
A 530 quilômetros da capital paulista, o município de Bastos, no interior de São Paulo, opera em uma escala produtiva singular. Com uma população de apenas 20 mil habitantes, a cidade abriga um plantel impressionante de 11 milhões de galinhas poedeiras, resultando na proporção de mais de 550 aves para cada morador. Distribuída por cerca de 60 granjas, essa estrutura massiva é responsável por 27% de toda a produção de ovos do estado de São Paulo, justificando o título oficial de “Capital do Ovo”.
A força econômica de Bastos está profundamente ligada à sua fundação. A cidade nasceu em 1928 como uma colônia destinada a famílias japonesas, a partir de terras identificadas pelo imigrante Senjiro Hatanaka. Embora a economia inicial fosse focada no café, algodão e até na produção de seda (enviada aos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial), foi na avicultura que os imigrantes encontraram sua vocação definitiva após a queda na demanda por fios de seda. O legado de disciplina, técnicas agrícolas avançadas e foco na qualidade transformou o município. Segundo o IBGE, Bastos é hoje a segunda cidade brasileira com maior proporção de descendentes de asiáticos (10,3%), atrás apenas de Assaí (PR).
O protagonismo de Bastos é celebrado anualmente em julho com a Festa do Ovo, considerada a maior feira de avicultura do Brasil. O evento atrai produtores, investidores e pesquisadores para exposições tecnológicas e palestras técnicas, reforçando a identidade local. O orgulho da produção é visível até na paisagem urbana: na “Praça do Ovo”, ponto central da cidade, os postes de iluminação e o calçamento têm formato oval. Este cenário pujante acompanha o recorde histórico de consumo no país, que alcançou 4,67 bilhões de dúzias em 2024, segundo o IBGE, e é liderado pelo estado de São Paulo.
Referência: Gazeta de São Paulo