
A adoção de tecnologias de monitoramento digital está transformando a forma como a cadeia de suprimentos avícola gerencia a alimentação das aves. Os chamados comedouros ou silos digitais vêm se consolidando como uma solução eficaz para reduzir desperdícios, otimizar a logística e gerar dados precisos sobre o consumo de ração, um avanço que promete elevar a eficiência produtiva e reduzir custos operacionais em toda a cadeia.
Durante a Poultry Tech Summit 2025, o CEO da BinSentry, Ben Allen, destacou que a coleta manual de inventário ainda é um gargalo importante para o setor. “A contagem feita por telefone ou batendo nas caixas é uma péssima ideia. Quando o dado de base está incorreto, toda a logística se torna ineficiente”, afirmou. Segundo ele, em um setor de margens apertadas como a avicultura, o retorno sobre o investimento (ROI) do monitoramento automatizado é evidente: ao eliminar suposições e basear decisões em dados reais, é possível evitar falhas de abastecimento e otimizar rotas de entrega.
Dados que revelam gargalos ocultos
Com sensores instalados nos silos, as granjas passam a registrar medições automáticas e notificações sobre os níveis de ração. Esse processo substitui o sistema reativo por uma gestão preditiva, permitindo que o reabastecimento ocorra antes que o estoque se esgote. Allen explicou que a falta de dados concretos impede que as empresas percebam a magnitude de seus problemas operacionais: cerca de 70% a 80% das interrupções de ração superiores a 12 horas ocorrem simplesmente porque ninguém percebeu a necessidade de troca do reservatório.
Outro ponto crítico identificado é a mistura indevida de rações, causada pela abertura simultânea das comportas de dois silos tandem. Esse tipo de falha impacta diretamente as taxas de conversão alimentar e o desempenho das aves, mas muitas vezes passa despercebido por falta de monitoramento preciso.
Da logística reativa à gestão inteligente
Para Allen, a maioria das empresas avícolas ainda opera sob “a estratégia de cadeia de suprimentos mais cara possível”, um modelo em que a produção e o transporte são acionados apenas após estimativas humanas ou emergências. Esse formato se torna ainda mais problemático em situações climáticas extremas, como tempestades e nevascas, quando todos os produtores solicitam reabastecimento ao mesmo tempo.
Com o monitoramento digital, a reação em cadeia é substituída por planejamento automatizado. Em cenários de crise, as empresas que utilizam a tecnologia podem priorizar entregas com base em dados atualizados e em apenas “um clique”. O resultado, segundo Allen, é uma redução milionária em custos logísticos e uma operação mais estável e sustentável.
A digitalização da alimentação animal, portanto, vai além da automação: representa um passo essencial para consolidar uma avicultura mais eficiente, inteligente e resiliente, capaz de unir produtividade, bem-estar animal e sustentabilidade operacional.
Referência: Watt Poultry












