
Chad Gregory, vice-presidente senior da United Egg Producers, não contou aos membros do maior lobby dos produtores de ovos dos Estados Unidos sobre seu encontro secreto, no ano passado, com o arqui-inimigo de longa data da associação: Wayne Pacelle, presidente-executivo da Humane Society of the United States. “Achei que poderia perder meu emprego depois disso”, diz Gregory. “Mas eu não queria passar os próximos 20 anos brigando”.
Gregory não queria perder outra batalha para Pacelle. Em 2008, os eleitores da Califórnia aprovaram, em plebiscito, uma medida que forçaria os produtores de ovos a oferecer às galinhas mais espaço nas granjas, em mais um dos numerosos esforços apoiados pela Humane Society ao longo da última década para impedir os produtores de criarem animais em espaços restritos.
O grupo de Pacelle conquistou os californianos com comerciais de TV que justapunham imagens de galinhas circulando livremente pelos campos com imagens de aves amontoadas em gaiolas infestadas de moscas, lutando para bater as asas. Quando a Humane Society prometeu fazer a mesma coisa em 24 Estados americanos que permitem a realização de referendos, Gregory decidiu que precisava fazer algo drástico – caso contrário, os produtores de ovos correriam o risco de perder o controle sobre seu setor, já que cada Estado poderia impor suas travas.
Portanto, em um encontro de cinco horas no terreno neutro do Arizona, em março, Gregory firmou uma trégua com Pacelle. A Humane Society deixaria de insistir em leis estaduais estabelecendo o tamanho das gaiolas para as galinhas, e os produtores de ovos ajudariam a buscar a aprovação de um único padrão federal cobrindo todas as granjas comerciais. “Não temos como sair vencedores em iniciativas de plebiscitos por causa da emoção do consumidor”, afirma Gene Gregory, pai de Chad e presidente do lobby dos produtores. “Se tivermos uma lei federal, poderemos fazer mudanças e estaremos mais seguros. É nossa melhor opção”.
Nos meses seguintes, elaboraram os detalhes: os produtores dariam a cada ave um espaço de gaiola de 80 a 93 centímetros quadrados, o dobro do tamanho padrão, mas teriam 15 anos para implementar as mudanças. Até lá, os produtores teriam que rotular os ovos produzidos por aves abrigadas em espaços menores. “Não se trata de vencer”, diz Pacelle. “Trata-se de resolver problemas”. Os referendos são “caros e trabalhosos”. A Humane Society e seus apoiadores gastaram US$ 10 milhões organizando o referendo da Califórnia.
Apresentado ao Congresso americano em janeiro pelo representante Kurt Schrader (democrata pelo Oregon), o projeto de lei federal provocou protestos de outros grupos de produtores rurais. Kristina Butts, uma lobista da National Cattlemen’s Beef Association, diz que seu grupo está reagindo porque teme que os ativistas venham a se voltar em seguida contra os criadores de gado. Butts diz: “Vai demorar muito até que estejamos dispostos a nos sentar com grupos extremistas como a Humane Society of the United States”.
Chad Gregory diz ter recebido críticas de alguns produtores de ovos depois que ele e Pacelle firmaram o acordo, mas afirma que os ânimos se acalmaram. A trégua acabará se o Congresso não aprovar a medida até 30 de junho, embora o grupo afirme que poderá estender esse período. “Isso significa baixar a espada”, diz Pacelle. “Com que frequência você vê isso em Washington?”.











