Publicado na edição nº 929 da revista Avicultura Industrial, de 1987, este texto analisa o crescimento expressivo no alojamento de matrizes de corte e postura nos primeiros meses do ano e os riscos associados a esse avanço. Em um cenário de mercado interno já regularizado e exportações ainda insuficientes para absorver o excedente, o setor avícola foi alertado pelas principais entidades do setor para a necessidade de cautela e planejamento, a fim de evitar uma possível crise de preços no segundo semestre.
Aumento no alojamento de matrizes acende alerta para risco de excedente no segundo semestre
O crescimento expressivo no número de matrizes alojadas para corte e postura no início de 1987 acendeu um sinal de alerta para o setor avícola. Segundo dados da União Brasileira de Avicultura (UBA), o alojamento de matrizes de corte atingiu 1.001.519 aves em janeiro, sendo 47.500 destinadas à exportação — um aumento de 18% em relação ao mesmo período de 1986. O diretor da Divisão de Matrizes da APA e da UBA, Deoclécio José Artur, vê com preocupação esse avanço, diante de um mercado já regularizado e com risco de excedente de carne no segundo semestre.
O mesmo movimento foi observado nas matrizes de postura. No bimestre janeiro/fevereiro, o alojamento de aves para ovos brancos somou 37.600, das quais 1.750 foram destinadas à exportação. Já as matrizes de ovos vermelhos chegaram a 27.820, com 11.270 destinadas ao mercado externo. O crescimento no alojamento das poedeiras de ovos brancos foi de apenas 41% no acumulado do ano, demonstrando que, embora o aumento exista, ele é mais moderado se comparado às matrizes de corte.
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Oferta supera demanda e pode pressionar preços
Para Deoclécio, o cenário preocupa especialmente pelo desequilíbrio potencial entre oferta e demanda. Mesmo com exportações em alta, a capacidade de absorção do mercado interno não acompanha o ritmo de crescimento dos alojamentos. Ele recomenda cautela aos produtores, sugerindo a redução dos alojamentos nos meses de março e abril como forma de evitar uma sobreoferta de carne e ovos que possa pressionar os preços.
Os dados consolidados de 1986 apontam para um total de 11.479.559 matrizes de corte alojadas ao longo do ano. Em 1987, apenas nos dois primeiros meses, o setor já acumulava 2.156.118 aves, indicando uma tendência de crescimento ainda mais agressiva. No caso das poedeiras de ovos brancos, o total de 597.681 aves alojadas em 1986 também pode ser superado, caso o ritmo atual seja mantido.
Conclusão
O aumento no alojamento de matrizes, tanto para corte quanto para postura, exige planejamento estratégico por parte do setor. Com um mercado interno estabilizado e exportações insuficientes para absorver toda a produção adicional, o risco de excedente é real. O alerta das entidades avícolas busca evitar uma crise de preços no segundo semestre, reforçando a importância da gestão equilibrada da produção frente às oscilações do mercado.
