da soja (22/05):
- Paranaguá: R$ 133,76
- Paraná: R$ 128,15
Milho: produção abundante no Brasil e EUA reduz valores internos
As estimativas de produção elevada de milho no Brasil e no mundo continuam a pressionar os valores internos do cereal. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas – SP), conforme o Cepea (19/05), está operando no menor patamar nominal desde janeiro.
As boas condições climáticas na maior parte das regiões produtoras de segunda safra no Brasil sustentam a expectativa de uma boa produtividade. Nos Estados Unidos, a semeadura em ritmo acelerado e o clima favorável também contribuem para melhorar as perspectivas de produção.
Nesse contexto de oferta abundante, parte dos consumidores brasileiros prefere se afastar do mercado, aguardando novas desvalorizações para recompor seus estoques. Já os vendedores buscam negociar os lotes remanescentes da safra 2023/24 e da atual safra de verão 2024/25.
- O valor do milho (22/05) é de R$ 71,22
Trigo: avanço da semeadura e expectativa de safra maior derrubam cotações
As cotações do trigo registraram queda na última semana, segundo levantamentos do Cepea (20/05). A pressão sobre os preços deriva do avanço da semeadura no Brasil, de dados que indicam uma safra maior e produtividade mais elevada, e das boas condições das lavouras até o momento.
As moageiras ativas no mercado buscam negociar a valores menores, encontrando vendedores mais flexíveis e com certa necessidade de realizar vendas imediatas. Os dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicam que a produção de trigo deve somar 8,255 milhões de toneladas na safra 2025/26, um aumento de 4,6% sobre o volume da temporada anterior, refletindo uma elevação estimada na produtividade de 18,6%.
Confira os valores do trigo (22/05):
- Paraná: R$ 1.547,79
- Rio Grande do Sul: R$ 1.381,28
Perspectivas
O mercado de grãos no Brasil enfrenta um cenário de pressão de preços impulsionado por safras robustas e um aumento da oferta global. Embora a elevada produtividade seja positiva para o agronegócio, ela desafia a rentabilidade dos produtores. A competição internacional e a dinâmica da demanda, especialmente da China, continuarão sendo fatores cruciais para a estabilização ou aprofundamento das tendências de preços. Os olhos do mercado estarão voltados para o ritmo dos embarques e a evolução das condições climáticas nas próximas semanas, que podem alterar o balanço de oferta e demanda.
Fatores que influenciam o mercado de grãos
- Oferta e demanda global: A produção e o consumo mundial de grãos são os principais balizadores dos preços. Safras recordes em grandes produtores como Brasil e EUA tendem a aumentar a oferta global e pressionar os preços para baixo.
- Condições climáticas: Fatores como chuvas adequadas, secas ou geadas em regiões produtoras podem impactar significativamente a produtividade das lavouras, afetando a oferta e, consequentemente, os preços.
- Taxas de câmbio: A valorização ou desvalorização da moeda local (Real) frente ao dólar afeta a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional e os custos de importação, influenciando os preços internos.
- Políticas comerciais e geopolítica: Acordos comerciais, imposição ou redução de tarifas (como no caso EUA-China), subsídios e conflitos geopolíticos podem alterar os fluxos de comércio e as relações de demanda e oferta entre países.
- Estoques e projeções de safra: Os níveis de estoques de passagem e as projeções de safras futuras, divulgadas por órgãos como USDA e Conab, servem como indicadores para o mercado, influenciando as expectativas de preços e as decisões de compra e venda.











