Cientistas do ICMR-Instituto Nacional de Virologia (NIV), em Pune, na Índia, descobriram que as cepas de gripe aviária relatadas em Kerala no ano passado provavelmente entraram no país vindas do Leste Asiático. Esta é a primeira vez que os pesquisadores indianos mapearam a rota de entrada e a disseminação das cepas de gripe aviária na Índia na última década.
O estudo, publicado no periódico internacional Virology, mostrou que o vírus H5N1 detectado em Kerala em junho de 2024 era um novo rearranjo, ou seja, seu material genético era uma mistura de cepas de vírus da gripe aviária de baixa patogenicidade (LPAI) já presentes na Índia e cepas de origem europeia. A nova recombinação pode criar novas versões do vírus com comportamento imprevisível.
As análises do estudo, que utilizou métodos avançados de rastreamento genético, revelaram que a cepa H5N1 foi introduzida na Índia a partir do Leste Asiático por volta de 2022. Dois vírus H5N8 relatados em 2016 em parques zoológicos em Delhi e Madhya Pradesh também vieram de introduções separadas do Leste Asiático (China e Japão) por volta de 2015.
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O estudo também afirmou que o Sul da Ásia apresentou ligações genéticas com o Oriente Médio, Norte da África, Japão, Coreia e China na rede global de transmissão do vírus H5Nx, que inclui o H5N1 e o H5N8 e são considerados uma grande ameaça zoonótica global. A Índia, localizada na rota de migração de aves da Ásia Central, atua como uma zona de convergência onde vírus transportados por aves selvagens podem se espalhar para aves domésticas. Kerala, com seus rios, lagos e grandes populações de patos e aves, tem sido especialmente vulnerável. O estado já relatou 66 surtos de gripe aviária H5N1 e H5N8.
Os cientistas do NIV observaram que as introduções repetidas do vírus por meio de aves migratórias, combinadas com a redistribuição local de material genético, criaram novas variantes com riscos potenciais à saúde animal e humana. O estudo conclui que a Índia ainda possui dados genéticos limitados sobre surtos de gripe aviária em comparação com outros países, e os cientistas pediram esforços mais intensos de vigilância molecular e sequenciamento para detectar cepas emergentes precocemente e prevenir surtos em larga escala.
Referência: Times of India
